33.

1.3K 122 44
                                    

Priscila terminava um desenho extremamente elaborado que estava fazendo para o cliente do dia seguinte, fecharia suas costas com uma composição arroxeada e azulada que lembrava muito as imagens do universo. Largou o lápis estralando os dedos e no mesmo instante ouviu uma batida na porta.

- Entra. - Disse esticando os ombros.

- Olá! - A garota falou alegre recebendo um olhar espantado da outra. - Que cara é essa, meu anjo? Nossa! - Ela se aproximou abaixando-se para lhe dar um beijo perto do canto da boca.

Por reflexo a ruiva se virou oferecendo-the a bochecha. Sorriu fraca em sua direção. "Me esqueci completamente dela pensou atônita.

- Priscila. - A de cabelos loiros a chamou de volta. - Tá muito estranha, o que tá acontecendo? Tá me olhando como se eu fosse uma assombração... Tínhamos marcado um café hoje, lembra? - O doce de sua voz soava calmo.

- Sim sim... ha, eu tinha esquecido, desculpa. - Admitiu a tatuadora.

- Não é uma boa hora? - Ela passou a mão pelos cabelos contrariada. - Posso ir embora se preferir. - Deu um meio sorriso.

- Não. - Disse levantando-se. - Vamos tomar o café. - Sorriu apontando a porta.

Pouco tempo depois, lá estavam. A área externa estava praticamente vazia, exceto por elas e uma outra moça que sentava próxima e mexia distraidamente em um tablet enorme enquanto tomava seu café. Do outro lado da mesa Elana a fitava curiosa, tinha sua bolsa no colo e as pernas cruzadas.

- Sei que te disse que te daria o tempo que precisasse, mas tipo....você tá bem estranha, anjo. - Ela começou passando o indicador pela borda de seu copo antes de voltar o olhar para a morena. - Não quer me contar o que tá rolando? - Pediu com um biquinho.

- Ha....olha, como vou te dizer isso...? - Começou relutante, coçou a nuca antes de continuar. - Sabe a garota da balada? A latina? - Comentou.

- Claro...qual é mesmo o nome dela? - Perguntou com leve curiosidade.

- Carol...Carolyna Borges. - Disse rapidamente e sorriu à menção do nome, antes que pudesse se conter. Ajeitou-se na cadeira e retomou a fala. - Eu a encontrei e...nós conversamos...- Disse deixando a frase morrer sem saber como continuar.

- Entendi, tá com ela de novo.. - Elana concluiu por ela, desviando os olhos e encarando o tampo de vidro da mesa.

- É.. - Admitiu. - Mas, olha...eu gosto muito da sua amizade. Nossa conexão com a arte e tal...  - Disse sendo completamente sincera e viu a cantora erguer os olhos castanhos de encontro aos seus.

- Eu também gosto da sua. - Ela sorriu segurando a mão da maior sobre a mesa e acariciando. - Independente de estar com ela ou não, não quero me afastar de você. Espero que isso não seja um problema para a Carolyna. - Disse olhando em seus olhos. - Sua beleza naquela balada foi só a primeira coisa que me atralu, Priscila. - Ela disse sorrindo. - Mas não é a única coisa boa em você. - O olhar estava fixo no dela, como se lesse sua alma. - O rolê do teatro só me mostrou que temos mais em comum do que imaginamos. - soltou sua mão com um último aperto leve, rompendo também o contato visual.

Priscila sorriu reconfortada. Realmente gostava da companhia de Elana, ela entendia sua paixão pela arte. De repente se deu conta de que nunca conversara sobre arte com a latina, exceto sobre séries, mas era diferente.

- Qual o segredo dessa Carol? - Perguntou a de cabelos loiros bebericando seu café e sorrindo em seguida. - O que ela tem de especial? - Completou em um tom trivial.

- Sabe que eu não sei explicar. - A tatuadora riu boba ao pensar na menor. Passou as mãos pelos cabelos e relaxou na cadeira. - Ela tem algo diferente. - Comentou com o olhar perdido em memórias.

Dragonfly - CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora