38.

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- Priscila? - A voz doce chamou distante. - Priscila Caliari? - Chamou novamente.

A tatuadora estranhou a pronuncia do nome. Tinha o sotaque perfeito que os brasileiros não costumavam acertar. Ela tentou abrir os olhos, mas fechou em seguida assim que a luz forte incidiu sobre si. Logo sentiu, por detrás das pálpebras, que a fonte de luz fora desligada e tentou abri-los novamente, obtendo um pouco mais de sucesso.

- Priscila Caliari? - A mulher chamou novamente e ela reconheceu o sotaque mexicano bastante comum em Miami, sua terra natal.

Ela finalmente abriu os olhos e, com a testa franzida, encarou a mulher.

- Muito bem, está de volta! - Disse enérgica, aproximando-se com um estetoscópio. - Pode sentar, por favor? - Disse a doutora vendo a outra obedecer prontamente. Aproximou-se e auscultou seu coração, o pulmão e então rapidamente colocou um feixe de luz a frente de seus olhos movendo-o de um lado a outro. Para Priscila os procedimentos levaram horas, sua mente confusa tentava encaixar as peças no lugar. - Parece que está tudo bem com você. - Ela sorriu.

- Onde eu... - Balbuciou antes de se dar conta. - Carolyna?! - Se alarmou começando a repassar os últimos acontecimentos dos quais se lembrava. - Onde está Carolyna? - Perguntou se levantando da maca e sendo imediatamente segurada pela médica de mãos firmes.

- Você está na Santa Casa. Sente-se. - Pediu guiando a mulher de volta à maca. - Meu nome é Calliope. Sou ortopedista na verdade, mas como hoje a emergência tá meio bagunçada... - Falou gesticulando ao redor. - Eu vim ver você. - Sorriu. - Qual o sobrenome da garota?

- Borges Ramos. - Falou aflita tentando enxergar algo além das cortinas que a cercavam e falhando miseravelmente

- Uh... - Antes que pudesse se conter a médica fez uma careta ao checar alguns papeis que estavam em seus braços. - Ela está em cirurgia.

- Priscila! - A voz da menor exclamou e ela passou voando pela médica abraçando a tatuadora. - Graças a Deus! Achei você! - Clara exclamou com o rosto enfiado entre os fios negros.

- Cadê a Dani? Malu? - Perguntou ao ver que Vanessa, protegida por alguns curativos, parara próxima à cortina.

- Levaram a Malu lá pra dentro. Não explicaram muita coisa - Falou soltando-a. - Dani está logo atrás da Si. - Disse olhando para para cortina.

- Uau...vocês estão todas juntas! - A médica comentou meio vaga. - Vocês lotaram a emergência, que bom que já estamos sob controle. - Ela comentava mais para si mesma que para as outras. - Meninas, vou precisar que aguardem lá fora enquanto as amigas de vocês não saem da cirurgia. - Disse um tanto agitada. - Priscila, você já pode levantar e ir para a recepção, tá bem?

- Obrigado. - Respondeu fraca.

- Coma alguma coisa no refeitório. - Disse antes de sair dando uma piscada pra ela. - Você também. Recomendação médica. - Acrescentou apontando pra Vanessa antes de sair pela cortina.

A tatuadora levantou da maca e abraçou a menor de um jeito mais confortável, partindo para abraçar Vanessa em seguida, com bastante cuidado devido às escoriações da garota.

-★

- Dani.. - A ruiva se aproximou envolvendo-a num abraço e sentiu a coreana chorar copiosamente. - Calma, calma... - Disse ao ver-se sem ter o que dizer.

- Tem noticia da Carol? - Perguntou Clara meia receosa enquanto caminhavam para a recepção,

- Tá aqui também, em cirurgia. - A ruiva respondeu fraca buscando o celular no bolso e checando as horas. - Só nos resta esperar. - E Jessie? Júlia? Por quanto tempo eu dormi? - Perguntou.

Dragonfly - CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora