- Lyna? - Ela bateu à porta com delicadeza e abriu lentamente revelando-se em sua saída de praia colorida.
- Oi amor, pode entrar. - A garota disse removendo a toalha branca dos cabelos e deixando as mechas longas cairem em cascata sobre os ombros repletos de pequenas goticulas.
Ela estava envolta em uma toalha de banho vermelha, a favorita da artista.
- Você tá bem? - Priscila perguntou se aproximando e estendendo a mão para a cômoda, antevendo o movimento da outra. Carolyna esboçou um meio sorriso fraco antes de responder.
- Na medida do possível. - Disse sacudindo os cachos pra que todos ficassem às suas costas.
- Senta. - Pediu Priscila cuidadosamente batendo no colchão à sua frente, ela própria se sentara de pernas cruzadas alguns centímetros atrás.
A latina fez como pedido e se sentou, logo sentindo as mãos da maior passearem pelo seu cabelo, juntamente com o pente. Era uma sensação agradável e relaxante. As mãos da mulher pareciam feitas de nuvem enquanto ela desembaraçava os fios molhados, fácil feito mágica.
- Achei que não tivesse notado. - Murmurou a menor deixando uma lágrima teimosa escorrer pela sua face e agradecendo mentalmente por estar de costas para a namorada.
- Eu sempre noto, meu amor. - A voz rouca respondeu igualmente baixo atrás de si.
- É o dia da virada, sabe? - Ela disse um tanto exasperada, porém contida. - Eu não deveria estar pensando nisso.
- Talvez justamente por ser o dia da virada que você esteja pensando nisso... - Ela sugeriu. - É normal, não é? A gente repassa os acontecimentos do ano em pensamento, tanto os bons quanto os ruins. - Falou terminando de pentear e deixando o pente no colchão ao seu lado.
- Quando será que essa culpa vai embora, Prica? - A menor indagou encarando o mar azul escuro e revolto pela pequena varanda da única suite do Havana.
- Eu não sei meu amor. - Confessou puxando-a delicadamente pelos ombros e fazendo-a recostar-se em seu peito. Acariciou seus cabelos levemente e depositou um beijo leve em seu pescoço.
- Eu não sei quando a culpa vai embora...eu só sei que eu não vou.Carolyna sorriu involuntariamente ao ouvir aquilo, seu coração se aqueceu e o de Priscila também. A menor apertou os braços protetores que a envolviam.
- Você é a melhor coisa que já me aconteceu. - Carolyna disse se virando e encarando o par de esmeraldas que cintilavam clarinho. - A melhor coisa!
- Eu duvido. - Disse contrariada fazendo a outra se sobressaltar. - É. Duvido. - Pontuou novamente vendo a latina franzir o cenho confusa por um breve segundo. A morena sorriu sem querer. - Digo que duvido por que tenho uma surpresa e acho bom você correr pra ver o que é antes da meia noite. - Disse com um sorriso malandro antes de se levantar e correr para a porta. - Essa será a melhor coisa que te aconteceu em anos. Você tem 30 minutos, Lyna! Corre! - Falou com a cabeça pela fresta da porta antes de fechá-la atrás de si e ir terminar de ajeitar a surpresa no andar de baixo.
-★
Pouco mais de quinze minutos depois Carolyna descia as escadas do Havana com uma saida de praia branca e um biquíni por baixo que contrastava maravilhosamente com os cabelos. ainda ligeiramente úmidos. Seu sorriso se iluminou no instante em que seus olhos se encontraram com o da garota parada aos pés da escada e ela se conteve pra não atravessar a distância entre as duas correndo. Desastrada como era, aquilo definitivamente não acabaria bem, por isso se contentou apenas em descer um pouco mais rápido e erguer a menor nos braços já com lágrimas nos olhos. Depois de alguns segundos de um abraço apertado a latina mais velha se permitiu respirar novamente.
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Dragonfly - Capri
FanfictionPriscila Caliari é uma mulher independente e solteira (com as melhores implicações da palavra) que mudou-se de Miami para São Paulo onde possui um estúdio de tatuagens, na Rua Augusta, com sua melhor amiga Maria Luísa. Tudo vai bem até que Priscila...