Capítulo 5 - Lizzie

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De certa forma, a vida parecia...monótona. Já faz quase um mês que o aniversário da Honey havia acontecido e a nossa rotina se estabelecido, mas ainda sinto que tem algo faltando. As tardes em que não trabalhava, saia com Feyre ou Elain, principalmente com a segunda. Azriel gostava de passar o tempo livre com a Honey, tanto a treinando quanto à ensinando a tocar o seu violão.

Era engraçado vê-los tentando ensaiar o básico, mas dolorosamente escutá-los. Eu estava lendo na biblioteca particular com Elain, acompanhada de uma deliciosa xícara de chá e uma torta de morango. O divã branco em que eu me espreguiçava estava apoiado contra uma das grandes janelas que me permitia ver Honey e Azriel treinando no jardim com uma espada de madeira. Ele achou melhor deixar com que passassem a arma de metal para a menina quando Cassian estivesse junto para ajudar caso precisasse.

O dia estava tranquilo e a temperatura estava amena. Eu gostava dessa calmaria. Por mais que eu tentasse ler o meu livro, não conseguia retirar os olhos da janela, vendo o treino. Em um momento em que Azriel contava algo para ela, sem prestar atenção, Honey bateu a madeira na perna do pai, o deixando em choque, e tentou correr para dentro para se esconder. No entanto, ele a agarrou pela cintura, a erguendo no ar.

- NÃO! - Honey gritou, em meio a risadas.

- Você não achou que saíria em pune disso, não é? - ele perguntou, carregando um sorriso largo e tão lindo que me deixava hipnotizada.

- Me desce! - ela disse, se debatendo no ar como uma barata virada de costas.

- É melhor começar a se desculpar então, se não te coloco no telhado - ele brincou.  

- O que acha? - Elain me perguntou, calmamente, atraindo a minha atenção.

- Sim? - perguntei, confusa.

- Perguntei se poderia ficar com vocês essa semana - Elain disse, me encarando com um olhar de cão ferido. Entendi o motivo. A razão desse desconforto tinha pele morena, cabelo ruivo e um olho de metal dourado. Ele viria para uma reunião com os Grão-Senhores em relação ao problema das Rainhas Mortais que ainda estavam a solta por aí.

- Sem querer ofender, mas Nestha está com alguma visita? - a questionei, gentilmente, esperando que ela não me entendesse mal. Elain apoiou a sua xícara de chá com mel na mesinha de centro, olhando pela janela do segundo andar as nuvens brancas e o céu azul claro claramente sentida.

- Eu não queria pedir a ela. Ainda estamos nos entendendo e... - Elain suspirou - Agora ela tem as amigas dela e o parceiro. Não estou reclamando, fico feliz dela ter conquistado isso, mas...

- Se sente pressionada? - perguntei, abaixando o livro e o apoiando no meu colo.

- Já se sentiu como se todos estivessem fazendo algo de importante e você foi deixada para trás? - a fêmea comentou. Quando eu iria responder, ela continuou - Feyre é Grã-Senhora, tem seu filho e o parceiro. Nestha é uma Valquíria e também tem o seu companheiro, duvido que levará muito tempo para arrumar um filho. Por fim, tem eu... continuo na mesma desde que fui transformada em feérica. Cuido do jardim. Apenas isso.

- Eu te entendo, Elain - afirmei, cerrando os lábios.

- Elain, a Corça - ela disse, olhando pela a janela, hipnotizada - Foi assim que Amren me chamou quando vim para cá e quando a conheci. Elain, a Vidente. Parece que ela sabia que eu não sirvo para merda nenhuma além de ser a boazinha Elain que a minha irmã comentou - não consegui esconder a careta de surpresa por ouvi-la pronunciar um palavrão. Sem me deixar muito tempo para raciocinar, ela continuou, rindo. A gargalhada que saiu da sua garganta era seca, muito semelhante à que a Madame costumava soltar - É engraçado pensar que eu deveria ter sido a primeira a me casar e ter a minha vida longe de todo mundo.

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