Capítulo 97

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— Pegou pesadíssimo! — Luiza disse sem graça por ter presenciado aquilo. — Não que eu queira me meter, mas tadinho!

— E na nossa frente ainda, você claramente exagerou.

— Nós temos brigado nessa última semana como cão e gato. — Se sentou no sofá com as mãos no rosto. — O tempo todo que ele está em casa está mandando mensagens a alguém que eu não sei quem é. Fica se escondendo pelos cômodos e se eu chego perto, ele bloqueia o celular na hora.

— Ele disse que você estava com raiva, mas não imaginei que fosse tanta. — Branca comentou após encarar Luiza um instante. — Tenho certeza de que não é nada demais.

— Ele está muito misterioso. — Então ela se levantou do sofá, beirando o desespero. — Se ele saiu agora pra ir visitar essa pessoa que tanto conversa? — Tinha uma verdadeira expressão de horror no rosto.

— Micael não é o tipo de homem que traí. — Luiza defendeu o ex e Sophia se jogou no sofá de novo. — Você o está tratando com grosseira atoa. Eu sou a prova viva de tudo o que passaram pra ficarem juntos, se depois de tudo ele arranjar outra mmulher, eu mesma acabo com ele.

— É até irônico ser você a me acalmar. — Sophia recebeu um abraço de Luiza, que sentou-se ao seu lado. — Se não é outra mulher, o que pode ser?

— Uma surpresa pra você? — Luiza novamente olhou para a mãe. — O aniversário de vocês está chegando?

— Pode ser muita coisa além de outra mulher, não precisa ficar brigando e estragando sua relação a troco de nada.

— Agora que eu já briguei com ele e fiz papel de maluca?

— Peça desculpas, é lógico que ele vai te perdoar. — Luiza sorriu, encorajando ainda mais sua irmã.

— Luiza. — Uma voz que ela conhecia tão bem a chamou.

Antigamente seu coração teria disparado e quase sairia pela boca só por ouvir seu nome saindo da boca dele. Antigamente sentiria seu estômago ficar estranho com a possibilidade de ter um momento a sós com aquele homem.

Mas agora nada.

Absolutamente nada.

Ela sorriu ao perceber isso, mas logicamente seu sorriso foi interpretado de maneira errada pelos presentes.

— O que faz aqui? — Perguntou com a testa franzida, claramente confuso. Felipe largou a mão dele e correu para cumprimentar a mãe e a avó.

— Meu filho mora aqui. — Disse num tom seco, enquanto abraçada e beijava o pequeno. — Não que eu lhe deva qualquer tipo de satisfação.

— E onde está seu namoradinho? — Colocou as mãos no bolso e caminhou lentamente pra perto de todos ele.

— Tem mais o que fazer. — Manteve o tom seco e Lucas suspirou sem dizer mais nada.

— Ele foi o médico que me disse que você estava morta. — Branca tinha os olhos arregalados, claramente por estar longe de todos, não sabia de todos os detalhes sórdidos da vida da filha mais velha.

— Oi, sogrinha. — lhe deu seu melhor sorriso. Parecia que Branca ia cair dura no chão a qualquer momento.

— Por favor, Lucas. — Sophia pediu do sofá, ainda claramente chateada.

— Tudo bem, estou indo embora. — Anunciou ele e surpreendendo a todos, Felipe pediu para que ficasse. Como ele o havia conquistado em algumas poucas horas era o que todas queriam saber.

Felipe insistiu para que brincassem mais um pouco e Lucas sorriu ao perceber que estava fazendo progresso rápido com o filho. Lamentou por Micael não estar presente pra saborear sua curta vitória.

— Sua mãe e sua tia querem que eu vá embora. — Ele se abaixou e disse ao menino, que tinha um bico gigante. — Temos que obedecer.

— Só mais um pouquinho. — Juntou as mãos pedindo e então se virou pra Sophia com a cara mais fofa que conseguiu, a que a tia não resistia. — Por favor, titia. — Com um suspiro, Sophia assentiu e observaram Felipe sair correndo de volta para o quintal, puxando Lucas pela mão.

— Como foi que isso aconteceu? — Luiza perguntou de boca aberta. — Ainda bem que o Micael não está aqui pra ver isso!

— Não sei, aconteceu tão rápido. Ele está aqui há algumas poucas horas e eu te garanto que Felipe não estava nem um pouco feliz em ficar perto dele. — Sophia disse com seus braços cruzados, tentando entender aquela repentina mudança. — Talvez Lucas tenha jeito com crianças e seja bom nisso.

— Bom naquele ali só o sexo. — Luiza rebateu e arrancou risada da irmã ao mesmo tempo que deixou a mãe horrorizada. Branca negou com a cabeça e então mudou de assunto.

— Mamãe, eu estou dormindo aqui no colinho da vovó. — Disse com a voz fina e Sophia olhou pra pequena adormecida.

Pegou a filha e pediu licença as meninas, caminhando pra colocar a pequena no berço. Demorou um pouco pois Emily acordou, então teve que se sentar até que conseguisse fazê-la dormir novamente.

Quando chegou de volta à sala, Lucas e Felipe estavam junto com Luiza e Branca e todos pareciam se divertir bastante brincando de algo parecido com mímica.

— De volta para o futuro. — Sophia parou atrás do sofá, com os braços cruzados. Lucas fazia movimentos ridículos que ela constatou ter a ver com o filme.

— Você não está na brincadeira. — Luiza jogou a almofada na irmã. — Eu ia acertar essa!

— Você não ia acertar, sempre foi péssima nisso. — Mandou língua pra irmã que não respondeu a afronta, reconhecia que ela sempre havia sido melhor naquela brincadeira boba.

— Então já que é a boazuda, é sua vez.

Sophia se levantou e pegou um card aleatório, aquele jogo era de Felipe, provavelmente o menino tinha sugerido a brincadeira, mesmo que fosse novo demais pra saber o nome dos filmes em questão, adorava brincar daquilo.

O clima era divertido por conta da brincadeira, todos riam e até tinham se esquecido por aquele momento, o tanto de briga que rondava todos eles. Tudo pela alegria de Felipe, era bom que estivesse dando certo.

— Divertidamente! — Felipe falou depois que Lucas soprou a resposta em seu ouvido.

— Muito bem, meu menino inteligente. — Luiza lhe deu um beijo ao sentar ao seu lado e era novamente a vez de Sophia.

Ela se levantou e ajeitou a roupa, soltou um suspiro pensando como faria interestelar.

Abafado por todas as risadas, a porta da frente se abriu e Micael entrou sem ser notado. Sophia ergueu a cabeça a tempo de ver seu olhar de reprovação para aquela situação inofensiva.

Ela parou sua mímica imediatamente e todo mundo franziu a testa sem entender, pelo menos até seguirem seu olhar e identificarem Micael parado ali como um fantasma. Não demorou a sair e subir as escadas com uma pressa absurda.  

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