Capítulo VIII || Don't Let Me Be Misunderstood

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Já anoitece lá fora e minha mãe que chegou aqui para um lanche de fim de tarde, está tagarelando há horas sobre o casamento de Susan, e o faz com tanta empolgação que fico até surpresa

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Já anoitece lá fora e minha mãe que chegou aqui para um lanche de fim de tarde, está tagarelando há horas sobre o casamento de Susan, e o faz com tanta empolgação que fico até surpresa. Ela nunca falou do meu casamento com Eric assim.

Tentei esquecer o incidente com Robert, dias atrás, mas a conversa dela não facilita as coisas. Tudo o que sinto é nojo. Aquele homem a quem ela só tem elogios a fazer é um assediador. Teve a coragem de me tocar ao lado de sua recém-esposa durante a festa de casamento, na frente de todos e ainda fez ameaças de que faria mais.

Essa situação me deixou no limite e, com medo, troquei a fechadura da porta da entrada e mandei instalar uma tranca adicional. Apesar disso, ainda temo que não seja o suficiente.

— Parece que você pouco se importa com a sua família, não é Vivian? — Ela diz, percebendo a minha distração.

— Não é isso mãe, é que estou com outros problemas na cabeça e acho que você já contou e recontou todos os detalhes sobre o casamento, certo? Nem é como se eu não estivesse lá e não houvesse visto tudo com meus próprios olhos, de qualquer jeito.

— Eu sabia! Aí está! Não sei porque ainda perco o meu tempo com você. Tento te incluir nas coisas, prestar assistência, mas você não liga para nada além de si própria. A mãe de Laura me contou que Anthony Hughes está interessado em te conhecer melhor e, no entanto, soube que sequer foi visitá-lo no hospital depois que um maníaco o atacou. O que você quer, Vivian? Um homem como aquele aparece em sua vida, disposto a um relacionamento sério apesar do seu peso, e tudo o que faz é ignorar. Agora um Zé Ninguém que conhece na internet ou na rua, você coloca dentro da sua casa sem nem pensar duas vezes.

Não foi um acidente? Anthony foi atacado? Preciso entrar em foco, fazer mais perguntas, porque tenho a intuição de que Dmitry possa estar envolvido nisso. A primeira coisa que passa por minha mente é que ele não faria algo assim, mas agora o conheço e sei que faria, ele é capaz de tudo. Será que realmente mandou o homem para hospital só porque tivemos um encontro? Nesse caso, pelo bem de Susan, nunca vou permitir que ele saiba o que seu marido fez comigo. Quero ficar horrorizada com a constatação sobre o comportamento de Dmitry, mas sinto um certo frio na barriga, de um jeito bom. Eu sou dele. Imediatamente percebo que se continuar assim vou enlouquecer por minha própria conta. Se fosse sincera comigo mesma, admitiria que há tempos preciso de terapia. Não sei nem quantas camadas de toxicidade, perversão e absurdo tem isso, então deixo o assunto de lado, assustada comigo mesma, e minto mais um pouco, como virou hábito.

— Mãe, já expliquei que não aconteceu nada entre mim e esse rapaz da internet.

— E você acha que nasci ontem? É lógico que aconteceu. Você ficou com esse desconhecido pé rapado como se fosse uma meretriz. Pior! Porque tenho certeza de que sequer foi paga!

Dessa vez ela foi longe demais.

— Você não tem o direito de falar assim comigo. — Esbravejo.

— Tenho, tenho sim. Porque você é um caso perdido. Não consegue fazer nada certo. Oportunidades de ouro aparecem na sua frente e você desperdiça, uma após a outra e escolhe sempre o pior. Você sabe que nunca aceitei seu relacionamento com aquele seu marido que não tinha onde cair morto, mas deixei passar, afinal, era melhor isso, do que todos dizerem que eu tinha uma filha além de acima do peso, encalhada. Bem, e agora ele está, de fato, morto, mas você parece não ter aprendido a lição.

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