Capítulo 78

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— Eu vim rever um velho amigo, tinha muito tempo que eu e Micael não conversávamos. — Micael sorriu assentindo, realmente tinha muito tempo que não se viam.

— Luiza, acho que ouvi Emily resmungando, vamos lá pegar ela? — Sophia convidou e Micael franziu a testa sem entender, mas antes que pudesse dizer algo, as duas já estavam longe. — Ei, você precisa se controlar. — Luiza estava respirando ofegante, tinha as mãos na cabeça e se via de longe que estava completamente desesperada.

— Ele vai contar! — Disse alto, com lágrimas de novo. — Ele veio aqui acabar com a minha vida!

— Não, ele veio aqui para te assustar, quer colocar pressão em cima de você para que se sinta acuada. — Tentou acalmar a irmã e falhou miseravelmente. — Como esse homem sabia que você estava aqui?

— Eu falei que não quero voltar com ele porque me apaixonei pelo Marlon. — Se sentou na cama e colocou o rosto entre as mãos. — Não posso perder o Marlon, Sophia.

— Acho uma graça você tão preocupada com ele. — Sophia deixou escapar uma risadinha e a irmã ergueu o rosto para a encarar.

— O assunto é sério, não vale me zoar. — Pediu com um biquinho e a loira riu mais um pouco antes de sentar e passar um braço pelo ombro da irmã.

— Eu sei que é sério, mas ainda assim é bonitinho. — Riu um pouco mais e até arrancou um sorriso de Luiza. A mulher se levantou e parou diante do berço de Emily.

— Princesa, tá vendo essa sua mãe me zoando? — Falou com uma voz fina e rindo um pouco mais, Sophia se aproximou do berço também. — Ah, não Emily, até você está rindo?

— Viu, até ela acha bonitinho você apaixonada. — Implicou uma última vez e piscou o olho pra Luiza. — Relaxa, ele veio fazer pressão e já vai embora. E assim que ele for, você conversa com os irmãos Borges, vai dar tudo certo, eu vou impedir o Micael de apertar seu pescoço e você convence o Marlon de que seu amor é verdadeiro. — Luiza suspirou e Sophia tirou a filha do berço, as duas saíram do quarto novamente, após respirar fundo duas vezes. Encontraram todos na sala, mas a mesa ainda estava posta, uma vez que as duas não tinham comido nada ainda.

— Olha, Lucas, essa daqui é a minha princesa. — Micael pediu a filha e Sophia lhe entregou de bom grado.

— É linda! — Passou as mãos pelos cabelinhos da criança num leve carinho. — E você tem ciúmes dessa sua irmãzinha, Felipe? — O menino não respondeu, apenas negou com a cabeça. — Tem certeza?

— Só as vezes quando a tia Soph não quer brincar comigo por causa dela. — Confessou arrancando uma leve risada de todos.

— Vê se pode, eu brinco com você o tempo todo! — Caminhou pra perto do sobrinho e lhe fez cócegas, as gargalhadas de Felipe contagiaram a todos. Quando parou, Sophia ficou sentada ao lado dele, Luiza se posicionou ao lado de Marlon e deitou a cabeça em seu ombro, após receber um breve beijo na testa. Lucas encarou o casal sem muita discrição, qualquer um que focasse nele, veria a raiva, felizmente ninguém o estava olhando.

— Micael, você sabia que eu tinha casado? — Lucas falou ainda olhando pro casal. Luiza o encarou alguns instantes. — Por isso sumi, eu andava me dedicado a patroa.

— E se casou com quem? — Micael perguntou muito interessado. — Eu conheço?

— NÃO! — Luiza deu um grito, deixando todo mundo sem entender.

— O que aconteceu? — Marlon perguntou ao estranhar e Luiza olhou para a irmã na tentativa de obter alguma ajuda.

— Não é legal ficar falando dessas coisas assim na frente das crianças. — Pensou rápido, já que Sophia não havia conseguido ajudar.

— Casamento é algo que não se pode falar na frente das crianças? — Micael rolou os olhos, logo abaixou o rosto pra fitar a neném que havia começado a resmungar em seu colo.

— O nome dela era Luiza também. — Continuou a contar e Sophia viu a irmã ficar pálida. — Eu acabei a conhecendo por intermédio de um amigo e nos apaixonamos de cara. A decisão de casar foi bem repentina e logo em seguida fomos morar num sítio.

— Que loucura, em um sítio? — Micael balançou a cabeça pensando naquilo. — Mudança drástica demais.

— Nem me fala, mas ela preferia e meu amigo, o que não fazemos por amor? — Sorriu e Micael olhou pra Sophia antes de assentir, entendia completamente o que ele falava, afinal moraria onde quer que sua mulher preferisse. — Bom, eu adorei a visita e o jantar, mas já está tarde, devo ir embora.

— Que isso, está tão cedo. — Sorriu ao amigo de longa data. — Se quiser ficar, sabe que será bem vindo. Vai pegar estrada pra sabe-se lá onde você se esconde agora de noite?

— Você tem razão, é uma estrada de terra um tanto esburacada até lá. — Deu risada junto com Micael, Jorge e Marlon. Os únicos alheios a tudo o que acontecia. Luiza olhou pra Sophia com desespero mais uma vez. — Mas eu não quero atrapalhar, certeza que encontro um local seguro pra passar a noite no meio do caminho.

— Se quiser ficar, será bem vindo. — Jorge reforçou o convite, vendo como o filho estava feliz. — Não temos mais quartos vagos, mas o sofá é bem confortável.

— É muita gentileza de vocês. — Disse aos seus anfitriões e tirou o celular do bolso. — Eu vou só mandar uma mensagem pra patroa, sabem como é, preciso avisar onde estou.

— É, eu sei bem. — Micael deu risada e em seguida mandou um beijinho pra Sophia, que não tinha uma expressão muito amigável e o deixou um tanto confuso.

— É tão estranho ver você com outra pessoa. — Lucas comentou novamente e Sophia bufou alto, já sem saco para joguinhos.

— É tão chato esse tipo de comentário. — Rebateu no mesmo instante e Micael arregalou os olhos.

— Sophia! — Repreendeu ainda absmado com o fato dela ter falado daquele jeito com seu amigo.

— Não sou obrigada a ficar escutando esse tipo de comentário dentro de casa. É irritante. — Seu tom grosseiro fez Lucas encolher os ombros por um instante.

— Me desculpe, eu não quis te ofender. — Jogou seu olhar mais sedutor e viu Sophia virar os olhos, como se fosse imune ao seu charme.

— Não desculpo. — Respondeu ainda mais mal-educada, deixando Micael com vergonha de seu comportamento.

— Pronto, enviei a mensagem para minha mulher. — Lucas não respondeu a grosseria de Sophia, voltou sua atenção a constranger Luiza. O barulho da notificação do celular da morena soou alto pouco depois que Lucas havia acabado de falar.

— Foi o seu? — Marlon questionou a sua namorada que ainda estava parada em pânico, sem saber bem como fugir daquilo. — Amor, tenho certeza que é o seu.  

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