Capítulo 6 - Nestha

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Acho que isso pode ter sido um pouco minha culpa. Porém, não mudo meu posicionamento sobre Bryce. Claro que não confio 100% nela, principalmente depois de ter roubado a Reveladora da Verdade e fugido, mas entendo o seu motivo. Chega a ser irônico ela ter conseguido fazer o que eu não consegui quando Feyre e Rhys me mandaram para a Casa do Vento.

No entanto, por ter confiado nela, acho que estraguei um casamento. E não foi o meu. Fazia quase um mês que tudo aquilo havia acontecido, mas as consequências estavam bem estampadas. Nesse tempo, Azriel saiu de casa para...fazer algo que ninguém sabe o que, apenas Lizzie, que se recusa a contar para qualquer um. Cassian me disse que ele deve estar se escondendo para evitar brigas com a parceira ou se afundando em trabalho para tentar se prevenir para uma possível guerra contra os Daglan. E, por mais que eu odeie isso, tive que concordar.

Assim, por puro tédio e raiva, Lizzie veio passar o mês na Casa do Vento com Honey. Admito que estou feliz pelas duas terem vindo e fiquei ainda mais alegre quando meu parceiro propôs a ideia de trazê-las.  Cas gostava muito da Honey e, como os dois são tão cheios de energia, eles acabam cansando um ao outro, deixando aquela casa ainda mais tranquila para mim, Lizzie, Emire e Gwen passarmos a tarde fazendo o que queríamos.

Hoje, como Cas teve que ir ver algumas legiões, nós cinco fizemos uma noite das garotas como eu costumava fazer para relaxar. Discutimos sobre livros novos, jogamos adivinha (do mesmo jeito que Gwen brincava com as crianças do seu Templo), dançamos e cantamos como se não houvesse mais ninguém para nos escutar. Então, finalizamos a noite com uma taça de sorvete de creme com calda de caramelo que foi entregue para nós pela Casa.

Eu estava com um short preto e uma das camisas de Cassian, que mais parecia uma enorme camisola no meu corpo, utilizando uma das misturas hidratantes de Lizzie no rosto e com o cabelo cheio de bobes de ferro. Como já estava ficando tarde, a fêmea de cabelos pretos decidiu atravessar Gwen e Emire para suas respectivas casas.

Enquanto isso, eu e Honey ficamos na minha biblioteca, ambas lendo seus respectivos livros, esperando que Lizzie voltasse. Eu estava praticamente estirada sobre uma das poltronas, ao mesmo tempo em que Honey se deitava de barriga para baixo no chão em cima de algumas almofadas. De vez em quando, eu via de canto de olho a garota pegar alguns biscoitos em um dos pratos no chão, sem retirar a atenção do livro... "A História da Estratégia Militar e suas Aplicações"? Isso com certeza é coisa do Cassian.

- Então...? - Honey começou, meio tímida - É verdade?

- O que é verdade? - ergui os olhos do livro, a vendo me encarar, com uma touca de cetim na cabeça escondendo os seus cachos castanhos escuros, uma cor exatamente mediana entre o preto da mãe e um castanho claro. 

- Que você matou um Verme? - ela pergunta, curiosa.

- Como sabe disso? - arqueio a sobrancelha, sabendo que Lizzie, Az ou Cas nunca falariam aquilo para ela.

- As paredes são finas - ela sorri, de forma sem-vergonha, dando de ombros - e os dois não são bons em discutir baixo.

- Sim, matei um Verme - afirmo, pensando o quanto Lizzie e Az a subestimavam. Honey é uma das pessoas mais inteligentes que eu já conheci e isso tudo graças a sua curiosidade insaciável.

- Ele era tão feio quanto na pintura da tia Feyre? - assenti. Feyre havia enfrentado um desses ainda humana em Sob a Montanha. É uma pena eu nunca ter parado para escutá-la. Teria facilitado muito a minha batalha. Honey sorriu, abaixando o livro - Como matou ele?

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