Capítulo 8 - Lizzie (Parte 2)

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Nestha não viera só, já que trouxe consigo um furacão de energia ruim e pensamentos homicidas. Estou surpresa que ela não apunhalou Cassian no momento que chegou. Sabendo do que estaria próximo de acontecer, falei para Az levar a Honey para a biblioteca e ficarem lá durante a tarde toda. Claro que ele ficou um pouco preocupado comigo, afinal, era da fúria gélida de Nestha que estávamos falando. No entanto, o tranquilizei, deixando-o mais calmo para poder fazer seu trabalho.

Não vou mentir, assim que a fêmea colocou os seus pés na Casa do Vento, um sentimento de ódio e tristeza sobrecarregaram meu peito. Não ousei esbarrar com ela, observando-a pelos cantos, até que ela entrasse no seu antigo quarto. Nestha parecia uma verdadeira pilha de nervos e eu não queria piorar a situação que Cassian, com as suas provocações e flertadas mal feitas, deixou.

- Então, ela se acalmou? - escutei Mor perguntar para o macho, enquanto eu me aproximava da sala de jantar, para me juntar a eles na conversa.

- Está tirando uma soneca - Cassian disse, baixinho. Em resposta, Mor bufou - Não diga nada.

- Devíamos ter enviado Nestha para a Corte dos Pesadelos - ela comentou e o meu coração se apertou contra o peito. Só porque alguém está agonizando e não sabe como passar pelo sofrimento, então é motivo de jogá-la num lugar tão horrível quanto aquela Corte que nem mesmo a própria Mor não gosta de visitar? Eu até gosto um pouco da fêmea, mas... - Ela prosperaria lá.

- É exatamente o tipo de ambiente do qual estamos tentando mantê-la afastada - Cassian responde.

Assim que coloco o pé na sala de jantar, os dois se calam instantaneamente, Mor engole em seco, se assustando. Pela feição do illyriano, aquilo era uma novidade. A fêmea logo esticou a coluna e olhou pela janela próxima, buscando algum conforto. Então, Cas, tentando aliviar o clima, me disse:

- Aí está você! Quando vai parar de evitar os treinos? - tinha um tempo que eu não aparecia de manhã por causa de uma outra coisa que estava fazendo dentro da Casa do Vento, que eu não contei para ninguém, nem mesmo para a Honey ou para o Az.

- Quando vai parar de evitar o almoço? - rebati, lhe oferecendo um sorriso terno e gentil. O macho riu com sarcasmo e se reencostou contra o assento da cadeira, mais leve.

- Justo - ele apoia o chá que bebia em cima da mesa.

Alguns segundos em silêncio puro se passaram, nos deixando desconfortáveis. Pelo menos, até Morrigan se levantar, murmurando para nós dois uma desculpa mal feita:

- Tenho que ir, fiquei mais do que o necessário.

Antes que nós nos déssemos conta, ela desapareceu em meio às trevas, atravessando para seja lá onde. Enquanto a fumaça sumia, eu estreitei meus olhos para ela, gostando da sensação de afastá-la por um momento. Cas soltou um suspiro, empurrando com o pé a cadeira do seu lado e indicando que eu me sentasse.

Não tenho medo dele, então não me incomodei ao me sentar na cabeceira da mesa, com ele à minha direita. O macho pegou uma das xícaras limpas para mim e colocou um pouco de chá nela, estendendo-me a porcelana morna. Baixinho, o agradeci. Curioso, ele me questionou:

- Onde esteve se escondendo o dia todo?

- Quer dizer que procurou por mim? - levei a bebida aos lábios, sentindo um leve gosto de magia ao dar o primeiro gole. A casa tinha feito o chá, não ele. Ergui os olhos, apoiando o chá na superfície reta da mesa de madeira nobre. Ele se calou, cruzando os braços, visivelmente desconfortável, então mudei de assunto - Soube por Elain que você terá que bancar o cortesão.

- Ela te falou isso? - ele parecia...surpreso. Assenti.

- E outras coisinhas a mais - complementei, apoiando elegantemente os antebraços contra a ponta da mesa. Cassian revirou os olhos.

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