Capítulo 4 - Azriel (Parte 2)

93 11 5
                                    

Eu estava tomando o café da manhã com a minha família, pegando gomos de algumas mexericas e comendo-os, enquanto Lizzie, sentada na minha frente, comia duas torradas e bebia um suco de manga. Na cabeceira da cama, Honey terminava de empilhar as fatias de pão tostado, começando a comê-las.

- Algum plano para hoje? - Lizzie perguntou, docemente. Honey me encarou, tentando engolir de uma única vez a torrada.

- Vou levar a Honey para Illyria - falei, continuando a comer a minha fruta.

- Ainda não entendi o motivo - a minha parceira disse, curiosa - Achei que não gostasse de pisar nas Estepes.

- Não gosto mesmo - afirmei - Mas quero mostrar uma coisa para ela hoje.

- Alguma tradição?

- Mais ou menos - dei de ombros - Quer vir também?

- Feyre e Elain disseram que virão para cá assim que anoitecer. Vou ficar esperando vocês - Lizzie disse, se levantando e aproximando-se de mim, dando um beijo na minha bochecha - "E vai ser bom vocês passarem um tempo juntos sozinhos."

"Concordo" - respondi, encarando Honey, que continuava a comer, como se nada tivesse acontecido. Lizzie foi até a cozinha ver a água que fervia para o seu chá - Empolgada?

- Não sei - ela disse, confusa. Sua boca estava suja com os cupcakes que eu e a minha amada fizemos hoje de madrugada - Pelo o que eu deveria estar empolgada?

- É seu aniversário.

- Eu sei - ela riu, ainda meio insegura - Mas por que vamos para as Vilas?

- Quero te mostrar uma coisa - respondi, me levantando - O resto é surpresa.

- Não gosto de surpresas - ela fechou o rosto, franzindo as sobrancelhas. Atrás de nós, Lizzie cai na gargalhada. Reviro os olhos, imaginando o quão irônico era que a filha de um Mestre Espião não gostava de segredos. Então, ela continua, baixinho - Se contar eu te livro da sua promessa.

- Boa tentativa - respondi, no mesmo tom - Ainda não vou te contar.

- Então vai ter que cantar uma história para dormir para mim com o seu violão - ela semicerrou os olhos, da mesma forma que Lizzie fazia quando sentia que estava ganhando uma discussão - Do jeito que prometeu semana passada.

Eu realmente prometi isso. Só que existia um motivo sombrio por trás disso. Semana passada, Honey nos acordou aos berros. Ao chegarmos em seu quarto, eu com a Reveladora da Verdade em mãos, a vimos encolhida na cama, tremendo e de olhos fechados. Lizzie se aproximou dela e passou a mão pela sua testa, me dizendo com o rosto pálido:

- Ela está gelada e suada - me aproximei, passando os dedos pela a sua bochecha ensopada de suor.

De susto, deixei com que a faca caísse no chão e a peguei nos braços, ainda tremendo e em transe. Assim, me sentei na cama e a apoiei contra meu peito, acariciando seus cabelos, enquanto sussurrava que tudo estava bem. Eu podia sentir o seu sangue borbulhar sob a pele e os lábios trêmulos contra o meu peito. 

Quando notei, Lizzie passava um pano úmido quente pela sua testa, tentando a acalmar ao mesmo tempo em que as lágrimas gélidas escorriam pelo seu rosto. Foram algumas horas tentando a acalmar, até que pegasse no sono novamente. Porém, nenhum de nós conseguiu dormir após isso. 

Horas depois, Lizzie até tentou dormir, enquanto permaneci com a menina nos meus braços. Me lembro de Honey abrir os olhos e me encarar, surpresa. Beijei sua testa e a abracei. Nessa hora, acabei prometendo a ela que cantaria uma das músicas que eu vinha ensaiando há um tempo. Pelo menos, eu poderia a fazer alegre um pouco. No entanto, primeiro, eu queria mostrar um pouco da minha cultura para a minha filha.

Corte de Amor & MagiaOnde histórias criam vida. Descubra agora