A voz de Branca foi ouvida por Sophia após alguns minutos que Micael havia ido. A mulher ainda estava sentada com as mãos na barriga e fechou o sorriso na hora em que ouviu a mãe.
— Filha?
— Oi, mãe. — Branca se aproximou absurdamente devagar e em silêncio, parecia pensar em cada palavra que diria.
— Ér... eu queria te pedir desculpa por tudo. — Sophia a olhou com atenção ainda sem dizer nada. — Eu não me orgulho de ter acobertado Luiza nesse bando de mentiras.
— Você sempre acobertou a Luiza, não é como se fosse alguma novidade pra mim. — Respondeu baixo, não queria mais brigas, mas sentia que precisava dizer a verdade. — A sua preferência por ela sempre ficou bem nítida.
— Mas dessa vez eu sinto que fui longe demais, não era pra ter chegado a esse ponto. — Ela fez uma careta. — Sempre amei as duas, mas realmente o tratamento entre vocês é diferente e eu não me orgulho disso. — Mais um silêncio desconfortável surgiu e então a mulher completou. — A questão é: amo você também e me desculpe se eu te tratei mal ou escondi alguma coisa de você, eu me arrependo, de verdade.
— Está tudo bem, eu perdoo você, mãe. A única coisa que eu quero é ser feliz. — Branca sorriu.
— E eu quero que saiba que no começo não apoiava a sua relação com Micael, não era porque eu sou racista como ele disse. — Ela rolou os olhos como se fosse a coisa mais idiota. — Não sei nem como ele chegou nessa conclusão.
— Talvez porque você infernizou quando ele começou a namorar Luiza e fez a mesma coisa comigo? — Disse sarcasticamente e ela passou a mão por seu cabelo.
— Ele foi o primeiro namorado dela, é normal que os pais impliquem. — Disse como se fosse óbvio. — E quando ele começou com você, eu acreditei que era só pra ter alguém como ela por perto.
— Eu nem me pareço com ela, Luiza fez questão de jogar na minha cara que eu não sou bonita como ela, não sou legal como ela e muitas outras coisas.
— Parece sim! As duas são lindas e seja lá o que ela tenha dito mais, saiba que você é incrível. Sua irmã voltou diferente, mas não é qualquer uma que passa pelo que ela passou e continua gentil e doce, não é mesmo? — Sophia pensou um pouco antes de suspirar e assentir. — Filha, eu amo você — Repetiu pelo que pareceu a milésima vez. — Me desculpa por dificultar a sua vida desde que Luiza voltou.
— Tudo bem, mãe. — Sorriram uma pra outra e então iniciaram um abraço.
— Olha, que bonitinho! — A voz de Luiza foi ouvida e Sophia virou os olhos e se afastou da mãe.
— Ah, Luiza, cala sua boca. — Respondeu sem paciência e a irmã se aproximou ainda rindo.
— Achei que a essa hora você já estaria na minha casa com o meu marido. — Disse com um humor ácido e Sophia bufou.
— Acho que você não tem nada a ver com a minha vida. — Ela nem vacilou e seu sorriso se ampliou ainda mais. — Como você pode ter duas personalidades? Mais cedo estava toda preocupada no hospital, agora está aí, querendo meu mal.
— Nunca vou querer seu mal, Sophia. — Rolou os olhos como se fosse óbvio. — É lógico que estava preocupada com você, mas a briga pelo Micael é outro história.
— Deixa de ser maluca, não existe briga pelo Micael, ele não quer você. — Finalmente Sophia havia conseguido atingir o sorriso da irmã. — Você mesma disse que nunca o amou e que sempre teve outro. Deixa o Micael em paz.
— Eu falei aquilo porque estava com raiva, vai me dizer que ele acreditou? — Ergueu uma sobrancelha e Sophia cruzou os braços, não acreditando naquela versão. — Fala sério, todo mundo sabe o quanto eu amava e ainda amo o Micael. Se eu tivesse fugido com um amante eu ia estar aqui tentando reatar o meu casamento por causa do quê?
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Inevitável
RomanceMicael e Luiza são um casal harmonioso e feliz. Tem Felipe, seu filho de oito meses e os três vivem numa boa casa, localizada no Rio de janeiro, em Niterói. Tudo muda após um trágico acidente, que deixa o rapaz viúvo, com um filho pra cuidar. A aju...