Capítulo 16 - Azriel

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Meus dedos brincavam com os cabelos da minha parceira, que descansava contra o meu peito. Eu gostava do seu cheiro. Ela sempre teve cheiro de menta e flores. O Solstício de Inverno se aproximava, trazendo também as nevascas e o frio. Do lado de fora da janela, o vento batia com força contra o vidro, tentando entrar.

Já era setembro e ontem foi meu aniversário. Acho que o segundo melhor dia da minha vida, depois do meu casamento. Sinceramente, gosto da calmaria deste quarto. Apesar das portas e as paredes serem de madeira, eu mal conseguia escutar o vento assobiando do lado de fora. Lizzie poderia estar com os olhos fechados, mas eu sabia que ela não conseguia dormir.

Alguns meses atrás, quando achei sua carta, extremamente preocupante, fiquei louco. Fui direto para a mansão da Madame, querendo falar com ela. Porém, a maluca da Madame não me deixou nem mesmo cruzar o portão de ferro, dizendo que Lizzie não estava. Eu sabia que era uma balela, por isso, praticamente acampei do lado de fora por três dias, aguentando chuva e frio em uma árvore, até que o Eureka apareceu, chegando a pé com os braços cheios de malas e vestindo uma capa de linho preto surrado.

Nós conversamos e, preocupado e tirando sarro da minha situação, contei a ele o que estava acontecendo na minha Corte, pontuando sobre os Tesouros Nefastos que uma das Rainhas Mortais queria. Ele ficou surpreso dela saber sobre eles, dizendo que provavelmente a ex-humana já deveria ter a Coroa, pois estava escondida na Outonal.

Além disso, contei a ele sobre algumas cartas que encontrei destinadas a Lizzie e enviadas pela Madame. Eu não estava espionando a correspondência dela. Jamais faria isso. No entanto...nada chega na minha casa sem ser filtrado pelas minhas Sombras, pois eu já recebi muitas ameaças a minha vida de inimigos e papéis envenenados por líderes de legiões illyrianas. Depois de um tempo, acabei me cansando. Simplesmente perdeu a graça abrir os envelopes e a cabeça dos mais irrelevantes só para descansar.

Na carta, um dos Centauros que havia escrito a mensagem, pelo o que as Sombras me disseram, dizia que poderia levar ela e Amren até a Prisão em poucas horas e ainda oferecer escolta pessoal. Claro que, depois do Eureka me prometer que iria ficar de olho nela para mim, enquanto não poderia vê-la (graças a uma humana caduca que eu tenho vontade de arremessar de cima da Muralha em um arbusto de espinhos venenosos), fui ver Amren e tirar dela a limpo essa história.

Não acho nenhuma coincidência que as duas planejaram ir até a Prisão alguns dias antes de termos confirmado que a Harpa estava escondida lá. Imagino que eu poderia ter contado a Rhysand o que ocorreu e pedido ajuda para dar uma lição em Amren, no entanto, ele já está estressado o bastante com a possibilidade de perder Feyre por causa de seu próprio filho e com a merda que Nestha havia feito contando dos perigos da gravidez de Feyre, então decidi fazer isso sozinho.

Fui até a casa da Amren e, mesmo me remoendo de ódio por ser culpa dela que eu não conseguia chegar nem mesmo a trinta metros da minha parceira, pedi um esclarecimento. A fêmea tentou me enrolar, falando em palavras difíceis e dizendo que precisava comprar uma nova garrafa de vinho para Varian, que viria para vê-la, porém, eu não cedi. Todos poderiam ter medo dela, mas eu sou o único sem noção a peitá-la.

Assim, ela não me disse muita coisa, apenas que haviam mais objetos em jogo do que apenas os Tesouros Nefastos e que eu deveria ficar de olhos na minha filha e na minha parceira, pois elas estavam correndo perigo, pois, se Briallyn descobrisse que Koschei era apenas uma peça no meio do quebra-cabeça, ela viria atrás delas com a Coroa que ela com certeza já possuía.

Posso ter ficado um pouco irritado e com medo. Antes de sair, falei a ela que deveria fazer as pazes com a Lizzie, se não eu faria todas as suas jóias desaparecerem em um piscar de olhos. A fêmea me xingou de algumas palavras nada agradáveis de serem repetidas, porém, eu já estava descendo as escadas do seu prédio, voltando para as Terras Mortais.

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