Capítulo VI || Ultraviolence

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Dançamos juntos duas músicas pop que parecem estar fazendo sucesso no momento — se o parâmetro for a lotação da pista enquanto tocam — e percebo que formamos um bom par também nessa área. Dizem que afinidade na dança significa afinidade na cama. Veremos.

Um assassino eficiente deve saber de tudo um pouco. Foram inúmeras as vezes em que precisei me infiltrar em ambientes onde o conhecimento de alguns passos de dança e, principalmente, de ritmo, foi necessário. Pela primeira vez, estou fazendo uso recreativo dessa coisa toda.

Vivian é uma dançarina charmosa, naturalmente sensual, mesmo de improviso. Não temos muita liberdade, porque as asas limitam um pouco os movimentos, mas mesmo assim é divertido. E eu não costumava achar festas divertidas, pelo menos não até hoje.

Vacancy was lit, the guests were checking in... Quando a música lenta começa, Vivian coloca as mãos em volta do meu pescoço e eu a envolvo pela cintura, sentindo a maciez de sua pele. Colamos nossos corpos e nos mexemos, acompanhando a melodia sedutora em que o cantor pede para ser tocado, pede pela "pequena morte", o orgasmo que o fará se sentir humano. Não posso resistir a beijá-la ao compasso do som, devagar e profundo. Minhas mãos sobem e descem por sua coluna e ela suspira em minha boca enquanto sinto sua pele se arrepiar sob meus dedos. Seguro em seus quadris para trazê-la para ainda mais perto. Sei que meu pau está machucando sua barriga, mas ela não recua. Nossas línguas, nossos corpos se acariciam num ritmo só nosso que por acaso coincide com a música. Não sei mais se quero destruir tudo o que ela é. Ela é tão perfeita assim... Tão perfeita para mim... Mas se não o fizer, vou perdê-la para sempre. Maldito Martin, que me faz querer coisas impossíveis e que não dependem da minha vontade.

Ela está tão gostosa e entregue em meus braços, que experimento o desejo súbito de encostá-la numa parede e fodê-la até que desfaleça. Pouco me importa que nos vejam. Quero que saibam todos a quem ela pertence. E eu o faria, se isso não a matasse. Se transarmos nessa dimensão ela morre. Com apenas uma pequena exceção que não posso cogitar no momento.

Todo mundo a quem assassinei deve estar agora no inferno, rindo da minha agonia. Riam enquanto sofro, desgraçados.

Quando a música termina, mordo seu queixo e Vivian sorri; sorrio de volta e levanto o rosto dando de cara com Norah, à distância, nos observando com perspicácia. Ela já tinha percebido que havia algo acontecendo entre nós desde o encontro para falar do marido supostamente desaparecido de Vivian. Talvez ela saiba que não exista marido nenhum por aqui. Foda-se. Preciso sondar Martin para saber até onde vai o conhecimento dela sobre as viagens entre dimensões e claro, não posso deixá-la sozinha com Vivian enquanto isso. Ela pode colocar dúvidas prejudiciais a mim em sua mente.

Além de Norah, Martin me olha parecendo estupefato. Pego minha Ovelhinha pela mão e vou até ele.

— Eu não esperava que Dmitry dançasse tão bem. — Comenta Vivian, assim que se aproxima dele.

— E eu não esperava ver o que eu vi. — Ele responde, ainda com uma cara estranha.

— O quê? — Perguntamos ela e eu ao mesmo tempo.

Martin ri.

— Vocês são o casal mais bonito, gostoso, perfeito e improvável que já vi. Se a música não acabasse logo, teria que chamar Maurice para dar uma fugidinha comigo, porque eu estava ficando excitado só de ver vocês dois. O que foi aquele beijo?

Martin se abana e Vivian fica vermelha.

— A oferta ainda está de pé. Viv pode só brincar de leve para não ser prejudicada... — Diz, se voltando para mim.

Mando ele se foder e saímos dali.

— De que oferta ele estava falando? — Vivian pergunta, enquanto nos afastamos.

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