— Sobre o que estavam falando? — Micael questionou assim que ficaram sozinhos. Sophia bufou, sem saco pra aquela desconfiança ridícula. — Anda, Sophia. Esclarece para mim, porque eu não vejo o menor assunto que vocês podem ter para conversar.
— Não é justo você desconfiar de mim, não quando passou a semana inteira nesse celular maldito se escondendo pelos cantos e disfarçando quando eu chegava perto.
— Eu já te disse que é apenas um jogo. — Disse alto, ainda irritado e a pobre criança tomou um susto no colo da mãe. — Apenas um jogo. — Regulou o tom de voz num pedido implícito de desculpas á sua filha.
— Um jogo chamado whatsapp. — Respondeu sem a menor dúvida.
— Não tem nada a ver, Sophia. Você não vai virar o jogo com essa desconfiança pra cima de mim quando estava ai chega de papo e sorriso pra cima do maior talarico que eu conheço.
— Me respeite! — Foi a vez dela dizer com um tom de voz imponente. — Você tem muitos motivos pra estar com raiva da situação, mas não tem direito de me tratar dessa forma tão ridícula, eu nunca te dei motivos pra desconfiar de mim. Bem diferente de você que tudo que faz é se esgueirar pelos cantos como se fosse invisível, quando não é e eu vejo tudo o que tenta esconder! — Terminou de falar sem fôlego. A criança em seu colo havia começado a chorar alto e isso tirou um pouco o foco daquela discussão.
— Eu sei que nunca me deu motivos, me desculpe. — Pediu com sinceridade e estendeu os braços para pegar Emily.
— Não desculpo. Talvez quando você começar a me contar com quem você tanto conversa, eu possa pensar em te desculpar.
— Não vou contar nada. — Disse por fim, revelando que realmente tinha a algo a esconder. Sophia então bufou e subiu as escadas, furiosa.
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Micael sorriu ao vê-la com tanto ciúme, claro que podia contar o que estava acontecendo, mas não teria a menor graça, além de estragar toda a surpresa que vinha armando nos últimos dias.
Ficou um tempo com Emily no sofá, tentando ignorar os gritos de empolgação que vinham do quintal, aparentemente Felipe estava se divertindo.
Tinha perdido a noção das horas quando a campainha soou mais uma vez naquela residência. Se levantou com a filha nos braços e abriu a porta, fez uma careta ao ver Luiza e Branca paradas lá.
— Casa errada. — Ele disse seco e bateu a porta na cara das duas. A porta fechava automaticamente, então Luiza não conseguiu abrir por fora, sua única opção foi apertar a campainha muitas vezes seguidas, até ele abrir a porta de novo.
— Deixa de ser criança. — Luiza disse assim que a porta foi aberta, praticamente invadiu, não dando chance a ele de fechar em sua cara outra vez, Branca a seguiu. — Onde está minha irmã e meu filho?
— Sophia está irritada no quarto e o Felipe está no quintal. — Respondeu sem saco e caminhou de volta ao seu sofá, fingindo se concentrar no programa que passava.
— Com raiva? O que você fez? — Luiza perguntou curiosa enquanto Branca se aproximou e pegou a pequena de seu colo.
— Não é da sua conta! — Sorriu pra ela após o fora. — Cadê meu irmão? Achei que vocês eram um só, afinal nunca se vê um sem o outro.
— Ele saiu com uns amigos. — Explicou um tanto triste, mas ciente de que precisavam ter vidas além do relacionamento. — Eu e minha mãe estavamos em casa e decidimos vir aqui visitar meu filho.
— Tem tanto tempo que eu não vejo meus netinhos! — Branca disse com um sorriso bobo pra pequena em seu colo.
— E foi isso mesmo ou você arranjou a desculpa que queria pra ver o Lucas? — Ela arregalou os olhos, claramente tinha sido pega de surpresa.
— Ele está aqui agora?
— Não faz essa cara de surpresa, você sabia bem que o juiz mandou que viesse. Hoje é o primeiro sábado após a audiência, acha mesmo que ele perderia a oportunidade.
— Achei que ele viria no domingo e não no sabado. — Disse baixinho e ficou de pé. — Eu vejo o Felipe outro dia, vou embora.
— Fugindo? Isso é medo de uma recaída? Olha, o mesmo cenário a gente tem, minha casa, vocês dois, eu aqui fazendo papel de otário, se quiser eu posso sair pra interpretar meu papel com louvor.
— Pega leve, Micael. — Branca pediu com um olhar sério, mas ele só sorriu em resposta.
— Finalmente eu entendi a Sophia, você como cunhado é um porre. — Reclamou e ele riu ainda mais.
— Mãe? O que vocês fazem aqui?
Sophia vinha descendo as escadas após ouvir vozes estranhas em sua casa. Sorriu ao perceber de quem eram, caminhou até lá e deu um abraço nas duas.
— Viemos te visitar, mas seu marido é um tremendo mal educado. — Branca confessou, apesar de gostar de Micael, naquele dia ele estava impossível.
— É irmã, eu preciso te pedir desculpas. — Sophia ergueu uma sobrancelha, curiosa com o motivo daquilo. — Desculpas por ter te obrigado a conviver com o Micael tantos almoços de família. Desculpas por ter feito chantagem dizendo que isso me deixaria feliz, hoje eu consigo perceber o quão difícil era pra você. Este homem é um cunhado muito difícil de aturar. — Sophia gargalhou ao ouvir aquilo da irmã.
— Eu sempre te disse isso, devia ter acreditado em mim todas as vezes. — A loira ainda achava graça.
— Vai dar mesmo razão a ela? — Micael perguntou indignado.
— Eu concordo, você é mesmo um cunhado insuportável. — Brincou e recebeu uma careta de resposta. — Vai dar uma volta, vai Mica?! — O pedido soou como uma ordem e ele bufou, claramente indignado com o pedido.
— Aquele imbecil está na minha casa e eu vou sair? Até parece. — Negou com a cabeça, mais uma vez deixando claro o quanto desconfiava de sua parceira.
— Se eu realmente quisesse ficar com outro homem, qualquer um que fosse, eu faria. Luiza te enganou por quase dois anos, não deve ser uma tarefa difícil. — Ele abriu a boca em choque, não esperava ouvir aquilo de Sophia.
Por fim, ele ainda chateado com a fala da mulher, se levantou do sofá, pegou carteira, celular e chaves e enfim saiu, sem dizer nada a nenhuma das três que ali estavam.
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Inevitável
RomanceMicael e Luiza são um casal harmonioso e feliz. Tem Felipe, seu filho de oito meses e os três vivem numa boa casa, localizada no Rio de janeiro, em Niterói. Tudo muda após um trágico acidente, que deixa o rapaz viúvo, com um filho pra cuidar. A aju...