— Eu sai daqui mais cedo e fui em casa buscar isso. — Manteve o braço esticado esperando Micael reagir e pegar o pequeno papel. — Sempre foi seu, eu precisava te devolver.
— E o que é isso? — Questionou com a sobrancelha arqueada, pensando se realmente era o que achava. Luiza não o respondeu, apenas ficou esperando que ele finalmente pegasse o papel de suas mãos, e quando o fez, o moreno arregalou os olhos ao ver que se tratava do cheque que havia dado a ela como pagamento pela metade da casa. — Por que está me devolvendo isso?
— Porque você e sua família não tem casa por causa de mim, naquela época eu achei que estava fazendo a coisa certa, mas sinceramente, hoje eu sei que foi tudo um grande erro, e essa princesa precisa crescer longe de toda a confusão que eu criei.
— Isso não vai fazer ninguém te perdoar pelas inúmeras coisas horríveis que você fez. — Ele manteve a grosseria, embora nem fosse o que estava sentindo naquele instante.
— Não fiz por isso. — Ela deu de ombros, com um sorriso. — Fiz porque é o certo a se fazer, quero sim tentar redimir todos os erros que cometi, mas não tem muito o que fazer em relação a ter traído você e fingido que morri, mas posso ajudar você e Sophia a criarem as crianças numa casa de vocês.
— Esse é o tipo de coisa que eu não esperaria de você. — Ele se manteve desconfiado. — Posso saber o que está armando?
— Nada! — Deu um grito. — Eu só estou arrependida! Sei que é difícil acreditar, mas realmente estou. Vamos ter muito estresse com o que vem por aí com o Lucas, mas não tem como voltar no tempo. — Terminou de falar alterada, já com os olhos cheios de lágrimas novamente. — Bom, era só isso. Eu espero poder visitar meu filho na casa nova. — Fungou e caminhou para porta, certa de que mais uma vez Marlon não ia querer ficar com ela.
— Você não vai atrás dela? — Sophia correu até Marlon e cochichou pra ele, que permaneceu sentado, no mesmo local.
Antes que ela saísse, a porta se abriu e Jorge passou por ela com Felipe. Que abriu um largo sorriso ao ver a mãe ali mais uma vez.
— Mamãe! — Correu para lhe dar um abraço e Luiza deixou as lágrimas caírem. Desde que realmente tinha se dedicado ao menino, sonhava com aquela recepção calorosa. — Por que está chorando?
— Estou feliz de te ver, estava com muitas saudades. — Apertou o menino num abraço de urso. — Mas a mamãe já estava indo, vou voltar outro dia pra te ver, combinado?
— Mas mamãe, eu acabei de chegar, fica um pouco! — Pediu com uma careta fofa e Luiza deu risada.
Marlon finalmente se levantou e foi até os dois.
— Na verdade, estávamos indo comprar uma pizza. — Luiza olhou pra cima e sorriu, quando se levantou, Marlon passou um braço por sua cintura.
— Oba! Deixa eu ir também?! — Pediu empolgado aos dois que olharam na direção de Micael.
— Você precisa pedir ao seu pai. — Luiza disse com um tom respeitoso e passou a mão pelo rosto, secando as lágrimas.
— Acho que eles querem conversar, Felipe. — Micael disse sem saber bem o que os dois queriam.
— Que nada, vamos nessa garotão. — Marlon colocou o menino na carcunda e os três saíram de casa.
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— Não consigo acreditar que a Luiza fez isso. — Micael comentou ainda olhando o papel que havia recebido de volta. Sophia sorriu, mas nada disse.
— O que eu perdi? — Jorge se aproximou do jovem casal e ergueu uma sobrancelha com curiosidade.
— Luiza devolveu o dinheiro que eu dei a ela, o dinheiro da casa.
— Ela mudou depois que começou a namorar o Marlon. — Jorge comentou com um sorriso de satisfação.
— Ela mudou depois que começou a gostar do Marlon. — Sophia corrigiu, se lembrando dos primeiros dias de sua irmã dentro daquela casa.
— Nem parece que estava aí cheia de ciúmes quando ela pediu pra falar comigo. — Micael riu, bem humorado como há muito não ficava.
— Ela chegou do nada pedindo pra falar com você sozinho, eu tinha direito de desconfiar. — Sophia comentou e arrancou mais uma risada de Micael. — Não pode me julgar.
— Você é uma graça, meu amor. — A puxou para um abraço e então a beijou. Jorge pigarreou interrompendo os dois.
— Respeitem o patriarca da família. — Jorge resmungou, mas tinha um senso de diversão em seus olhos. — Micael, você anda muito saidinho.
— Pronto, vai começar. — Colocou a mão no rosto, prevendo as piadinhas do pai.
— Nada vai começar, vou tomar um banho! — Saiu rindo e deixando os pombinhos sozinhos no sofá.
— Parece que finalmente nossa vida vai voltar ao normal. — Micael comentou, apertando Sophia junto a seu corpo. — Amanhã podemos ir atrás da nossa casa.
— Já?
— Eu não aguento mais esperar, não aguento mais essa casa com o Marlon e a Luiza atrás de nós. Não está ansiosa?
— Estou, vai ser bom ter a nossa casa, com o quarto das crianças. — Lhe deu um beijo. — Vou pedir a Luiza pra ficar com as crianças.
— A Luiza? — Questionou com uma careta.
— Ela sempre está por aqui. — Sophia deu de ombros. — Ela é capaz de cuidar dos dois por algumas horas, você sabe que ela cuida bem de um bebê.
— Ela cuidava bem, no passado. — Corrigiu sutilmente. — Muita coisa aconteceu e eu posso desconfiar dela.
— Pode sim, mas tenho certeza que vai ficar tudo bem. — Ele se deu por vencido.
Micael puxou sua mulher pra mais perto e iniciou um beijo sem dizer mais nada. Suas mãos passearam pelo corpo da mulher sem nenhum pudor, afinal estavam sozinhos ali, por aquele momento.
Sophia soltou um gemido baixo e jogou a cabeça pra trás, recebendo beijos no pescoço, no colo e então foram interrompidos por Marlon.
Os três haviam entrado tão silenciosamente que nenhum dos dois tinha escutado, somente as risadinhas quando já estavam lá, os pegando no flagra. Ou talvez, estivessem tão distraídos que realmente não tinham ouvido por mais barulho que tivessem feito.
— Vão procurar um quarto. — Marlon disse alto, dando risada do susto que os dois levaram. Sophia estava vermelha como um tomate e isso tirou deles mais uma risadinha.
— Não enche, Marlon. — Micael arremeçou uma almofada do irmão, que ainda dava risada da situação. — Tá felizinho demais.
— Papai, compramos pizza de queijo! — Felipe ganhou a atenção de todos com sua empolgação. — Tio Marlon e minha mãe deixaram eu escolher!
— Que delícia! Vamos comer então. — Micael se levantou com o menino no colo.
— Tem certeza que prefere comer pizza? — Marlon deixou escapar com um tom malicioso e Micael o encarou com um sorriso de canto e então se virou para sua mulher.
— Com toda certeza não, mais que opção eu tenho agora? — Constrangeu ainda mais Sophia. — Paralelo a isso, minha linda noiva tem que comer e ficar bem forte pra me aguentar. — Sophia ergueu uma sobrancelha e logo ficou de pé.
— Tá bom, acho melhor você comer direitinho. — Lhe deu um tapinha no rosto, na brincadeira. Luiza e Marlon davam risadas altas e então Felipe franziu a testa, confuso.
— O que é engraçado? — O menino perguntou alternando olhares.
— Nada, filho. — Luiza sorriu e caminhou pra pegar o menino de Micael, como se fosse um bebê. — Seu pai e sua tia que estão brincando. Onde está Emily?
— Dormindo pra não me deixar dormir a noite. — Sophia comentou com um tom cômico que tirou ainda mais risadas de compreensao de todos. — Mas é bom, pelo menos assim poderei comer em paz.
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Inevitável
RomanceMicael e Luiza são um casal harmonioso e feliz. Tem Felipe, seu filho de oito meses e os três vivem numa boa casa, localizada no Rio de janeiro, em Niterói. Tudo muda após um trágico acidente, que deixa o rapaz viúvo, com um filho pra cuidar. A aju...