10-Ferimentos

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TOM NARRANDO

Os funcionários fizeram o que eu mandei e eu abro a porta para Natália entrar. Em seguida fecho e entro no carro pelo outro lado.

O caminho foi em total silêncio, um silêncio pesado. Ainda não entendo o que me levou a fazer aquilo lá, essa garota nem é nada minha. É apenas um pagamento de um velho fudido que não tem de onde tirar dinheiro. Meu nariz doía pelo soco que levei de Jonathan. Na hora nem sentia dor, a raiva amenizava mas agora está doendo pra caralho.

Chegamos em casa e eu guardei o carro na garagem, Natália saiu e entro dentro de casa sem abrir a boca. Para minha sorte nenhum dos meninos estavam acordados, eles ficariam perguntando o que eu havia aprontado para a nossa situação de chegada.

Vou até o meu quarto e me desfaço de minha roupas. Vejo uns roxos pelo meu corpo dos socos mas ignoro e vou para o banho sentindo a água quente escorrer pelo meu corpo. Em vinte minutos eu saio do box e visto apenas um short. Saio do banheiro e vejo a garota loira sentada em minha cama observando cada detalhe do meu quarto.

-O que faz aqui?-Pergunto meio seco e ela se assusta.

-Desculpa, eu vim trazer uns remédios e curativos.-Ela diz se levantando e mostrando a caixa de primeiros socorros.

-Não precisa.-Digo e me aproximo.

-Deixa eu fazer os curativos.-Ela diz.

-Não, eu tô bem.-Digo e meu nariz começa a escorrer sangue.

-Estou vendo.-Ela diz ironicamente.-Por favor, Kaulitz.

Todos me chamam de Kaulitz mas saindo de sua boca parece algo tão...sexy? Que bizarro o efeito que essa garota tem.

-Me deixa cuidar de você, você brigou por minha causa. É o mínimo que eu posso fazer.-Diz ela me olhando com aqueles olhos brilhantes.

Fico quieto e ela se aproxima de mim. Me sento na cama e ela se senta ao meu lado. A mesma pega um algodão e passa algum líquido dele e começa a limpar o sangue do meu nariz, observo ela concentrada e como ela é linda. Seus traços delicados e suaves são divinos.

-Para de me olhar...-Ela cora e eu deixo o sorriso de lado escapar.

Natália passa uma pomada em meu nariz e me encara. Logo seu olhar desce para o meu peitoral com manchas roxas e ela delicadamente passa a mão em cima das manchas. Dou um gemido baixo de dor e ela afasta a mão. Pega uma pomada na caixa e passa em cima dos ferimentos.

-Como sabe cuidar dos ferimentos?-Pergunto curioso.

-Meu pai vivia de metendo em confusões. Quando ele dormia eu cuidava dos ferimentos para que não agravassem.-Diz ela e termina de passar a pomada em meu peitoral.

A mesma guarda as coisas na caixinha e abaixa a cabeça olhando sua mão, um silêncio se instala. Em um movimento automático eu coloco a mecha de cabelo caída em seu rosto para de trás da orelha. Natália me olha curiosa e parece querer dizer algo mas não tem coragem.

-Obrigada.-Diz a loira e eu franzo a testa.

-Pelo o que?

-Mesmo que não tenha sido por vontade própria ou por que você quis que eu viesse para cá, esses dias estão sendo melhores do que na casa do meu pai. Ele só sabia beber, se drogar e reclamar pelo jeito que eu arrumava a casa e trabalhava. Sendo que ele não fazia nada e não botava um real dentro de casa.-Ela deixa uma lágrima involuntária cair de seu olho.

Limpo a mesma e puxo delicadamente o seu rosto fazendo ela olhar para mim.

-Agora você não precisará se preocupar com nada disso.-Digo e ela deixa um sorrisinho de lado em seu rosto. -As vezes você parece ser mais velha. É madura demais para a sua idade.

-Eu tive que amadurecer, ou então eu morria.-Diz ela.-Mas vocês ainda não me falaram a idade de vocês.

-Eu e Bill temos vinte anos, Georg e Gustav tem vinte e dois.-Digo e ela arregala os olhos.

-Pensei que tivessem no máximo dezoito.-Rio de sua reação.

-Seria errado querer te beijar né?-Digo e depois me dou conta do que eu disse.

-Seria, mas tudo aqui está errado. Um erro a mais ou a menos não fará diferença.-Diz a loira.

Passei minha língua pelos meus lábios e levei minha mão até a sua nuca. Sentia sua respiração tão descontrolada quanto a minha. Finalmente iria selar nossos lábios quando a porta é aberta fazendo a garota pular no susto e se separar de mim.

-Já chegaram?-Vejo meu gêmeo na porta.

-Já.-Respondo com raiva.

-Ah, tá bom. Boa noite então.-Diz ele coçando os olhos e saindo.

Sério? Ele entrou e atrapalhou o momento só pra isso? Olho para a garota super envergonhada.

-Bom, eu vou dormir. Boa noite, Kaulitz.-Diz ela pegando a caixa e se levantando.

-Boa noite, querida.-Digo provocando e ela me olha.

A mesma sai correndo do quarto quase caindo em seus próprios pés. Me jogo na cama e fico olhando para o teto do meu quarto.

-Acho que eu nunca te odiei tanto como hoje, Bill Kaulitz.-Digo sozinho.

O MAFIOSO-Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora