— É sim. — Sorriu com força e tirou o celular que até então estava sentada em cima, em seu bolso. — Coincidência. — Riu mais uma vez nervosa. — Ah, é minha mãe me desejando boa noite, ela sempre faz isso, não é Sophia?
— É claro. — A loira mentiu com mais naturalidade. — Com toda certeza.
— Seu celular não tocou. — Lucas observou, achando graça da desculpa que Luiza tinha inventado.
— Está no silencioso. — Sophia rebateu olhando em seus olhos com tal agressividade que Lucas começou a suspeitar que talvez soubesse da verdade. — Felipe, sua hora de ir pra cama já passou, vamos tomar um banho e escovar os dentes. — Mudou o ar assunto do telefone.
— Ah, não! — O menino protestou e Sophia o olhou bem séria.
— Anão é um homem pequenininho. Vamos, agora! — O menino levantou ainda chateado e foi dar um beijo no pai, que ainda segurava a neném.
— Não é a Luiza que escova os dentes do menino? — Lucas decidiu implicar um pouco mais, talvez até estivesse se divertindo com as respostas duras de Sophia.
— Eu já pedi para você parar com isso. — A loira que estava saindo, parou e se virou para falar.
— Eu não falei nada demais, até onde eu sei o menino é filho do Micael com a Luiza. — Respondeu ainda bem-humorado, um sorriso que matava Sophia de ódio ao olhar.
— É sim, mas você não tem nada a ver com o assunto, sendo assim não te diz respeito quem cuida ou deixa de cuidar dele. — Foi o estopim pra Micael se levantar num pulo, sem entender nada daquele comportamento.
— Sophia desde quanto você é mal-educada dessa forma? — Repreendeu baixo, não querendo comprar briga com ela, afinal tinham ficado bem naquele mesmo dia, mas também não podia permitir que seu amigo fosse destratado desse jeito dentro de casa.
— Um dia você vai agradecer por minha falta de educação. — Respondeu o marido e Lucas deu risada, tendo certeza de que Sophia sabia dele e de Luiza.
— Então você senta ai e me explica agora, porque já está ridícula a situação. — O clima ficou tenso entre os dois e Luiza se mexeu extremamente desconfortável pela discussão.
— Deixa ela, não precisa brigar com a sua esposa por causa de mim, ela tem razão, não é da minha conta quem cuida da criança. — Disse simpático e Micael balançou a cabeça em negativa, ainda sem aceitar aquele tratamento.
— Mesmo que não seja mesmo da sua conta, ela não tem que tratar meus convidados dessa forma grosseira. — Voltou sua atenção a Sophia. — Não que eu ache justo comparar, mas a Luiza nunca fez esse tipo de coisa e você também nunca tinha feito.
— Claro. — Sophia sorriu com certo deboche. — Talvez eu deva tratá-lo da mesma maneira que sua ex-esposa tratava. Não é mesmo, Luiza? — A loira se virou pra irmã. — Que tal você vir aqui e me dar umas dicas?
— Sophia você está fora de controle. — Luiza se levantou e puxou a irmã pelo braço. — Vamos lá cuidar do Felipe e conversar. Talvez você também precise de um banho. — Saiu puxando a irmã pelos braços até o quarto das crianças pra pegar uma roupa pro pequeno. — Meu Deus você ia me entregar na frente de todo mundo? O que aconteceu com o conselho de manter a calma que você me deu ainda há pouco?
— Esse cara me tira do sério! — Rangeu os dentes enquanto Luiza tirava um pijama do armário. — Que homem irritante, Luiza! Ele estava fazendo aquelas coisas pra me tirar do sério.
— Mas é claro que estava! — Deu risada da irmã. — E você caindo que nem uma idiota. — Negou com a cabeça ainda rindo. — Relaxa, não precisa brigar com Micael por causa disso.
— Ah, se faz de cego também. — Bufou estressada e Luiza saiu com o filho para dar banho, deixando Sophia sozinha alguns minutos com seus pensamentos.
Não demorou a voltar com o menino pronto pra dormir. Sophia se levantou da cama do menino, lhe deu um beijinho e desejou boa noite, como fazia todas as noites. Luiza fez o mesmo.
As duas saíram do quarto e foram para o de Sophia e Micael.
— Será que pode me dizer como conseguiu trocar o Micael por esse cara estúpido? — Perguntou quando se sentou na cama, não queria tocar no assunto, mas aquilo estava perturbando sua cabeça. — Luiza esse cara é ridículo.
— Não é para tanto, vai. — A mulher deu um sorriso ao se lembrar dos bons momentos que passou com Lucas. — Ele é cativante, tem um bom papo e passava muito tempo lá em casa. As coisas simplesmente acabaram acontecendo.
— Sabe, sempre pareceu que vocês se amavam tanto. — Sophia não encarou a irmã, olhava parar seus dedos. — Nunca que ia passar pela minha cabeça que você tinha outro. — Luiza suspirou, sem saber bem como explicar.
— Você se lembra como foi o início do meu namoro com Micael? — A loira assentiu e então ergueu o olhar. — Tudo foi tão rápido. Ficamos uma vez e em seguida já estavamos namorando, eu nunca tinha ficado com mais ninguém. Era uma menina ainda. Não estou dizendo que não o amava, ele foi o meu primeiro amor, mas eu não tive chance de saber como era estar com outras pessoas e então eu me questionei, será que realmente o amava ou tudo aquilo era porque eu tinha ficado apenas com ele?
— Eu não vou reclamar. — Sophia brincou com um sorriso, aliviando o clima tenso.
— Claro que não, safada. — Luiza a acertou com um travesseiro e soltou uma gargalhada que foi interrompida por Sophia e sua travesseirada de volta. Quando os risos finalmente cessaram junto com a brincadeira, Luiza disparou. — Desde que voltei, não pensei que pudéssemos voltar a ficar assim. Eu sei que já disse mais cedo, mas realmente senti sua falta.
— Santo Marlon. — Sophia levantou as mãos agradecendo aos céus e em seguida as duas deram mais risadas ainda.
— Vê se consegue se entender com o Micael, não tem sentido vocês ficarem brigados por causa de uma coisa que eu fiz. — Deu de ombros levemente culpada e Sophia achou graça, visto que a mesma já os tinha feito brigar várias vezes. — Eu estou falando sério!
— Vai ficar tudo bem. — Disse calma. — Ele vai entender os meus motivos e a gente vai se entender, mesmo que não seja hoje.
— Se quiser, pode falar a verdade para ele. — Luiza deu de ombros como se não se importasse e Sophia ergueu uma sobrancelha. — Que foi?
— Ele sai daqui e mata o Lucas dormindo, em seguida vai atrás de você. — Luiza balançou a cabeça positivamente. — Vamos deixar o traste sumir, tudo o que eu menos preciso é do Micael encrencado com a policia. OUTRA VEZ, não é mesmo?
— Relaxa, eu não vou fazer isso de novo, mesmo quando ele vier pra cima de mim. — A mulher rolou os olhos. — Repare que eu disse "quando" e não "se" porque sei que é só questão de tempo. Vê se não deixa ele me matar, eu não sou a melhor mãe, mas gostaria de ver meu filho crescer.
— Farei o meu melhor. — As duas se encararam mais um pouco antes de darem mais risadas, dessa vez interrompidas por Micael que havia entrado no quarto devagar com a filha.
— Dormiu. — Comunicou e Sophia se levantou para pegar e levá-la ao berço. Todas as vezes que ele ia colocar a menina em seu berço ela acordava no mesmo instante. Quando Sophia voltou, Luiza estava sozinha sentada na cama.
— Curto e grosso. — Comentou com culpa mais uma vez. — Me desculpa, sério.
— Está tudo bem, foi bom você ter me contado, ou a essa hora eu estaria lá na sala sendo simpática com aquele filho da puta e você por aí infartando sozinha. — Apontou pra sala metaforicamente. — Não que eu não ache que você merecia sofrer sozinha com isso.
— Você tem um lado empática e um lado vingativa, não é? — A loira riu, sabia que a empatia ia acabar vencendo aquela guerra.
As duas ficaram papeando na cama até tarde. Luiza confidenciou coisas de seu tempo fora e como tudo parecia simples para eles enquanto estavam sozinhas.
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Inevitável
RomanceMicael e Luiza são um casal harmonioso e feliz. Tem Felipe, seu filho de oito meses e os três vivem numa boa casa, localizada no Rio de janeiro, em Niterói. Tudo muda após um trágico acidente, que deixa o rapaz viúvo, com um filho pra cuidar. A aju...