Capítulo 66

41 7 3
                                    

A próxima semana havia sido triste para Micael. Ele tentou disfarçar, mas Sophia sentiu sua tristeza quando assinou o contrato de compra e venda da casa.

Se mudaram para casa de Jorge, o quarto de hóspedes havia se tornado o quarto das crianças e o casal estava no quarto de adolescente do moreno. Só então Sophia havia percebido o quão grande e bonita era aquela casa, não tinha ido até lá muitas vezes.

A loira já estava acostumada com a casa, passava o dia sozinha com Felipe, quando não estava na escola, e a noite os rapazes chegavam para lhe fazer companhia. Estava prestes a completar oito meses, não aguentava mais aquela reta final, sua barriga estava pesada.

A tarde, Felipe brincava no quintal e Sophia estava estirada no sofá, como sempre fazia ultimamente, pelo menos até ouvir a campainha e ter que se levantar.

— O que você faz aqui? — Sophia disse com cara feia assim que viu a irmã parada diante dela. — Você não é bem-vinda.

— Quero ver meu filho. — Luiza respondeu no mesmo tom que a irmã.

— E como soube que a gente está aqui? — Perguntou ainda barrando a entrada da irmã.

— Micael não pode se mudar e levar o meu filho sem me deixar o endereço para vê-lo. Nenhum dos dois leva o menino até a minha casa então não vem reclamar que eu não sou bem vinda aqui.

— Claro que a gente não leva, tem uma medida protetiva para o Micael ficar longe de você e eu não vou sair de casa só para te fazer esse favor. — Suspirou e saiu da frente, finalmente permitindo a entrada de Luiza. A mulher a analisou de cima abaixo.

— Meu Deus, você está imensa. — Disse com um sorriso, mas dessa vez Sophia não identificou implicância em seu tom de voz.

— Não por opção. — Resmungou e as duas entraram, Sophia caminhou até seu sofá mais uma vez. — Felipe está no quintal, vai lá atrás dele, não tem motivo para você ficar aqui perto de mim.

— Eu olho para você assim e lembro de mim, quando estava grávida. — Sorriu ao contar e Sophia sabia que sairia irritada daquele bate-papo.

— Eu lembro muito bem, não precisa me contar. — Contou antes que a irritasse, mas Luiza continuou.

— Ficava me achando horrorosa, toda vez que olhava no espelho imaginava como o Micael podia não ter ficado com ninguém, mas ele todos os dias chegava, me dava um beijo na testa e dizia o quão linda eu estava. — Pronto, conseguiu o que queria, Sophia já estava irritada.

— Dá um tempo, Luiza. Se você quer manter um diálogo comigo, não vai ser falando do Micael que vai conseguir, e se a intenção for só me atazanar, vai procurar outra coisa pra fazer. — Luiza suspirou, e se virou pra ir até o quintal, mas não deu tempo, a porta se abriu e Felipe correu até a tia.

— Titia, fiz dodói. — Avisou mostrando o joelho ralado, estava chorando bastante e não se deu ao trabalho de olhar na direção da mãe. — Tá doendo muito!

— Caiu? — Sophia perguntou olhando o machucado do menino. Se levantou e segurou sua mão ao levar até o banheiro onde ficava a caixa de primeiros socorros. A loira o sentou na bancada do banheiro e limpou o machucado, conversando o tempo todo sobre o quão forte e corajoso o pequeno era. Depois de pronto o curativo, os dois voltaram pra sala.

— Está melhor, filho? — Luiza perguntou, mas o menino só balançou a cabeça e se deitou ao lado da tia, recebendo um carinho nos cabelos. Sophia percebeu o quanto a irmã ficou chateada e suspirou. — Será que vai ficar aí muito tempo? — Luiza perguntou quando vários minutos haviam se passado e o menino continuava aconchegado na tia. — Mas que menino manhoso.

InevitávelOnde histórias criam vida. Descubra agora