Mas já era tarde de mais, a luz foi acendida e Marlon estava ali os observando sem entender nada. Os dois piscaram os olhos até se acostumarem com a claridade, mas em momento nenhum, Lucas soltou o braço de Luiza que já estava bem vermelho e certamente ficaria roxo.
— Solta ela! — Marlon exigiu e Lucas ignorou. — Eu disse pra você soltar!
— Não se mete em briga de marido e mulher. — Lucas respondeu e Marlon alternou olhares entre os dois claramente confuso com a fala de Lucas, mas ainda assim pediu que a soltasse mais uma vez. — Eu já mantei você não se meter. — Sorriu para ele no final, os dois falavam bem alto então logo logo todos da casa estariam ali.
— Ela é minha namorada e você esta dentro da minha casa. Claro que vou me meter. — Se aproximou com passos largos pronto pra esmurrar a cara de Lucas se fosse necessário, mas antes que conseguisse. Micael e Sophia saíram do quarto.
— Que gritaria é essa quase duas da manhã? — O moreno coçou os olhos, ainda alheio a toda cena que acontecia ali. — Vão acordar a casa inteira se continuar dessa forma. — E então finalmente abriu os olhos e viu o braço de Luiza vermelho sob a mão forte de Lucas. — Por que você a está segurando?
— Porque ela é uma vadia. — Lucas respondeu sem papas na língua, decidido a contar tudo e então soltou Luiza em cima de Micael e Sophia. A mulher passou a mão pelo braço vermelho, mas pouco se improtava com a dor naquele instante, seu mundo estava prestes a desmoronar.
— Isso não é jeito de você falar da mãe do meu filho. — Micael defendeu, ainda sem ser agressivo, sua intenção era apaziguar aquela briga. — Ela é namorada do meu irmão agora e você deve respeita-la.
— Eu vou quebrar a cara desse imbecil. — Marlon disse voltando a se aproximar da confusão, mas Micael o impediu.
— Será que podemos evitar as brigas? Já disse, vai acordar todo mundo atoa.
— Se ele estivesse segurando a Sophia dessa forma, você não teria nem pensado duas vezes. — Marlon atacou o irmão, mas foi ignorado por ele que estava concentrado no amigo.
— Por que você fez isso? — Micael perguntou baixo, ainda bem calmo.
— Tem mesmo certeza que quer saber disso? — Lucas disse com deboche e deixou Micael confuso. Olhou pra Luiza uma última vez, a mulher estava abraçada a irmã, chorando de desespero.
— Lucas, por favor... — Implorou mais uma vez.
— Tarde demais, amor. — Sorriu pra ela mais uma vez de forma perversa. — Eu tentei, você não quis, agora já era.
— Lucas, vai embora e deixa que eu explico tudo. — Passou as mãos no rosto. — Em nome de tudo o que a gente já passou junto, apenas vai embora daqui. — Ele sorriu de canto observando a confusão no rosto dos irmãos Borges e negou com a cabeça.
— Ninguém vai embora daqui até eu saber o que ta acontecendo. — Micael que tanto pediu para não acordarem o resto da casa, agora estava gritando, transtornado antes de explicarem a situação. — E então, qual dos dois vai falar?
— Sabe quando sua querida esposa foi supostamente sequestrada por três anos? Então, ela estava comigo, aproveitando maravilhosamente bem o tempo livre que tinha de todos vocês. — E então Micael nem pensou, seu corpo agiu antes e quando viu, Lucas tinha cambaleado pra trás com o soco que havia levado no queixo.
— Mas não era sem briga? — Marlon debochou do canto, um pouco afastado da confusão. — Tudo muda de figura quando é o seu que está em jogo.
— Quer calar a boca, Marlon? — Pediu arrogante e ainda com as mãos em punho se virou para o "amigo". — Continua. — Lucas tinha um das mãos no queixo, mas o sorriso presunçoso não saia do rosto. Estava se divertindo ao contar.
— Pensei que você não ia ter estômago pra aguentar a história toda. — Deu uma risada aberta e Micael apertou ainda mais as mãos. — Quando aquele acidente aconteceu, eu e Luiza já tínhamos um caso há muito tempo. Foi a desculpa perfeita, não que eu tenha realmente contratado um carro pra bater em vocês, isso seria difícil de conseguir. — Parou de falar para dar risada da própria piada sem graça. — Mas assim que chegaram ao meu plantão, você estava desacordado e ela não, então eu sugeri que fôssemos embora.
Micael tinha a boca aberta, completamente em choque. Aquilo era tudo muito surreal, Luiza estava sentada no sofá de cabeça baixa chorando enquanto ouvia tudo o que foi era dito por Lucas.
Cada palavra o machucava ainda mais, Micael tinha essa ferida aberta no peito e toda vez que estava perto de cicatrizar, vinha alguem e colocava o dedo, reabrindo tudo de novo, só que dessa vez Lucas estava fazendo bem pior.
— É lógico que ela topou e sem nem pensar duas vezes. — Sorriu mais uma vez pra Micael. — Conversei com a Branca e lhe dei a triste notícia de que sua filha havia morrido, teria dito a você também, mas estavam te mantendo sedado. — Lucas deu de ombros como se pouco se importasse com o sofrimento de Micael. — Pedi ao meu amigo legista que me devia alguns favores para assinar o óbito e foi isso.
— Por quê? — A palavra escapou como um sussurro. Micael ainda estava anestesiado por aquelas revelações.
— Porque nós nos apaixonamos e tinha você atrapalhando nosso amor. — Lucas disse de forma cruel, como tudo o que vinha dizendo desde que começou a revelação. — Eu sei que éramos amigos e tudo, mas você acha que eu passava tanto tempo dentro da sua casa por causa de você? — Micael não respondeu, parecia que sua mente ficava tentando juntar as evidências de todas as vezes que chegou e encontrou Lucas lá o esperando no sofá.
— Voltou agora por causa do quê? — Marlon perguntou quando um silêncio se instaurou no ambiente.
— Porque ela é minha mulher e vai voltar comigo. Acabou essa história de brincar de casinha. — Seu olhar estava focado em Luiza, ainda sentada no sofá, só que agora tinha a irmã ao seu lado.
— Ela é minha namorada e vai ficar aqui. — Marlon disse firme, mas só conseguiu arrancar mais risada de Lucas.
— Sabe que a sua linda namorada só começou a namorar você porque queria grana, não é? — Revelou sem dó se deliciando ao ver o choque agora no outro irmão. — E digo mais, sabe que ela estava na minha cama quase todas as noites, não sabe? — Ergueu uma sobrancelha satisfeito com o estrago que tinha feito.
— Vai embora daqui. — Sophia reuniu toda coragem que faltou aos dois marmanjos em choque e gritou. — SOME!
— Que bonitinha. — Lucas deu risada e passou a mão na bochecha de Sophia.
— Não encosta essa sua mão nojenta em mim! — Gritou de novo, Micael ainda atordoado demais para defender Sophia. Alguém precisava tirar Lucas dali. — SAI! — Outro grito e então Jorge finalmente apareceu, amarrando o robe xadrez.
— O que diabos acontece nessa casa? — Perguntou irritado por tê-lo acordado com a gritaria. — Não se pode dormir em paz? As crianças vão acordar em um minuto se continuar assim.
— Esse homem não quer ir embora daqui. — Novamente dentre todos os que estavam metidos na confusão, Sophia era a única com voz pra falar. — Vou ligar pra polícia.
— Vamos com calma, ele não é amigo do Micael? — Perguntou olhando pros filhos que nada disseram.
— Não se preocupem, já estou de saída, meu trabalho foi concluído por aqui. — Sorriu pra Luiza novamente. — Beijos, meu amor. Quando se acalmar, liga pra mim. — Ela soltou um ruído de nojo, mas não disse nada além, apenas o observou caminhar para a porta.
Quando estava de pé diante dela, com a mão na maçaneta, Lucas se virou pra despejar nos ombros de Micael a pior coisa que ele poderia dizer na vida.
— Acabei me esquecendo, Micael. — Sorriu. — Sabe o Felipe? O filho que você tanto ama? É meu. — Lucas abriu a porta rápido e fugiu, Micael reagiu no mesmo instante e correu atrás do filho da mãe, mas não conseguiu alcançar.
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Inevitável
RomanceMicael e Luiza são um casal harmonioso e feliz. Tem Felipe, seu filho de oito meses e os três vivem numa boa casa, localizada no Rio de janeiro, em Niterói. Tudo muda após um trágico acidente, que deixa o rapaz viúvo, com um filho pra cuidar. A aju...