Capítulo 13 - Lizzie (Parte 1)

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Eu estava nervosa e cansada. Já tinha colocado Honey para deitar e, para a minha surpresa, ela não fez nenhuma pergunta sobre o estado que meu parceiro chegara aqui. Pelas surpresas desse dia, decidi deixar para lá.

Abri a porta do nosso quarto e coloquei a bandeja com comida e bebida em cima da mesinha de cabeceira, ouvindo a água da banheira se mexer atrás de uma parede que dividia o quarto e o banheiro. Antes, era apenas um cômodo, com a banheira exposta no meio do aposento e um pequeno lavabo.

Quando nos mudamos, fizemos uma parede para dividir tudo e aumentar o tamanho da banheira para que nós dois coubéssemos nela, a colocando elevada do chão e encostada contra a parede. Enquanto tirava meus brincos de pérolas, os deixando dentro da minha caixinha de música, não consegui evitar o desfoque da minha atenção, enquanto olhava para a cortina que cobria o arco do banheiro.

Eu estava nervosa. Isso eu não poderia negar. Ele não me contou absolutamente nada sobre onde esteve e o que o deixou tão abalado. Com os brincos devidamente guardados, fecho a caixinha e arranco as meias dos meus pés. Estava frio, mas nada que eu não pudesse suportar.

Passando pela grande janela que mostrava o meu jardim, vi o céu escuro mais nublado do que o normal. A neve deve começar a cair daqui a alguns dias. Mal acredito que o Solstício é daqui a quase uma semana. No tempo em que o Az esteve fora, me ocupei comprando os presentes para o Solstício e os guardando debaixo da cama. Além disso, também fiz muitas outras coisas, como assistir a uma nova peça no Teatro de Velaris. 

Nestha constantemente aparecia aqui para ler alguma coisa ou para contar as fofocas. Pelo o que soube, Feyre e Elain não têm estado nos seus melhores dias e parece que as outras duas Valquílias foram morar com ela e Cassian, afinal de contas. No entanto, Emerie não desistiu da sua loja, apenas trabalha menos horas e contratou outras pessoas para a ajudarem. Parece que os negócios para ela estavam bem. E, até onde sei, Gwyn continua na sua mesma alegria de sempre.  

Ademais, uns quatro dias atrás comecei a me sentir muito mal e cansada. Um dia, estava com Elain aqui e, enquanto costurávamos alguma coisa, acabei dormindo com a agulha espetada na mão e só descobri isso três horas depois quando acordei. Porém, apenas achei se tratar de algo comum.

Mas... Antes de ontem, levantei no meio da madrugada com o estômago embrulhado e tive que correr para o banheiro colocar a minha janta para fora. Em um primeiro momento, achei se tratar de algo relacionado a minha preocupação, contudo, ouvir a Honey me perguntando se eu estava usando um perfume novo por causa do cheiro adocicado que ela conseguia sentir do seu quarto foi a gota d'água.

Enfim, tive a decência de olhar direito para o meu corpo, percebendo que os meus seios estavam mais sensíveis e a minha barriga estava reta. A imperfeição da gravidez passada tinha sumido. Eu estava mesmo grávida. Me lembro de ter cancelado todos os compromissos do dia só para poder me deitar na minha cama e pensar nisso.

Eu estava pasma. Havia uma criança dentro de mim. Eu sei que ainda estava cedo e ela poderia se soltar da minha parede uterina, mas... Havia vingado. Me lembro de ter caído de joelhos e chorado muito. O motivo? Simplesmente não sei. Não consigo descrever a mistura de alegria, desespero, medo, alívio e surpresa que senti.

Caminho em direção ao nosso armário e tiro uma toalha de banho limpa. Solto um suspiro, tentando acalmar meus nervos, e vou até o banheiro. Ao puxar um pouco a cortina, sinto o calor do lugar, que estava parcialmente iluminado por algumas velas espalhadas por cima da cuba da pia. Onde estava a banheira, longe da luz, uma enorme figura estava curvada, em meio às sombras, como se fosse uma delas. Me aproximei dele, segurando a sua toalha.

- Está tudo bem? - perguntei, afastando uma das suas asas molhadas que estavam abertas, como se fossem uma enorme parede escura. Assim que toquei nas membranas macias e geladas (por causa da água fria) da sua asas illyriana, percebi que as suas sombras subiram pelas pontas dos meus dedos.

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