Capítulo 88

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Quando chegaram, Sophia esperava um cenário de guerra, com gritaria para todo lado, mas se surpreendeu ao encontrar os dois abraçados no sofá. Micael soltou um ruído de nojo que só foi ouvido por Sophia, mas ela nem disse nada, apenas sorriu para o casal enquanto Micael virava os olhos e ia apressado para o quarto.

— E eu que estava com medo de entrar em casa e presenciar vocês quase se matando. — A loira deu risada e se sentou no sofá, de frente para o casal.

— Dá um tempo, Sophia. — Marlon disse sério e arrancou mais risada da cunhada.

— Deixa a titia pegar esse bebezinho mais lindo! — Se levantou pra pegar a sobrinha. — Titia já estava com saudades de você, lindeza.

— Eu até queria dar mais tempo pra vocês, mas o sol está muito forte pra ela. — Sophia se explicou.

— Tudo bem, deu tempo da gente conversar. — Luiza voltou a se sentar ao lado de Marlon que lhe deu um beijo na testa. A morena sorriu pra ele e voltou a olhar pra bebê em seu colo. — E o Micael já me odeia menos ou ainda quer me estrangular?

— Ainda quer te estrangular, sem sombra de dúvidas. — Luiza deu de ombros e suspirou.

— Acho que essa vontade nunca vai passar, Micael não vai superar toda essa história de traição. Por mais que eu queira viver em paz por causa do meu filho.

— Bom, ele com certeza te odeia por conta da traição, mas isso não é o pior dos problemas pra ele. — Sophia se recostou no sofá. — O fato de você ter voltado e atormentado a gente é bem pior.

— Como assim? — Ela ficou surpresa com tal revelação.

— Vendemos nossa casa, não é mesmo? — Sophia deu de ombros ao explicar. — Ele tem raiva de toda a situação, mas para ele não ter casa é o pior. — A loira então ficou de pé e caminhou pra perto dos dois. — Bom, eu vou dar leite pra minha filha e colocá-la pra dormir. Divirtam-se crianças. — Sorriu pro casal e os deixou a sós.

Marlon e Luiza namoravam no sofá como dois adolescentes.

— Eu estava com tanta saudade de você. — Marlon disse em seu ouvido, os dois estavam deitados naquele sofá apertado, mas os dois amando a falta de espaço.

— Eu pensei que nunca mais teria você. — Luiza estremeceu ao se lembrar das noites que passou sem dormir imaginando que ele nunca mais nem falaria com ela.

— Você bem que merecia.

— Eu sei, mereço muita coisa ruim. — Ela suspirou e recebeu um beijo casto nos lábios. — Mas amo você de verdade.

— Eu amo você, mas temos que ir com calma. — Luiza se sentou, o encarando alguns instantes.

— Não confia em mim, não é? — Marlon não respodeu. — Não vou fazer nada disso de novo, eu quase perdi você e sinceramente não quero voltar a sentir isso nunca mais.

— Eu preciso de um tempo, confiança se conquista no dia a dia, você sabe que é uma situação complicada. — Hesitou um pouco e Luiza continuou em silêncio. — Preciso saber de uma coisa... — Hesitou mais uma vez antes de continuar. — Você tem encontrado aquele cara? — Luiza se colocou de pé no mesmo instante, com uma careta de ofendida.

— É claro que não, eu estou implorando o seu perdão! — Cruzou os braços, ainda um tanto ofendida. — Se eu quisesse estar com Lucas eu simplesmente estaria!

— Como você sabia do processo?

— Eu sou mãe do Felipe! — Disse como se fosse óbvio. — Recebi uma intimação também. — Marlon pareceu relaxar instantaneamente ao constatar que ela estava mesmo falando a verdade. — Olha, eu cansei de confusão, tudo o que eu mais quero é que o Micael e a Sophia sejam felizes para que nós também possamos ser, mas ele não vai parar.

— Ele não vai conseguir nada. — Se levantou para abraçar sua namorada.

— Antes da gente ficar completamente bem, tem mais uma coisa que preciso fazer. — Luiza se afastou e foi pegar sua bolsa, que estava jogada no outro sofá. — Marlon ergueu uma sobrancelha.

— O que vai fazer? — Questionou novamente desconfiado. — Promete nao encontrar com ele?

— Nunca mais quero vê-lo na minha frente. — Lhe deu um último selinho e então foi embora, sem dar mais informações do que faria.

**

— Sabe, acho que gosto um pouquinho de você. — Micael disse horas depois com um tom de brincadeira, enquanto tinha sua mulher deitada sobre si, nua.

— Só um pouquinho? — A loira questionou, mas sorrindo.

— Aham, só um pouquinho. — Ele deu risada. — Fique feliz.

— Eu acho que você merece ficar sem sexo por um tempão. — Ameaçou e o viu arregalar os olhos.

— Não pode brincar com isso, acabamos de voltar a praticar. — Assumiu um tom desesperado que fez Sophia dar risada dessa vez. — Mas também eu duvido que você aguentaria, você não faz o tipo de que aguenta greve de sexo.

— Sabemos que o fraco aqui é você. — A loira se sentou, com os seios a mostra e ele não conseguia tirar os olhos. — Viu só?

— Você fica me seduzindo toda vez. — Se forçou a desviar o olhar. — Uma mulher gostosa dessa querendo transar comigo e eu simplesmente direi que não?

— É verdade, você realmente nunca foi dos mais difíceis. — A loira implicou um pouco mais.

— Ainda me chama de fácil. — Ele se sentou, tentando ficar sério. — A partir de agora eu vou negar.

— Vai nada, você não consegue.

— Isso, duvida da minha capacidade mesmo. — Cruzou os braços, ainda se fazendo de ofendido, mas se notava de longe o olhar de brincadeira. — Não vai ter mais nada de mim até o casamento.

— O casamento que nem tem data. — Reforçou prendendo uma risada. — Vai realmente me negar? — Se arrastou para cima dele e se sentou em seu colo.

A loira não precisou fazer muita coisa para sentir Micael dando sinal de vida embaixo dela. O fato de estarem sem roupa com certeza contava a seu favor.

Mas antes que realmente começassem algo, ouviram o choro da bebê.

— Salvo pelo gongo, papai. — A loira se levantou e foi procurar sua roupa.

— Que nada, o "não" estava garantido. — Brincou com os olhos fechados, enquanto tentava voltar ao normal.  

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