Capítulo II || Money Power Glory

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3° Casa de Acolhimento de Pompéia Capital, 9 anos de Nícta atrás (18 da dimensão comum)

Alguma alteração em seu documento senhor... Dmitry Pachenko Volkov?

Sim, quero que permaneça apenas Dmitry Volkov.

Certo. Aguarde, por favor, nas cadeiras numeradas. Assim que tudo estiver pronto o senhor será chamado. Aqui está sua senha.

Obrigado.

***

— Acha seu nome muito comprido?

— Não. Só quero me livrar do sobrenome da minha mãe.

— Essa é nova. As pessoas costumam gostar de manter o sobrenome materno.

— Não quando sua mãe é uma vadia.

— Isso me lembra que você está devendo me contar a sua história de antes daqui. Eu contei a minha.

— Meu caro Martin, não tenho culpa se você fala demais.

— Achei que estávamos no mesmo barco. Se não contar para mim, vai falar para quem?

— Pode até ser... Mas você terá que prometer que nunca vai contar nada do que eu disser sobre isso para ninguém.

— Eu prometo, é claro.

— Não é o suficiente.

— Ei cara, o que você está fazendo com essa faca, é um punhal?

— Sim, meu punhal estava comigo quando cheguei a esse lugar. É uma lembrança da minha vida antiga que vou manter, para que nunca me esqueça de quem sou.

— Cara, você é louco! Sua mão está sangrando!

— E a sua vai estar também se quiser saber a minha história.

— O quê? Você vai cortar a minha mão?

— Apenas um pequeno corte enquanto pingo gotas do meu sangue e falo os versos do juramento. Um juramento de sangue que não pode ser quebrado. Aprendi com a minha avó.

— Você é mesmo maluco, mas agora estou curioso. Tudo bem, acho que sua história deve valer a pena. Ai! Você não avisou que já ia cortar.

— Você disse tudo bem. É mais que suficiente para mim. Agora abra a mão.

— Eu Dmitry Volkov encerro Martin... Martin o quê?

— Martin Malta.

— Eu, Dmitry Volkov, encerro Martin Malta nesse juramento de sangue. Caso ele fale, ainda que em parte, sobre a história do meu passado fora de Nícta, sem minha autorização, que a morte o procure, o persiga e o encontre.

— Eu não preciso falar nada?

— Não. Apenas mantenha a mão aberta. Vou pingar três gotas do meu sangue... Agora está feito. Se a qualquer momento você se esquecer de sua promessa e contar a história da minha vida a alguém, a morte vai te encontrar, não importa se por doença, acidente ou acerto de contas, a morte vai te encontrar.

— E eu que achei que ia viver muito... Me falaram que em Nícta, cada ano equivale a dois da outra realidade. Aqui envelhecemos duas vezes mais devagar. Não entendo como podem chamar esse paraíso de exílio.

— Ouvi falar disso. Dizem que é para termos mais tempo para nos arrepender de nossos pecados...

— Bem, eu já prometi que não falarei nada e estou preso a esse seu juramento idiota. Pode me contar tudo e espero que seja uma boa história.

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