Capítulo 3 - Azriel (Parte 1)

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Um grito ecoou pela caverna escura e úmida. Então, continuei o meu trabalho. Usando a minha adaga, bem lentamente, usei-a para arrancar pedaços dos dedos dos pés do humano e desfigurar os seus tendões. Ele continuou a gritar enquanto o seu sangue enchia a pedra negra. Suas mãos estavam presas nas paredes por algemas, enquanto os pés por correntes no chão.

- Quero saber onde o Lorde Crane está se escondendo - ordenei que ele contasse, tocando a ponta da Reveladora da Verdade contra a sola do seu pé, colocando cada vez mais lentamente pressão nela, fazendo-a entrar.

- Não sei! - ele berrou, com lágrimas de agonia escorrendo do seu olho intacto, pois o outro eu tinha arrancado e o feito comê-lo logo em seguida. Já estou nesse dilema com esse guarda há quatro dias - Por favor!

- Você tem que saber... - murmurei, continuando a empurrar a empurrar a adaga contra a sua pele, perfurando-a e muito perto de atravessar os músculos e ossos - Não era o general dele?

- ERA! - ele engoliu um pouco o choro. Parece que consegui o quebrar, finalmente.

- Ele te descartou?

- FOI! ELE NÃO GOSTOU QUE EU DEIXEI A FILHA BASTARDA DELE ESCAPAR! - eu queria muito degolá-lo como se fosse um cachorro sarnento por ter falado da minha filha assim - EU JURO! PASSEI TRÊS NOITES EM CLARO PROCURANDO NAQUELA FLORESTA, MAS NÃO ACHEI! ME SOLTA, POR FAVOR!

- Digamos que...

Com a mão livre, peguei um dos carvões quentes que estavam aquecendo próximo ao ferro em brasa. Ele queimava um pouco a minha mão, mas não liguei. Então, pressionei a faca com mais força contra a sola do pé, o fazendo gritar mais ainda. No momento em que ele abriu a boca, joguei o carvão dentro dela e, quando ele pensou em cuspi-lo, fechei a sua mandíbula, o fazendo agonizar. 

- Eu tomaria mais cuidado para falar a coisa certa. Vamos agora com perguntas de sim ou não. O que acha? - ele assentiu, em meio ao desespero para se livrar da minha mão - Ótimo, me conta, ele tem algum esconderijo? - o homem de uns quarenta anos balançou a cabeça, afirmando - Ele fica em Prythian? - ele não respondeu - Não sabe? - o bobo confirmou.

Bufei, irritado. Me levantei do chão e soltei a sua boca. O homem cuspiu o carvão na pedra, tossindo e gemendo. Então, dei a meia volta, fechando a cela da Cidade Escavada e, quando estava prestes a ir embora, ele me surpreendeu, dizendo, com a voz rouca:

- Não sabe com quem está lidando. Ele vai te trucidar e depois vender a sua esposa para quem quiser fodê-la - parei, surpreso - Vi que está de aliança - parece que eu estava pegando leve mesmo, já que o humano conseguiu ficar tão consciente para pensar.

- Ele também não sabe quem está atrás dele - comentei, indo embora. 

No final do corredor, esbarrei com Eureka, que estava apoiado contra uma das paredes, de braços cruzados. Ele tirou de um dos bolsos um pano branco, me entregando-o. Sem falar nada, aceitei, limpando as minhas mãos e a Reveladora da Verdade.

- Por mais que eu concorde em ir atrás do Crane, não acho que conseguiríamos muita coisa - ele afirmou, com um semblante...triste - Já procuramos por qualquer coisa em Hybern e as transferências de dinheiro foram feitas em alto mar para não serem rastreados - com as mãos limpas, ergui a cabeça, o encarando. 

Eu não fazia isso por mim, mas pela Lizzie. Ela merecia viver uma vida sem se preocupar se aquele desperdício de oxigênio iria atrás dela ou da Honey. Por que, mesmo que eu odiasse a hipótese, sei que o Lorde estava apenas ganhando tempo para se estabelecer de novo para ir atrás de nós. Afinal, não deixaria com que uma ex-escrava sexual dele ou uma bastarda estivessem soltas por aí. E isso me deixava doido.

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