Capítulo IV || Cruel World

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Preciso ir embora

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Preciso ir embora. Agora. Já. Enquanto a coragem se apresenta, porque sei que não vai durar muito. Ainda não me sinto cansada, atordoada, nem nada disso, mas sei que tenho que voltar para casa antes que ele me convença a desistir de minha decisão recém tomada.

— Tenho que ir. — Digo, tentando encontrar o rosto dele.

Dmitry levanta a cabeça.

— Agora?

— Sim. — Sinto a necessidade de falar o mínimo possível, para não cometer qualquer deslize.

— Tudo bem, amor. Quer tomar um banho antes? Vou pegar uma camisa minha limpa para você. — Ele continua, já em pé.

— Não. Eu faço isso em casa. Não quero ficar mais um minuto sequer aqui. — Respondo, me colocando em pé também.

Dmitry arregala os olhos, como se nunca tivesse me visto pelada e eu sinto vontade de rir, não sei porquê. Também sinto vontade de abraçá-lo e dizer que ainda o amo, o que não faz nenhum sentido.

— Certo. — Ele se conforma.

Caminha pelo quarto, veste a cueca e a calça, mas não a camisa. Certamente para me tentar. Sempre um demônio.

Ele confere as horas no relógio de bolso. Me lembro agora, precisa ter certeza de que é noite na minha dimensão. Parece tudo ok, porque se aproxima e oferece as mãos para mim.

Quando minhas palmas tocam as dele, percebo que ambos estamos um pouco trêmulos. Eu, pelo orgasmo de poucos minutos atrás, que ainda reverbera de alguma forma em meu corpo. Ele, não sei o motivo.

***

É estranho voltar para o meu quarto. A impressão é de que faz uma eternidade desde que estive aqui. Tudo está do jeito que deixei, mas ao mesmo tempo parece diferente, como se esse lugar pertencesse à outra pessoa. Talvez eu seja outra pessoa.

Dmitry está parado, me observando, claramente se esforçando para olhar para o meu rosto e não para o meu corpo nu. Quando foi que fiquei despudorada assim, não vendo problema em viajar entre dimensões como vim ao mundo? Sei que ele quer falar alguma coisa, só não quer ser o primeiro a fazer isso. Resolvo ajudar.

— Obrigada por me trazer de volta. — Solto.

— Não precisa me agradecer. Você poderia ter permanecido em Nícta um pouco mais se quisesse, mas achou melhor voltar e está tudo certo. Eu quero que fique bem e agora vai ficar. Os pesadelos, a loucura, tudo isso acabou. — Ele diz com o tom de voz incomumente doce. Por que ele está dificultando as coisas sendo fofo assim?

— Isso é bom. — É o máximo que consigo responder sem entregar que estou me derretendo.

— Quer que eu fique?

— Não.

— Você vai ficar bem sozinha? Eu posso voltar mais tarde, nós podemos conversar, posso te explicar as coisas, ou só ficar juntos... - A esperança em suas palavras faz meu coração doer. Tenho dificuldade em conciliar o assassino e o homem que está à minha frente na mesma pessoa. Seria algo tipo o médico e o monstro? Me esforço para lembrar que preciso ir em frente.

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