06.

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Carolyna dormia serenamente, estava de lado encolhida como um bebê, agarrada ao cobertor de Priscila como se fosse o próprio corpo da artista. Despertou devagar, rolou na cama e sentiu um perfume que definitivamente não era o seu no cobertor ao seu lado. Abriu os olhos e se sentou rápido na cama em alerta olhando ao redor, sua cabeça pulsou e seu estômago parecer dar uma cambalhota pelo movimento. Estava sozinha em um quarto estranho, a sua direita, uma parede cinza tinha cortinas pretas que escondiam parcialmente uma porta de correr toda em vidro, deixando entrar um pouco da luz que vinha da sacada. Na sua frente uma grande porta branca também de correr contrastava com a parede completamente preta. Do seu lado esquerdo, outra porta branca menor também estava numa parede preta e, atrás da cama, havia um mapa-mundi gigante em tom acinzentado cobrindo toda a parede.

A cama de casal estava coberta por um lençol preto com detalhes em vermelho. O piso era marrom imitando madeira e estava coberto por um tapete branco felpudo que saía de debaixo da cama estendendo-se um pouco para os lados.

"Que lugar é esse?" se perguntou a latina já pensando no pior, sua cabeça dola absurdamente e ela não se lembrava da noite anterior. A última memória que tinha era de ter virado pelo menos sete doses de tequila seguidas em seu apartamento, depois havia entrado no carro e dirigido até....

- Puta merda! - Sussurrou uma exclamação  arregalando os olhos e passando as mãos pelo rosto.

Levantou-se, estava descalça, suas sandálias de salto alto estavam ao lado da cama um pouco afastadas, logo após uma fileira de almofadas espalhadas. Fez menção de calça-las e sua cabeça latejou fazendo seu estômago embrulhar. Desistiu da ideia e foi a passos suaves até a porta, puxou lentamente espiando pela fresta. A sala não era muito grande e estava ligeiramente bagunçada. Algumas sacolas estavam em uma pequena mesa de dois lugares num canto, havia dois sofás pretos, uma televisão e uma pequena mesa de centro. Priscila estava sentada em seu sofá macio de três lugares, com sua calça jeans, all star preto e jaqueta de couro, as pernas estavam em posição indiana com os cotovelos segurando a cabeça que pendia em sono. Ela encarava a vista da sacada vendo o dia amanhecer, o relógio digital sobre a mesa de centro marcava 06:00h da manhã.

A latina abriu a porta por completo e a outra se moveu ao ouvir o barulho.

- Oi. - Murmurou a garota de voz rouca, virando a cabeça em sua direção, tinha olheiras contrastando com a pele branca, os olhos estavam quase fechados.

A morena vestia uma calça jeans branca e uma blusa na mesma cor, sem mangas que se prendia ao seu pescoço, na barriga a blusa tinha uma faixa vazada deixando parte de seu abdômen à mostra.

- O que eu estou fazendo aquí? - Carolyna disse lentamente em voz baixa, olhou o relógio.

- Você bebeu demais ontem. - Priscila respondeu calmamente, agora virando o corpo no sofá pra ficar de frente com a outra. Seu sotaque americano agora muito mais forte que o habitual devido ao sono. - Senta aqui. — Bocejou.

- O que aconteceu? - A latina se aproximou vacilante mantendo distância. - Como eu vim parar aqui? Eu não estava com você....

- Vem aqui. - Priscila levantou e foi até onde ela estava. - Você não tá com uma cara boa. - Tocou seu braço perto do cotovelo vendo e sentiu o corpo da garota se retrair. - Vamos, sente-a. - Guiou até o sofá.

- Minha cabeça dói. Eu fui ao estúdio ontem? - Perguntou fechando os olhos contra a claridade.

Priscila notou sua sensibilidade e apressou-se em fechar a cortina da sala.

- Foi. - Respondeu serena andando lentamente até a cozinha e pegando um copo com água e voltando a sala em movimentos lentos enquanto a outra a olhava. - Toma, vai ajudar com a ressaca.

Dragonfly - CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora