Capítulo 69

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Nos dias que seguiram, Sophia e Micael não tiveram mais problemas com o casal ternura. Luiza e Marlon andavam muito na deles e isso deixava Sophia cada vez mais tranquila, acreditando que talvez, e somente talvez, eles realmente estivessem apaixonados um pelo outro.

Malon tinha convencido Luiza a retirar o pedido de guarda e isso havia tornado o relacionamento deles benéfico ao olhar de Sophia. Marlon fazia bem a Luiza, de alguma forma, a tornava melhor e isso era ótimo.

Luiza não ia pra casa de Jorge todos os dias, mas ao menos duas vezes na semana dormia lá, e naquele dia, uma sexta-feira, era um desses dias.

Faltavam apenas duas semanas para a data estimada do parto de Emily e Sophia não gastava mais os dias procurando discussão com a irmã, tudo o que queria era paz e tranquilidade para que sua filha nascesse saudável e num ambiente terno.

O berço havia sido montado no quarto de hóspedes, onde Felipe estava ficando, Sophia e Micael haviam entrado em acordo para ficar mais alguns meses até juntar o dinheiro para a casa perfeita.

— Não vai buscar sua namorada? — Sophia perguntou a Marlon que estava sentado no sofá comendo batatas chip.

— Ela disse que viria sozinha hoje. — Marlon deu de ombros e Sophia estranhou, se tinha algo que sempre odiou era andar de ônibus. — Sai mais cedo do trabalho pra ir buscá-la. — Sorriu pra Sophia. — Mas acredito que em quinze minutos ela chega, então se quer fugir e se trancar no quarto, esse é o momento. — Sophia deu risada.

— Eu não me escondo, eu evito situações de estresse pra minha bebê nascer na paz. — Marlon ponderou, mas ainda não acreditava fielmente naquela versão. — Fico feliz com essa relação de vocês, nunca tivemos chance de conversar sobre isso.

— Fica feliz por ela ter largado do pé do Micael? — Debochou e deu uma risada enquanto mordia outra batata do pacote.

— Principalmente por isso. — Os dois deram risadas cúmplices. — Mas além desse motivo é por que eu percebi que tem um parafuso faltando na cabeça da Luiza e você sabe lidar bem com isso, está fazendo com que ela seja melhor. — Disse com sinceridade e Marlon sorriu, gostando do que ouviu.

— Está falando só por causa da guarda do Felipe?

— Estou falando porque é verdade, Luiza nem arruma mais briga, só quer ficar de chamego pelos cantos com você. — A loira deu mais uma risada descontraída. — E no fim é verdade o que dizem sobre gente feliz não encher o saco.

— Obrigado, cunhada. — Se levantou para dar um abraço em Sophia. — Eu gostei de ouvir as coisas que você disse. — Foi sincero e Sophia sorriu dentro do primeiro abraço que dava em seu cunhado.

A porta se abriu e por ela passou um Micael com expressão de cansaço. O moreno ficou olhando os dois abraçados por bastante tempo, tentando assimilar o que poderia estar acontecendo ali.

— O que está acontecendo? — Desistiu de tentar entender e finalmente se fez notar. Os dois se afastaram e se viraram para ele.

— Um abraço, está cego? — Marlon foi grosso e irritou ainda mais o irmão.

— Micael, não surta, foi só um abraço. — Sophia disse enquanto via o pai de sua filha se aproximar deles. — Não tinha nada demais.

— Posso saber o motivo de estarem se abraçando? Vocês nem conversam! — Cruzou os braços cobrando explicações e viu sua mulher rolar os olhos sem saco e sem vontade nenhuma de falar.

— Estavamos conversando e acabou acontecendo. — Sophia mais uma vez se explicou, falava bem baixo. — Você vai dar chilique por causa que eu abracei o seu irmão? Pare de ser tão ciumento.

— É, pare de ser tão ciumento! — Marlon ironizou e Sophia sabia que mais uma vez Micael estava a ponto de socar o irmão. — Você acha o quê?

— Acho que você não vale nada. — Respondeu entre dentes, mas Marlon seguia bem humorado.

— Hum, então quer dizer que acha que vou começar com a Luiza e terminar com a Sophia, igualzinho você fez? — Marlon parecia não ter amor a vida, ou aos dentes, no caso. Micael deu mais um passo para perto do irmão.

— Pelo amor de Deus, chega dessa palhaçada! — Sophia falou alto. — Estamos há quase dois meses evitando brigar, não tem sentido jogar todo o esforço no lixo por causa de um abraço idiota. — Micael ficou olhando pra ela em silêncio, tentando saber se valia a pena continuar com aquilo. A campainha tocou e ninguém se mexeu pra atender, sabiam que era Luiza e que ela entraria em seguida.

— Você tem que se garantir um pouco mais, meu irmãozinho. — Marlon debochou mais uma vez, mas tudo pra ele era uma grande brincadeira.

— E você tem que parar de provocar. — Sophia lhe disse séria, mas ele apenas deu de ombros.

— O que está acontecendo aqui? — Luiza finalmente havia entrado e de cara sentiu o clima tenso que estava na sala. — Onde está meu filho?

— Felipe está na casa de um amiguinho da escola que mora aqui perto, Luiza. — Sophia respondeu a irmã.

— E o que está acontecendo aqui é que seu namoradinho estava dando em cima da minha mulher. — Luiza arregalou os olhos, claramente não estava esperando por aquilo. — Peguei os dois em flagrante. — Micael respondeu a segunda pergunta.

— Nada aconteceu aqui. — Sophia voltou a se defender daquelas acusações ridículas. — Vocês estão exagerando demais. Eu vim conversar com Marlon e no final nos abraçamos. Ninguém deu em cima de ninguém.

— Não sei se acredito, Marlon nunca valeu um centavo. — Micael estava com os braços cruzados, controlando o impulso de voar no pescoço do irmão.

— Não fode, Micael. Nunca olhei pra Luiza enquanto ela estava com você, não é nem um pouco justo que ache que eu daria em cima da Sophia.

— Mas vivia me chamando para sair enquanto eu estava casado, discursando como era um absudo por eu ser tão jovem. Vai ver o problema não era eu ser jovem e sim você querer ficar com a minha esposa. — Micael gritou muito mais alterado do que deveria por um simples abraço.

— Sempre achei que vocês se casaram muito cedo e nunca escondi isso, mas daí a dar em cima da sua esposa é um longo caminho e você ainda me ofende de pensar que eu faria isso seja naquela época ou agora. — Disse baixo, tentando se manter calmo.

— Quando se encontra o amor da sua vida, não existe muito cedo. — Luiza disse baixo, chamando atenção de todos pra ela que até então estava de telespectadora naquela discussão.

O amor da sua vida? — Marlon perguntou claramente chateado ao ouvir aquelas palavras, Sophia dividia a chateação com o cunhado, aquela situação estava indo longe demais.

— Foi, Marlon, num passado bem distante.

— Luiza, eu acho que a expressão "o amor da minha vida" não funciona dessa forma. Se ele é o amor da sua vida, não sei o que está fazendo comigo esse tempo todo.

— As coisas mudam, sentimentos mudam.

— Claro que mudam, mas pra você chegar pra mim, agora, no meio de uma discussão e dizer uma coisa dessa, parece que não mudaram tanto quanto eu gostaria. Você só tem uma vida, portanto, só pode ter um amor da sua vida. — Continuava a tagarelar sobre aquilo e se irritou ainda mais ao ver um sorriso no rosto de Micael.

— Está com ciúmes, irmãozão? — Micael debochou e ouviu o suspiro de Sophia.  

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