— Chega, por favor. — Sophia ganhou atenção de todos ao gritar. — Eu não aguento mais essa discussão ridícula por causa de um abraço que não teve nada demais.
— Nada demais? Eu queria ver se você chegasse em casa e me visse abraçando a sua irmã. — Micael disse com tom ácido pra cima de Sophia.
— Deixa de ser infantil, não tem nem comparação. Você foi casado com ela e eu, como você mesmo observou, nunca nem conversei a sós com Marlon. — Falou com um tom duro. — Olha o meu tamanho, é ridículo você pensar que eu daria em cima do seu irmão dentro da casa em que moramos. Ridículo e ofensivo! — Micael não disse nada, apenas balançou a cabeça e saiu de casa, apenas com o celular que tinha no bolso, precisava de ar puro.
— Não vai atrás dele? — Marlon se virou pra cunhada que negou veementemente com a cabeça. — Ele vai ficar ainda mais irritado.
— Marlon, olha o tamanho da minha barriga. — Marlon deu uma risada de leve. — Eu não tenho a menor condição de ficar correndo atrás de homem por aí. Ele me deve desculpas, ele tem que correr atrás de mim e beijar meus pés por ter me ofendido da maneira que ofendeu, e não o contrário. — Marlon assentiu, ainda sorrindo pra cunhada que estava coberta de razão. — E vocês?
— É melhor você ir embora. — Marlon pediu, ainda chateado pela breve declaração de Luiza. — Ao contrário da briga idiota do meu irmão com a Sophia, você disse algo bem sério.
— O que eu disse não tem importância se você realmente deu em cima dela.
— Ah, pelo amor de Deus, você ouviu o que nos dissemos aqui? Ninguém deu em cima de ninguém.
— Só que ela já me tirou o Micael. — Luiza disse alto e saiu dali, deixando Marlon sem entender se era ele que estava chateado com ela ou o contrário.
— E você, não vai atrás? — Sophia apontou pra porta com o queixo e viu o cunhado negar com a cabeça.
— Sinceramente, ainda preciso engolir aquela história de "amor da vida". — Disse com certo rancor e os dois se sentaram no sofá. — Quem diria que um simples abraço ia causar isso tudo? Como eles podem achar que eu ia dar em cima de você estando grávida do meu irmão, sério, eles não tem neurônios? — Brincou por mais um instante e em seguida ficou sério. — Brincadeiras a parte, eu seria incapaz de trair meu irmão dessa forma, como ele pode desconfiar de mim?
— É uma pena que os dois sejam idiotas e não percebam isso. — Sophia disse com uma voz doce, agora não estava mais irritada com a situação e toda a briga desnecessária.
Então percebeu que estava ficando molhada. A princípio pensou que estivesse sem controle da bexiga, até perceber que se tratava da bolsa. E então arregalou os olhos e ficou de pé, sentindo escorrer por suas pernas.
— O que foi? — Marlon não havia percebido o líquido.
— Emily vai nascer. — Ele ficou de pé no mesmo instante e pegou o celular pra ligar pro irmão, que não atendeu a nenhuma das três ligações que fizera.
— Eu vou ter que ir atrás do Micael. — Disse ao finalizar a quarta chamada.
— Não me deixe sozinha aqui. — Sophia implorou e ele realmente não podia fazer aquilo. — Me leva pro hospital, vamos tentar falar com ele no caminho. — Tentava se manter calma, o fato de ainda não estar sentindo dor ajudava bastante. Marlon entrou no quarto do casal e pegou as bolsas que já estavam prontas e então caminhou com Sophia para fora após a mesma trocar de roupa.
**
Micael havia saído pra caminhar e pensar em toda aquela discussão que acabara de ter com o irmão e Sophia. Não tinha nenhum destino certo, só precisava andar até que suas pernas não aguentassem mais.
Rosnou irritado quando ouviu a voz de Luiza atrás de si depois de alguns minutos.
— Está fazendo o que aqui? — Micael disse irritado ao se virar e dar de cara com a ex-mulher correndo para alcança-lo.
— O mesmo que você. — Ela respondeu e o moreno voltou a andar, ainda mais rápido, a abandonando novamente.
— Eu não gosto de você e você não gosta de mim, me deixe em paz.
— Deixa de ser ogro, não fiz nada pra você.
— No último mês, não é? — Respondeu com deboche ao olhar pra trás.
— Eu estava revoltada, tinha todo o direito de fazer o que fiz. — Deu de ombros e voltou a caminhar atrás dele.
— Você fez eu ser preso, Luiza! Passei a noite na cadeia por causa de você. — Começou a gritar no meio da rua. — Minha filha está prestes a nascer e eu estou morando na casa do meu pai por causa de um dinheiro que você não precisava e exigiu só pra atrapalhar a minha vida.
— Olha o escândalo no meio da rua. — Luiza olhou em volta e se aproximou novamente. — Você quase me matou, fiz o que devia ter feito. E sabe bem que eu tinha direitos sobre aquela casa tanto quanto você.
— Luiza, eu não estou nem um pouco afim de discutir sobre essas coisas. Se eu quisesse conversar com alguém, eu teria entrado no quarto onde eu tenho certeza que alguém iria me perturbar.
— Para de ser assim, eu hein! — Chegaram a uma praça, estava bem deserto, provavelmente pela hora. Micael se sentou em um banco e ela se sentou ao seu lado.
— Eu sou assim.
— Não é não. — Luiza respondeu com certeza.
— Você nem me conhece.
— Claro que conheço, conheço você como a palma da minha mão. — Respondeu com intensidade e recebeu o olhar de Micael sobre ela. — Ficamos juntos por anos, tive bastante tempo pra aprender sobre você.
— Claro que ficamos, só que ao invés de me conhecer, você estava conhecendo sabe-se lá quem por aí. — Respondeu com ainda mais frieza e Luiza suspirou. — Nem você deve saber quem é o pai biológico do Felipe.
— Você é o pai dele. — Afirmou no mesmo instante e Micael deu uma risada. — Por Deus, homem. Eu disse aquilo num momento de raiva, será que você nunca vai acreditar em mim?
— Essa conversa não era nem para ter começado, vai embora Luiza.
— Pelo menos agora você o quão ruim é. — Micael a olhou sem entender do que se tratava, então ela continuou. — Como é chegar em casa e ver a pessoa que você ama com o seu irmão.
— Faça-me o favor, Luiza. Não tem nem comparação. — Se levantou diante da comparação ridícula.
— Posso saber qual a diferença? — O telefone de Micael vibrou no bolso, chamada do Marlon, ele bufou e resolver ignorar.
— A diferença é que todos achavam que você estava morta. Quase quatro anos se passaram, me perdoe por não ter ficado de luto por todos esses anos. — Finalizou com deboche e a mulher suspirou.
— Queria que estivesse namorando qualquer pessoa que não a minha irmã caçula que você sempre odiou. — Luiza tinha um tom de voz triste, não era de acusação, aquela talvez fosse a primeira vez que os dois conversariam sobre o assunto sem de fato brigar e gritar um com o outro. — Qualquer pessoa no mundo seria aceitável.
— Já te explicamos isso, nada foi planejado. — Passou as mãos pelos cabelos e voltou a se sentar.
— Eu sei, já tive bastante tempo pra entender o lado de vocês. — Suspirou e observou o telefone de Micael acender mais uma vez. — Não vai atender?
— Não quero brigar com ela. — Dessa vez quem estava ligando era a própria Sophia. — Estou irritado pra conversar agora, e pra falar a verdade, acho melhor você ir embora e me deixar sozinho. — Pediu mais uma vez a medida que ignorou outra ligação de Sophia.
— Não vou te deixar sozinho, você parece perturbado.
— Existe uma medida protetiva que diz que eu não posso me aproximar de você. Colabora. — Luiza rolou olhos, mas enfim se levantou.
— Só tenha juízo. — E finalmente o deixou sozinho.
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Inevitável
RomanceMicael e Luiza são um casal harmonioso e feliz. Tem Felipe, seu filho de oito meses e os três vivem numa boa casa, localizada no Rio de janeiro, em Niterói. Tudo muda após um trágico acidente, que deixa o rapaz viúvo, com um filho pra cuidar. A aju...