29.

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A ruiva soltou seu braço lentamente levando a mão aos olhos e em seguida passando-a pelos cabelos. "Ela terminou comigo pra ficar o que? Duas, três semanas longe? Em três semanas ela reorganiza a vida? Precisava terminar pra isso" sua mente estava a mil, um pensamento não ficava mais do que cinco segundos antes de ser substituídos por outro. Questões atrás de questões.

- Priscila eu... - A latina começou a dizer, a boca seca atrapalhava sua fala, ela tossiu. - Eu...nós precisamos conversar. - Disse sem olhar as duas esferas verdes que agora a encaravam novamente.

- You know what? - A tatuadora falou nervosa e pausou por uns instantes. - Eu não tenho nada pra conversar com você. - Disse ríspida. Priscila olhou para o elevador constatando que ainda estava sem energia e simplesmente se dirigiu para as escadas como se a garota não estivesse ali. Carolyna num impulso a seguiu de perto.

- Vai mesmo fugir de mim? - A latina perguntou ouvindo o riso sarcástico de Priscila ecoar pelas escadas vazias, iluminadas apenas pelas luzes brancas de emergência. O coração da menor se contraiu ante aquele riso, esse era um lado da outra até então desconhecido por ela.

- Sério mesmo que vai querer discutir fugas comigo? - Disse a ruiva subindo calmamente com a outra em seu encalço.

- Priscila, eu preciso que me ouça. - Pediu segurando o pulso da mulher. Priscila o puxou sem responder, continuando o passo como se Carolyna fosse uma a irritante que logo iria embora.

Carolyna se sentiu completamente impotente, ela queria conversar, mas não tinha ideia do que dizer. Em seus planos, quando fosse falar com Priscila já estaria solteira, teria sido aprovada na OAB. Diria que havia reorganizado sua vida e estava pronta para se envolver novamente.

Mas o futuro, incerto como era, estragara todos os planos que ela cuidadosamente traçara. E aqui estava ela.

Passaram por uma placa que indicava "2" andar e o coração da garota se apertou.

- Eu estou morando aqui. - Soltou sem pensar. Não pensaria mais.

Priscila estacou encarando-a, estreitou os olhos e franziu o cenho em sua direção. "Linda, exatamente como eu me lembrava" pensou Carolyna quase se esquecendo da situação.

- Como é que é? - A voz rouca saiu quase num sussurro, cortando a penumbra do lugar como uma faca afiada.

- Estou morando aqui. Terceiro andar. Com mais duas garotas. - Disse se apoiando no corrimão, aproveitando a pausa para recuperar o fôlego da subida.

As pernas de Priscila eram maiores que as suas, era consideravelmente mais fácil para ela subir aqueles degraus todos. Sem contar que a ruiva tinha um condicionamento físico muito melhor que o seu. Ela dançava, corria e malhava, como Carolyna bem sabia.

- Desde quando?

- Uma semana. - Admitiu desviando o olhar, o peso dos verdes sobre si.

- Nem sei por que perguntei. - Disse Priscila reiniciando sua subida. - Não me importo. - Carolyna reiniciou a subida atrás dela.

- Terceiro andar né?- Priscila falou após um lance de escada. - Que bom, já pode parar de me seguir. - Completou apontando a placa que indicava o andar e abrindo a porta para ela, teatralmente, como se abrisse a porta de uma carruagem.

- Não. - A latina disse categórica vendo a outra arquear uma das sobrancelhas.

- Como queira. - Soltou a porta com raiva e iniciou uma marcha acelerada escada acima.

- Priscila! - A latina falou ficando para trás três degraus. - PRISCILA! - Já estava cinco degraus para trás. - PRIC..AAAI - Berrou.

O grito esganiçado da menor ecoou pela escada colocando todos os extintos da tatuadora em alerta. Os pelos de sua nuca e braços se arrepiaram e ela se virou quase que instantaneamente olhando para trás e vendo Carolyna caída na plataforma debaixo. (Y/N: a bixinha KKKKKKKKK)

Dragonfly - CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora