Capítulo VII || Gods & Monsters

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Tenho pouco tempo para planejar, mas agradeço pelo aporte recente de energia mental que consegui com a ajuda de Rowena. Aproveito que a rua está deserta, e desapareço por alguns segundos. Eu só preciso de uma coisa: minha bolsa de trabalho, sempre pronta e à espera em casa.

Quando estou de volta, os miseráveis caminham mais à frente, mas ainda perto. Estão passeando tranquilos, fazendo planos para possuir o que é meu. Infelizmente para eles, a diversão será minha com eles e com ela, de maneiras diferentes, mas ainda assim, muito satisfatórias.

Corro para o carro que deixei estacionado num lugar discreto próximo à clínica, e assim que estou atrás do volante, acelero só o suficiente para que eles não vejam o que os atingiu. Tenho vontade de passar por cima dos trastes repetidas vezes até que tudo o que já foram se torne uma pasta disforme sobre o asfalto, porém, não consigo ser tão misericordioso. Assim que estão caídos, desço e checo a pulsação de ambos, torcendo para que nenhum tenha morrido com o impacto. Desmaiados, mas vivos. Excelente.

Arrasto o mais magro para o bagageiro e coloco o outro no banco de trás. Câmeras não me preocupam, mas para preservar Vivian, uso uma touca de esqui cobrindo meu rosto. Não quero que nenhuma vizinha fofoqueira a ligue ao desaparecimento desses inúteis.

Dirijo pela cidade ciente de que tenho pouco tempo antes que eles recuperem a consciência. Ainda é cedo, e as ruas estão com algum movimento, apesar de o horário de pico ter passado, o que dificulta a minha tarefa de encontrar um lugar isolado. Consulto no celular anti-rastreamento, o GPS, em busca de áreas periféricas. Finalmente tenho sucesso — acho uma construção abandonada que me oferece a privacidade necessária.

No local encontrado, paro o carro e começo a amarrar o que está no banco de trás: pés, pernas, mãos atrás do corpo, braços e por fim, a fita em sua boca. Noto que o ferimento em sua cabeça causado pelo impacto do atropelamento está sangrando. Bom presságio. Parto para cuidar do que está no porta-malas e surpreendentemente, esse é quem me dá mais trabalho. Ele acorda enquanto estou amarrando suas pernas e preciso apagá-lo com um aperto na traquéia. Meu destempero anterior se foi. Estou calmo e focado. Voltei ao meu elemento.

Só preciso ter certeza de que Vivian estará em segurança enquanto eu estiver ocupado, então, ligo para a clínica, satisfeito por minha prática na polícia não me permitir esquecer de pegar o telefone no momento de pressa. Assim que ratifico que existem apenas profissionais do sexo feminino no turno dessa noite e do dia seguinte, decido seguir em frente com meu plano. Não me passaram nenhuma informação sobre Vivian além de confirmar sua internação - informações apenas pessoalmente e somente para a família. Eu sou sua família, caralho! Não aquela mãe de merda que ela tem. Respiro fundo. Vou tirá-la de lá, assim que cuidar desses aqui.

***

Chegamos a uma área de mata isolada. Fiz questão disso, para que meus convidados possam gritar à vontade sem o risco de serem interrompidos por curiosos.

Como a viagem leva um bom tempo, ambos estão acordados quando desligo o motor. Posso ver um deles se debatendo no banco de trás, enquanto ouço o outro tentar sair.

Gosto de começar as tarefas de maneira organizada, por isso, depois de soltá-los e de ameaçá-los com alguns tiros próximos aos seus joelhos, os obrigo, com duas armas apontadas para suas cabeças, a cavarem suas covas, esburacando a terra com as próprias mãos. É mais demorado desse jeito, mas tenho tempo e paciência. A música das súplicas já começou a tocar, mas ainda é apenas um aquecimento.

No momento em que estou minimamente satisfeito, obrigo o verme grisalho a amarrar o outro em uma árvore, instruindo-o como fazer. Quando vou prendê-lo à outra árvore próxima, ele tenta lutar comigo, usando seu peso como alavanca. Seu esforço é risível, e o domino com facilidade. Ele nunca teria a menor chance, mesmo que eu estivesse desarmado e com as duas mãos amarradas. Será que só é homem com mocinhas que não podem se defender? Enfim, termino o que comecei e confiro e reforço os nós para garantir que nenhum dos dois vá escapar.

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