Capítulo X || Season Of The Witch

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— O que você está fazendo aqui, Rowena? — Pergunta Dmitry.

— Vim falar com você, já que aparentemente se esqueceu de que tem um celular... Mas agora vejo o motivo... Você esteve ocupado. Qual é o nome da mocinha? — Ela questiona, as feições de rainha do gelo distorcidas com insatisfação.

— Seu nome é Vivian. E ter dificuldade de falar comigo não te dá o direito de entrar em minha casa. — Ele afirma, irritado.

— Desculpe. — A mulher diz, fazendo biquinho. — Esqueci de devolver as chaves depois de nosso último encontro...

Sua frase me deixa arrasada. É claro que ela é íntima dele. Eles tiveram um encontro, com certeza passaram a noite juntos e, para que alguém como Dmitry dê as chaves de sua casa, não foi um encontro casual. Eles devem ter um relacionamento. Faz sentido. Rowena é o par adequado para ele. Seu cabelo loiro ondulado, os olhos azuis frios, as pernas quilométricas tornando-a quase tão alta quanto Dmitry. Consigo visualizar os dois juntos. Um casal de beleza assustadora. Ela, a rainha do gelo, ele, o rei do fogo.

Como posso ter sido burra a ponto de acreditar que ele estaria se interessando por mim? Eu deveria focar no que vim fazer aqui, encontrar Eric e não criar relacionamentos imaginários com homens bonitos e perigosos, afinal, se Eric estiver vivo, ele ainda é meu marido. O que eu estava pensando?

Aquele momento na praça deve ter sido um lapso. Minha mãe sempre disse que homens são assim quando estão muito perto de uma mulher — qualquer mulher, mesmo uma tão sem graça quanto eu. Eu sempre achei esse seu pensamento muito machista, mas, mais uma vez, ela estava certa.

Sou interrompida em minha auto-recriminação pela voz felina de Rowena:

— Me diga uma coisa, Victoria — Ela erra meu nome de propósito. — Vocês já dormiram juntos?

Fico chocada com a pergunta. Dmitry parece furioso.

— Ah, não me olhe assim, Dim, se eu te conheço bem, e eu conheço, sei que você não iria se conter perto de uma coisinha fofa como essa. — Ela continua.

E se volta para mim:

— Dim tem um fraco por coisas fáceis de quebrar.

— Já chega, Rowena! — Dmitry vocifera.

O choque da pergunta tão direta me tira temporariamente do foco e perco o que Dmitry diz para ela a seguir, com os dentes cerrados. Mas o que quer que seja, faz com que a loira se retire com uma risadinha e siga seu caminho rebolando pela noite.

Quando volto a mim, Dmitry está me puxando pelo cotovelo para dentro da casa.

— Você precisa voltar. Já ficou muito tempo por aqui. Com certeza deve estar sentindo os efeitos.

Percebo que com efeitos ele quer dizer a confusão mental e a falta de atenção — é como se minha consciência estivesse um tanto flutuante. Tinha notado um pouco disso antes, mas atribuí à alegria que estava sentindo. Agora, depois do encontro inesperado de minutos atrás, é como se tudo se intensificasse.

Dmitry não perde tempo com explicações. Ele apenas pega as minhas mãos.

— Feche os olhos. Você já sabe o que fazer. — Diz.

Sim, eu sei. E quando os abro, estou, como sempre de volta ao meu quarto. Minha mente e minha visão estão de repente mais claras e só agora me dou conta do quanto estavam comprometidas. Por outro lado, um grande cansaço me acomete e desabo sentada na cama. Dmitry sai para me buscar um copo de água, que bebo sedenta. Nunca tinha ficado assim depois de uma visita à Nícta.

— O que aconteceu? — Pergunto esperando que ele saiba do que estou falando e muito cansada para explicar.

— Você ficou tempo demais... Acabei perdendo a noção das horas e demorei para te trazer de volta. O resultado foi esse. É por isso que precisamos ficar atentos ao horário.

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