Capítulo 100

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Ele permaneceu em silêncio e a loira seguiu monologando.

— Passei dos limites e tenho sido displicente com seus sentimentos ultimamente, mas eu não quero carregar raiva para sempre. Superar faz parte da vida e eu sinceramente quero ter a minha irmã de volta, isso não significa que não estarei aqui pra te ouvir, se quiser conversar comigo.

— Não está. — Ele respondeu baixo, era um sussurro mínimo que com certeza Sophia fez força pra ouvir. — Se eu abrir a boca pra falar, você vai me dizer que tenho que superar que faz muito tempo já.

— E ai você vai transformar nossa vida nesse inferno? Vamos viver assim até quando? Eu não vou suportar essa situação e suponho que você também não, afinal jogou na minha cara que não somos casados duas vezes na última hora.

— Eu amo você, não quero terminar. — Relaxou os ombros e puxou Sophia pra um abraço. — Só que eu quero continuar com as minhas sessões. — A loira afastou a cabeça para o olhar. — Dessa vez, eu vou considerar encontrar outra profissional, pode ser?

— Pode ser outro profissional? — Ele deu risada e virou os olhos.

— Eu vou pensar no seu caso. — Subiu uma mão de sua cintura para a nuca e encurtou a distância, lhe dando um beijo. — Eu vou ceder dessa vez, porque você teve razão ao dizer que eu sou tão ciumento quanto você. Não me sentiria à vontade se fosse ao contrário.

— Talvez devêssemos fazer terapia de casal, somos tóxicos. — Ela sorriu e lhe arrancou um sorriso, em seguida recebeu um beijo nos lábios. — Me desculpe pelo que eu disse mais cedo, de verdade.

— Eu sei que você fez o que fez pra deixar o Felipe feliz, é só que...

— Eu te entendo, não precisa completar a frase.

Um beijo mais quente foi iniciado por Sophia e logo os dois caíram na cama febris.

Os beijos eram urgentes. As mãos de Micael passeavam pelo corpo de sua amada como se nunca tivessem feito aquilo. Agradeceu mentalmente por ela estar de vestido e subiu as mãos por debaixo dele, acariciando sua pele macia e sorrindo entre um beijo e outro.

Todas as sensações eram mais forte. As brigas e reconciliações causavam aquilo, os dois estavam ansiosos por se preencherem e sabiam que não levariam muito tempo pra isso.

— Eu amo você. — Ele disse com um sorriso.

— Eu te amo muito mais. — Foi só o que teve tempo de responder, antes de ser invadida, ainda com o vestido no corpo. A pressa era tanta que não podiam perder um segundo. Um segundo da eternidade que os aguardava.

**

Dez anos depois...

Micael e Sophia haviam se casado numa cerimônia íntima pra família e amigos, apenas seis meses após os eventos que envolveram suas brigas intensas. Havia sido uma bela cerimônia e Sophia se lembrava do dia com carinho.

De lá para cá, os dois tiveram mais uma filha, Emily agora já tinha quase onze anos e a pequena Maiara, tinha apenas cinco. Felipe agora era uma rapaz com seus dezesseis anos.

Para Marlon e Luiza o tempo não havia sido tão bom, os dois até passaram um tempo morando junto, e tiveram Daniel, que atualmente possui sete anos, mas agora, o casal que muito se amou, acabou terminando e já faziam meses que Luiza estava com Lucas outra vez.

Lucas que tinha se aproximado cada vez mais de Felipe conforme o menino foi crescendo. Agora em sua adolescência, o menino via o pai biológico como alguém divertido e liberal, enquanto Micael o tratava com regras e mais regras que ele odiava.

A relação dos dois era difícil, Sophia sempre no meio tentando evitar uma tragédia e fazer com que se entendessem, mas nem mesmo ela conseguiria evitar o que estava por vir.

— Sabe do Felipe?

Micael questionou a esposa assim que saiu do banho, tinha chegado do trabalho por volta das cinco e ainda não tinha visto a cara do filho mais velho em casa.

— Devia estar em casa faz tempo, mas claramente não veio pra cá depois da aula. — Disse com sinceridade, sabia que mentir não levaria a lugar nenhum. — Estou preocupada.

— Tudo o que ele faz é nos deixar preocupados o tempo inteiro. — Resmungou buscando uma roupa no armário para se vestir. — Eu já não sei mais o que fazer com esse garoto.

— É só uma fase rebelde da adolescência, ficar confrontando ele toda vez não vai ajudar. Adolescentes não gostam de regras impostas e você sabe disse.

— Não sei, eu nunca falei com o meu pai do jeito que ele fala comigo e você pode ter certeza que eu não sumia sem avisar e quase matava meus pais de preocupação quando era adolescente, se eu fizesse isso era capaz do meu pai me expulsar de casa pra aprender.

— Cada um é um. — Respondeu com um dar de ombros.

— Adolescentes podem até não gostar de regras, mas elas são importantes. — Bufou alto e se sentou na cama, ao lado de sua esposa. — Não posso deixar pra lá, não vai ajudar em nada. Te juro, ser pai nunca foi tão difícil.

— Tenho certeza que logo essa fase vai passar. — Lhe deu um beijo que foi interrompido pela voz de Emily.

— Ô MÃE SERÁ QUE PODE MANDAR A MAIARA PARAR DE ENCHER O MEU SACO? — Os dois soltaram um suspiro no mesmo instante, as duas sempre estavam brigando e aquilo não era mais novidade.

O casal se levantou e caminhou até a sala para resolver o impasse da vez.

— Será que podem se entender? A televisão é pra todo mundo, combinem um horário e todo mundo sai feliz. — Micael falou firme ao encontrar suas meninas em pé de guerra.

— Só que essa pirralha é insuportável e não sabe dividir nada, tudo tem que ser na hora que ela quer. — Emily disse com um tom ácido que fez a irmã chorar no mesmo instante. — Nem vem se fazer de vítima, você é chata!

— Emily, dá um tempinho. — Sophia pediu ao ver a filha caçula abraçada ao pai. — Vamos parar com isso meninas.

— Chata é você. — Maiara respondeu sem ao menos escutar o que a mãe havia dito. — Mandona e chata.

— CHEGA! — Micael gritou pras duas que se encolheram no mesmo instante. — Ninguém vai assistir essa droga. Estão de castigo, vão para o quarto e fiquem lá até segunda ordem.

— Isso não é justo! — A mais velha protestou.

— A vida não é justa. — Micael respondeu irritado e observou as duas irem para seus quartos pisando duro e discutindo baixinho.

— Precisava mesmo disso tudo? — Sophia caminhou pra perto dele e lhe deu um abraço. — Foi só uma discussão idiota.

— Tem briga demais nessa casa, não precisamos de mais. — Respondeu com um tom de dor que Sophia sabia que ele falava de Felipe.

— Eu sei que tem, mas não podemos descontar nas meninas as fustrações com Felipe.

— Me desculpe. — Resmungou e encostou a testa na sua. — Você tem razão. — Iniciou um beijo casto e em seguida apertou Sophia em seus braços. — Toda essa situação seria difícil de aguentar se eu não tivesse você.

— Não precisa pensar nisso, sempre estarei aqui. — Outro beijo foi iniciado e Sophia o finalizou com selinhos. — Podemos fazer um... — Não concluiu o pensamento, foram interrompidos pelo barulho da porta.  

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