10.

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Elas ficaram se encarando por algum tempo em um misto de desejo e confusão. Carolyna não sabia se encarava aqueles maravilhosos olhos verdes, as tatuagens ou as curvas da ruiva à sua frente. Priscila, não sabia se saia dali pra vestir uma roupa ou se tirava as da latina deixando-as igualmente nuas.

Estavam ambas em suas batalhas internas particulares, até que Carolyna resolveu adentrar o apartamento quebrando o raciocínio de Priscila que, por reflexo, abriu um pouco mais a porta dando-lhe espaço. Ainda assim seus corpos passaram perigosamente próximos.

- Que calor é esse, Caliari ? - Disse Carolyna recobrando sua pose, passando direto por Priscila e se dirigindo a cozinha, onde deixou o vinho na bancada da pia.

Contanto que não olhasse nos olhos da garota achava que ainda tinha chances de manter sua máscara e jogar um pouco. Obviamente que viera até ali com alguns propósitos. Afinal não é nada comum que clientes façam visitas aos seus tatuadores às 4 da manhã, mas antes queria trazer a velha Carolyna à tona e provar para si mesma que ainda sabia brincar.

A verdade é que ela dormia mal desde a última vez em que se viram e quando dormia era pra ter sonhos com a garota de pele pálida, dois deles eróticos inclusive. A lembrança fez a latina sentir um arrepio de prazer e ela não teve tempo de conter um sorrisinho que brotou no canto de seus lábios, por sorte ainda estava de costas pra ruiva.

Priscila começava a se sentir ligeiramente incomodada. O fato de estar nua não a incomodaria em situações normais, mas a atitude da garota de ter passado batido por ela e estar empregando novamente aquele tom autoritário, arrogante e debochado na voz, fazia com que se sentisse vulnerável demais.

- Ha... - Começou enquanto pensava na coisa certa a dizer, "Acho que é hora de colocar uma roupa..." - Me desculpa, eu não...

- Já reparou que esta sempre me pedindo desculpas? - Disse interrompendo-a enquanto se virava e caminhava lentamente de volta à sala.

- Des... - Começou Priscila e logo se arrependeu, "Você é besta ou o que, Priscila?" ralou mentalmente consigo. - Vou por uma roupa. - Disse iniciando uma marcha para o quarto, mas a mão de Carolyna a parou no meio do caminho, seu corpo inteiro foi percorrido instantaneamente por um choque elétrico partindo do ponto em sua barriga onde a latina agora tocava. Ela cerrou os punhos e trancou o maxilar.

Carolyna se moveu lentamente ao redor da tatuadora, mantendo a mão direita sobre sua pele fria e pálida e parando às suas costas.

Tinha que evitar aqueles olhos se quisesse continuar jogando, Priscila fez menção de se virar, mas Carolyna a conteve.

- Esquece a roupa. Abre o vinho pra gente. - Disse autoritária.

Priscila sentiu aquela conhecida pressão no baixo ventre de novo, suspirou dando um leve sorriso. A mão de Carolyna se afastou e a morena a observou colocar sua bolsa em um canto de um dos sofás da sala e foi para a cozinha, ainda sorrindo, obedecer as ordens da visitante.

Sem muita dificuldade ela abriu o vinho e colocou em duas taças, então caminhou pra sala sentindo o piso frio nos pés descalços. Depositou as taças sobre a mesa de centro da sala dando uma breve olhada pra Carolyna que estava sentada, quase deitando, com as pernas sobre o sofa, apoiando a cabeça em uma das mãos.

"Parece uma deusa" pensou Priscila, e foi em direção à sacada pra fechar a porta, evitando assim o frio, mas quando começou a puxar o vidro ouviu a latina dizer do sofá:

- Se eu fosse você deixaria aberto. - Priscila se virou pra encara-la e viu que ela parecia concentrada na taça de vinho, ainda sem olhá-la a mulher continuou. - Assim você pelo menos tem a desculpa do frio caso fique arrepiada, digamos... Por "acidente" - Gesticulou com uma das mãos fazendo as aspas enquanto dava um gole no vinho.

Dragonfly - CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora