Capítulo 7 - Lizzie (Parte 1)

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Não vou aguentar ficar cinco dias inteiros trancada dentro de casa. Não dá. Isso é impossível. Eu tinha vindo para a Mansão da Madame para passar o Ano Novo com ela, como fazia todos os anos. Imaginei que as pessoas das Cortes também comemorassem essa data, mas descobri que eles não possuem tantas festividades como supus.

Nas minhas antigas terras, nós comemorávamos o Midsommar/Solstício de Primavera, pois era quando as flores se desabrochavam e o inverno ia embora, porém, logo em seguida, seguíamos para um grande banquete feito entre nós para acabar com os estoques de comida, liberando espaço para o próximo ano que seguiria. Me lembro de brincar muito, principalmente depois do Koa ter me dado um pequeno arco com flechas afiadas para fazer travessuras com os meus pais.

Já era de madrugada e Honey ainda dormia na sua cama, assim como boa parte dos empregados e dos convidados da festa. Eles tinham vindo para passar a semana e irem embora no dia 2, assim como eu. No entanto, uma coisa estranha que reparei foi que Regina estava em outra Colônia e chegaria no meio das festividades. Eu sei que ela nunca perderia uma boa bebida e uma boa música. Tinha algo realmente esquisito nessa história que a Madame me contou.

Dessa forma, eu estava usando uma das minhas antigas roupas que eu tinha escondido embaixo da minha cama para "situações de emergência", num lugar em que eu sabia que a Madame não se atreveria a procurar. Então, descalça, caminhei silenciosamente pelo vasto jardim, respirando fundo com os pulmões cheios de alegria ao sentir as gotinhas de orvalho contra os meus pés. Mesmo com um pequeno jardim na casa da cidade, não era a mesma sensação de liberdade.

O vento fresco da madrugada que amanhecia aos poucos batia nos meus cabelos, os bagunçando ainda mais. Dou de ombros, continuando a andar até o meu destino. Com tanta paz e silêncio me dava vontade de dançar e saltitar como uma criança. Contenho meus pés como se fossem cavalos selvagens e que queriam me fazer dançar uma valsa solitária pelo vasto pasto. Sem conseguir evitar, um sorriso calmo se forma nos meus lábios. Essa felicidade não tinha qualquer motivo para se manifestar, pelo menos, qualquer um que eu conheça.

Assim, ao chegar, me sento em um grande balanço de madeira que ficava no topo de uma pequena colina, pendurado entre duas colunas de pedra de onde estava uma pequena casinha de pedra, similar a estufa, porém, era usada para conversas durante a tarde entre as damas enquanto os cavalheiros insistiam em caçar o almoço.

Sem pressa alguma, subo os degraus acinzentados da cabana completamente aberta e me sento no balanço, levando os pés até a sua outra extremidade, enquanto apoiava a cabeça na corrente grossa de ferro que o segurava. Eu não precisava me forçar para balançá-lo, pois o vento já fazia esse trabalho.

A minha vista era de toda a Mansão e do sol que vinha pelo Leste, tocando a grama com sua grandiosidade e levando a luz para os cantos ainda cheios de sombras. Nos vastos campos planos, eu via as flores coloridas de um dos jardins se abrindo à medida que os raios solares os tocavam. Minúsculas fadinhas brancas, parecidas com estrelas, acordavam, ascendendo aos céus.

As Pixies tinham o tamanho de uma migalha de pão, mas eram criaturas extremamente interessantes. Elas purificam as águas e trazem harmonia para a natureza, além de serem muito curiosas e brincalhonas. Essa imagem era uma daquelas que eu nunca conseguiria tirar da cabeça tão fácil.

Então, vi algumas delas se aproximando, curiosas em relação a minha presença. As fadinhas pararam próximas ao meu rosto, conversando entre si alguma coisa que eu não conseguia entender que, por serem muito minúsculas, suas vozes se assemelhavam a barulhos de sininhos de Templos tocando rapidamente.

Uma delas tocou na minha bochecha, se afastando logo em seguida, com medo. Segurei a risada, erguendo docemente a mão a elas, que deveriam ser umas cinco, que hesitaram antes de sentarem contra a minha palma. Vendo que eu não representava qualquer perigo, as Pixies se empolgaram, brincando com as minhas mechas de cabelo e transformando o meu dedo indicador em um pequeno balanço com um pedaço do meu cabelo, que elas haviam enrolado ali.

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