Capítulo 51

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A voz de Branca foi ouvida por Sophia após alguns minutos que Micael havia ido. A mulher ainda estava sentada com as mãos na barriga e fechou o sorriso na hora em que ouviu a mãe.

— Filha?

— Oi, mãe. — Branca se aproximou absurdamente devagar e em silêncio, parecia pensar em cada palavra que diria.

— Ér... eu queria te pedir desculpa por tudo. — Sophia a olhou com atenção ainda sem dizer nada. — Eu não me orgulho de ter acobertado Luiza nesse bando de mentiras.

— Você sempre acobertou a Luiza, não é como se fosse alguma novidade pra mim. — Respondeu baixo, não queria mais brigas, mas sentia que precisava dizer a verdade. — A sua preferência por ela sempre ficou bem nítida.

— Mas dessa vez eu sinto que fui longe demais, não era pra ter chegado a esse ponto. — Ela fez uma careta. — Sempre amei as duas, mas realmente o tratamento entre vocês é diferente e eu não me orgulho disso. — Mais um silêncio desconfortável surgiu e então a mulher completou. — A questão é: amo você também e me desculpe se eu te tratei mal ou escondi alguma coisa de você, eu me arrependo, de verdade.

— Está tudo bem, eu perdoo você, mãe. A única coisa que eu quero é ser feliz. — Branca sorriu.

— E eu quero que saiba que no começo não apoiava a sua relação com Micael, não era porque eu sou racista como ele disse. — Ela rolou os olhos como se fosse a coisa mais idiota. — Não sei nem como ele chegou nessa conclusão.

— Talvez porque você infernizou quando ele começou a namorar Luiza e fez a mesma coisa comigo? — Disse sarcasticamente e ela passou a mão por seu cabelo.

— Ele foi o primeiro namorado dela, é normal que os pais impliquem. — Disse como se fosse óbvio. — E quando ele começou com você, eu acreditei que era só pra ter alguém como ela por perto.

— Eu nem me pareço com ela, Luiza fez questão de jogar na minha cara que eu não sou bonita como ela, não sou legal como ela e muitas outras coisas.

— Parece sim! As duas são lindas e seja lá o que ela tenha dito mais, saiba que você é incrível. Sua irmã voltou diferente, mas não é qualquer uma que passa pelo que ela passou e continua gentil e doce, não é mesmo? — Sophia pensou um pouco antes de suspirar e assentir. — Filha, eu amo você — Repetiu pelo que pareceu a milésima vez. — Me desculpa por dificultar a sua vida desde que Luiza voltou.

— Tudo bem, mãe. — Sorriram uma pra outra e então iniciaram um abraço.

— Olha, que bonitinho! — A voz de Luiza foi ouvida e Sophia virou os olhos e se afastou da mãe.

— Ah, Luiza, cala sua boca. — Respondeu sem paciência e a irmã se aproximou ainda rindo.

— Achei que a essa hora você já estaria na minha casa com o meu marido. — Disse com um humor ácido e Sophia bufou.

— Acho que você não tem nada a ver com a minha vida. — Ela nem vacilou e seu sorriso se ampliou ainda mais. — Como você pode ter duas personalidades? Mais cedo estava toda preocupada no hospital, agora está aí, querendo meu mal.

— Nunca vou querer seu mal, Sophia. — Rolou os olhos como se fosse óbvio. — É lógico que estava preocupada com você, mas a briga pelo Micael é outro história.

— Deixa de ser maluca, não existe briga pelo Micael, ele não quer você. — Finalmente Sophia havia conseguido atingir o sorriso da irmã. — Você mesma disse que nunca o amou e que sempre teve outro. Deixa o Micael em paz.

— Eu falei aquilo porque estava com raiva, vai me dizer que ele acreditou? — Ergueu uma sobrancelha e Sophia cruzou os braços, não acreditando naquela versão. — Fala sério, todo mundo sabe o quanto eu amava e ainda amo o Micael. Se eu tivesse fugido com um amante eu ia estar aqui tentando reatar o meu casamento por causa do quê?

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