- Abre Lyna. - Disse Priscila animada e ansiosa.
A mão de Carolyna repousava sobre a carta de papel timbrado, ainda fechada, que continha o resultado da segunda fase de sua prova da OAB. A mão de Priscila posou ali fazendo-lhe um carinho delicado como forma de encorajamento.
A latina encarou os olhos da maior sentindo aquele velho frio na barriga. Ela não queria ter que abrir aquela carta na frente de Priscila, mas as circunstâncias tornaram aquilo inevitável.
No momento em que mencionara a data do resultado a ruiva já marcara um encontro pra que pudessem fazer aquilo juntas e aqui estavam elas. Priscila deu um gole em seu vinho e abriu mais os olhos, maneando a cabeça em um "Vamos lá!" não verbal.
Carolyna respirou fundo soltando o ar pela boca, lentamente. "Se eu não passar posso dar adeus a esse relacionamento e todo o resto." pensou sentindo seu coração se contrair em agonia e seus olhos ficaram úmidos, ela piscou rápido e desviou os olhos.
A ruiva ainda a olhava pacientemente acarinhando sua mão de tempos em tempos e dando a ela o momento que precisava. Ela fechou os olhos uma vez tentando conter os pensamentos negativos e abriu o envelope passando-os rapidamente pelo papel até encontrar o que procurava. Ficou ali congelada por uns segundos que pareceram eternos, tinha consciência de que Priscila se remexia inquieta a sua frente, provavelmente resistindo com todas as forças para não espiar por cima do papel. Seus olhos focaram na palavra destacada, escrita com todas as letras em maiúsculo, ela sentiu um nó se formar em sua garganta.
Com um suspiro Carolyna jogou a carta sobre o balcão do bar e levou as mãos ao rosto apertando os olhos com força. O barulho das pessoas ao redor agora parecia ensurdecedor, ela teve vontade de arremessar o copo a sua frente na cara de alguém para que todos calassem a boca.
Abriu os olhos e viu os verdes encarando-a por um breve momento, então voltando-se para o papel rapidamente e voltando para ela, Priscila virou o papel como se procurasse mais alguma coisa escrita no verso e então suas sobrancelhas se curvaram em uma expressão de compaixão.
- Calma pequena, você vai ter outras oportunidades. - Disse Priscila tocando em seu ombro e então se levantando. - Daqui dois meses tem outro teste. - Abraçou-a da melhor maneira que pode, visto que ela ainda continuava sentada, e depositou um beijo no topo de sua cabeça.
A latina permanecia atônita encarando o vazio, seus pensamentos trabalhavam a milhão "O que eu faço agora?" pensou mordendo o lábio inferior, "Você sabe o que fazer agora Carolyna, você sabe exatamente o que fazer agora! Você sabe inclusive o que NÃO deveria ter feito desde o começo! Idiota!" ralhou consigo em pensamento. (Y/N: fez a bosta, agora aceita)
- Eu preciso ir embora. - Disse se soltando calmamente do abraço da outra e se colocando de pé, apática.
- Tudo bem, vamos...vamos pra casa amor. - Disse a maior pousando a mão em um de seus ombros de forma protetora.
- Não Priscila. - Ela falou séria sem encará-la. - Você não entendeu. Eu preciso ir embora. - Disse frisando a palavra. - Sozinha. - Acrescentou ao ver a confusão se espalhar pelos olhos verdes.
- Eu achei que... - Balbuciou confusa, inconscientemente segurando o dinheiro que estendia para o atendente.
- Desculpa. A gente se fala depois. - Falou depositando um beijo rápido em sua bochecha e saindo apressada do bar.
Priscila ficou paralisada vendo-a ir embora e, quando voltou a si, o atendente estendia seu troco impaciente. Ela o pegou e saiu andando. apressada a tempo de ver o carro da latina arrancando e disparando em velocidade pela rua apinhada de gente e vazia de veículos.
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Dragonfly - Capri
FanfictionPriscila Caliari é uma mulher independente e solteira (com as melhores implicações da palavra) que mudou-se de Miami para São Paulo onde possui um estúdio de tatuagens, na Rua Augusta, com sua melhor amiga Maria Luísa. Tudo vai bem até que Priscila...