— Sabia que é bizarro essa aproximação de vocês? — Micael comentou baixinho, ao puxar sua mulher para si, pela cintura. Ainda estavam no quarto das crianças.
— Tenho medo de que não seja de verdade. — Suspirou, encostando a cabeça em seu peito. — Quero dizer, eu amo que tudo esteja bem, nossa vida parece nos eixos, meu medo é que tudo seja falso.
— Ela parece um pouco mais com a Luiza de sempre. — Sophia se afastou para encará-lo.
— Humm! — Murmurou enciumada. — E isso está te fazendo ter saudades?
— Já viu a minha mulher? — Ele brincou, lhe fazendo carinho no rosto. — Ela é linda, engraçada, responsável, inteligente, a melhor mãe do mundo. Me diz como é que eu vou querer outra pessoa? — Ergueu uma sobrancelha e ela sorriu, encantada.
— Te amo, seu bobo. — Então se esticou para beijá-lo. — Amo muito.
**
No mês seguinte, Sophia e Micael se dedicaram a comprar a mobília da nova casa. Tudo estava exatamente como Sophia imaginou e ela estava radiante com sua casa nova.
Agora, finalmente estavam colocando as malas no carro. Todos estavam no portão, se despedindo da família que finalmente poderia seguir seu rumo.
— Vou sentir tantas saudades de vocês. — Luiza disse e abraçou a irmã lateralmente, pois ela estava com a filha no colo.
— Nós também. — Sophia respondeu simpática, mas no fundo dando graças por finalmente sair daquela casa e poder ficar em paz com seus filhos e seu homem.
— Não acredito que meu filhinho está indo embora de casa tão jovem. — Jorge apareceu trazendo consigo a última mala. — Você é um monstro, Sophia.
— Me desculpe por isso, Jorge. — Ela entrou na brincadeira e Micael rolou os olhos, sem dizer nada pra zoeira do pai.
— Filho, se essa mulher for má com você, saiba que se me falar eu resolvo. — Debochou mais uma vez e Micael balançou a cabeça enquanto Sophia prendia o riso.
— Ela não vai ser má. — Sorriu pra mulher com ternura. — Obrigado por tudo pai, eu amo você.
Micael não era muito de dizer aquilo pro pai, então aquele foi um momento bem raro que tirou sorrisos de todos que estavam a sua volta.
— Sabe que se precisar, é só falar comigo. — Se abraçaram enfim.
Sophia deu um beijo em Marlon e em Jorge e enfim entrou no carro, após prender a filha na cadeirinha.
— Nada de sumir! — Marlon falou com um irmão, após um abraço. Por mais que trabalhassem juntos, ambos sabiam que Micael não visitava muito a casa do pai. Micael apenas sorriu e então ficou de frente a Luiza, para se despedir da mulher que já amou um dia.
— É sério, nada de sumir com o meu filho. — Ela pediu ao lhe dar um abraço.
— Eu deixei o endereço, não vou sumir com ele. — Sorriu, naquele momento, feliz que estivessem se dando minimamente bem.
— Que bom, não quero mais ficar longe do meu filho. — Disse com sinceridade. Deu um último abraço no filho, que logo foi afivelado ao assento, do lado da irmã.
Micael balançou a cabeça e então entrou no carro. Os três ficaram acenando pra eles enquanto se distanciavam.
— Agora é vida nova! — Sophia lhe disse com um sorriso que foi retribuido.
— Claro, vida nova. — Concordou com um beijo.
A casa nova ficava meia hora de distância da casa do Jorge e também era mais próxima a casa de Branca. Era bem localizada e os dois a adoravam ainda mais por isso.
Chegaram bem rápido e Felipe foi tentar ajudar o pai com as malas, como se fosse grande o suficiente pra isso. Sophia pegou a filha e então se dirigiu a entrada, enfiando a chave na porta.
Micael e Sophia sorriram um pro outro ao entrar naquela casa, era difícil de acreditar que finalmente teriam sua vida juntos de volta.
**
A vida era boa para o casal. Micael tinha voltado a se dedicar ao trabalho de corpo e alma, Sophia cuidava da casa e das crianças. E a noite se amavam, apaixonados.
Tinham sempre a visita de ambas as famílias e assim foram levando os dias.
Mas como tudo que é bom dura pouco, havia chegado a data da audiência com Lucas.
— Estou tão nervoso! — Micael disse ao ajeitar a gravata, estava diante do espelho. Sophia se aproximou e o abraçou por trás.
— Vai dar tudo certo. — Ele suspirou. — Eu deveria ir com você.
— Melhor ficar com as crianças. — Se virou e colocou as mãos em sua cintura. — Luiza e Marlon estarão lá, não temos mais ninguém pra ficar com elas. — Sorriu mais uma vez. — Marlon está confiante e bem empolgado pra acabar com o Lucas. — Os dois deram risadas e Micael lhe deu um beijo na testa, caminharam pra fora do quarto e Sophia o acompanhou até a porta.
— Boa sorte e me liga para dar notícias.
**
Micael chegou no fórum e parecia carregar o peso do mundo nos ombros. Sua vida profissional sempre foi naquele lugar, mas agora tinha passado a odiar. Assim que chegou, localizou o irmão e a cunhada, que já estavam lá e caminhou até eles.
— E ai, pronto pra festa? — Marlon disse animado e Micael rolou os olhos.
— Você está animado demais. — Disse desanimado e recebeu um tapinha nos ombros do irmão. — Gostaria que não tivesse a ver com a vida do meu filho.
— Relaxa, Micael. Você está sob os cuidados do melhor advogado de família que existe, vamos ganhar essa fácil. — Ajeitou a gravata e arrancou risos nervosos de Micael.
— Muito modesto, quero ver quando o cidadão começar a provocar se vai manter todo esse bom humor. — Micael segurou o riso ao vê-lo fazer uma careta no mesmo instante.
— Aquele cara merece levar uma surra. — Fechou as mãos em punho.
— Não aqui. — Marlon assentiu e não respondeu. Lucas apareceu com seu advogado, com um sorriso presunçoso no rosto e o olhar direto para Luiza. — Não aqui. — Micael reforçou chamando a atenção do irmão. — A guarda do meu filho está em jogo, você não vai estragar tudo!
— Não vou fazer nada, eu sou responsável. — Aliviou a mão e puxou Luiza pra mais perto dele.
— Ignora ele. — Luiza disse com a voz doce e ganhou a atenção de seu namorado. — O trunfo dele é saber que irrita vocês facilmente, vai fazer com que se descontrolem e provar diante do juiz que você — Se virou para Micael. — Não é capaz de cuidar do Felipe.
— Como sabe disso? Andou fazendo papel de infiltrada? — Micael debochou e recebeu uma bufada de Luiza.
— Sei disse porque é exatamente a tática que eu ia usar quando pedi a guarda do Felipe. — A morena deu de ombros e Micael a encarou com raiva.
— Vocês se merecem mesmo, não é?
— Não fala assim... — Marlon ia defender sua namorada, mas no fim foi interrompido ao ouvirem seus nomes serem chamados, era hora do show.
Se acomodaram á mesa, Micael, Luiza e Marlon de um lado, Lucas e seu advogado do outro, se encarando em silêncio, com bastante ódio.
Ficaram de pé para receber o juiz e então logo estavam sentados novamente.
O juiz iniciou a sessão e ouviu breves argumentos dos dois lado, aquilo era uma briga de cachorro grande.
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Inevitável
RomanceMicael e Luiza são um casal harmonioso e feliz. Tem Felipe, seu filho de oito meses e os três vivem numa boa casa, localizada no Rio de janeiro, em Niterói. Tudo muda após um trágico acidente, que deixa o rapaz viúvo, com um filho pra cuidar. A aju...