Capítulo 17 - Lizzie

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Finalmente consegui um tempo a sós com o meu pai. Já não aguentava mais o Azriel me vigiando por todos os cantos e usando a Honey como desculpa para não me deixar sozinha com o meu próprio pai. Sei que ele confia em mim, mas está tão claro quanto cristal polido que ele não confia no meu tata. Machos territorialistas.

Para poder sair de casa "sozinha", falei para a Honey e o Eureka influenciarem os outros a arrumarem a sala para o feriado e, aos poucos, Seren e Lohan se juntaram a eles, que estavam tirando caixas de decoração de um dos armários, e se ofereceram para ajudar. Eureka desafiou Koa que não conseguiria terminar isso antes da meia noite, o que para o macho foi um completo desaforo. Enquanto Honey, usando seu charme infantil, pediu para que o Az a ajudasse a colocar os ramos de pinheiros no alto e ele não conseguiu dizer não.

Na verdade, meu plano era sair sozinha para comprar as coisas que faltavam para o feriado e um presente para os parentes. Entretanto, meu pai logo percebeu que se tratava de um grande esquema para que eu pudesse sair escondida de casa. Ele disse que a minha mãe já o havia enganado antes, mas ele não cairia nesse velho truque de "dividir para conquistar". Então, deixei ele vir comigo, contanto que não falasse nada para ninguém.

Nós descíamos pela larga rua de pedra de Velaris. Haviam pessoas rindo e conversando de todos os lados. À medida que passávamos, os feéricos viravam a cabeça, como se pudessem rotacionar o pescoço em 360°. Todos nos encaravam descaradamente, cochichando e puxando as crianças de perto de nós, como se fossemos bichos. 

Cheguei a escutar uma fêmea sussurrar para a companheira: "Como o Grão-Senhor tem coragem de deixar com que eles andem livremente? E as crianças?". O que a mesma respondeu a esposa: "Já deveriam ter colocado uma coleira mágica na Puta. Quem disse que ela não está passando informações nossas para o amante?"

Meu pai também deve ter escutado, pois, por pouco, quase avançou para cima delas. Porém, firmei o meu braço que estava entrelaçado ao seu, o mantendo ao meu lado. Não me dei o trabalho de encará-las, apenas respirei fundo e continuei a andar. Já conheço bem essa ingratidão. Mesmo quando você doa a sua vida para proteger os inocentes, eles ainda ousam atirar pedras.

Alguns minutos depois, comprei as velas de cera vermelha que iria colocar na mesa da ceia e um par de sinos novos para se colocar na lareira, pois os nossos estavam enferrujados. Azriel nem mesmo deixou que eu tocasse neles antes de jogar fora, porque ele disse que "faz mal para mim e o bebê". Minha barriga não está nem ao menos aparecendo e ele está EXTREMAMENTE superprotetor. Nem consigo imaginar essa superproteção nos meses finais da gestação.

Porém, ao invés de irmos para a minha casa, chamei a Feyre mentalmente e perguntei se ela poderia me ajudar com uma "distração" e, depois de explicar, ela aceitou. Nós então andávamos em direção ao seu galpão de artes em que ela estava terminando de organizar as coisas da última aula com as crianças. Meu pai não sabia de nada, pelo menos.

- Como pode deixar com que falem assim com você, Elizabeth? - papai perguntou, atraindo a minha atenção. Seu tom não era de raiva, mas de preocupação.

- Não sei como poderia fazê-los parar sem provar que estavam certos - dou de ombros, sentindo o vento gelado bater na minha bochecha nua.

- Ele não sabe disso? - "ou não se importa com você sendo chamada assim?", era a pergunta implícita.

- Não. O Az não fica tempo o bastante em meio a pessoas para ouvir esses boatos covardes e eu parei de ligar para isso - afirmei, apoiando a cabeça no ombro largo e agasalhado do meu pai. Seu cheiro era o mesmo que eu me lembrava da infância. Não acredito que, por tanto tempo, me esqueci de como era a sua voz e o seu cheiro.

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⏰ Última atualização: 6 days ago ⏰

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