26.

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As opções de Carolyna não eram boas, como era de se esperar. Todas as que cabiam no seu orçamento apertado eram extremamente longe do seu trabalho, em bairros afastados. Segundo as estimativas do google maps, na melhor das opções, ela levaria três horas de condução, contando um ônibus, trem e baldeação para o metrô.

"Animador" pensou a latina enquanto rolava a página de anúncios. Já eram três da tarde quando ligou para o contato da casa que vira. Não podia chamar bem de "casa", na verdade era mais como um quarto em um pensionato. Pela foto não parecia um lugar muito bom, mas era o melhor dentre os que poderia pagar. Uma senhora confusa a atendeu e após trinta minutos de conversa ela conseguiu agendar de ir ao local naquele mesmo dia. Se arrumou com as roupas mais simples que possuía para sair e partiu. Bastaram duas horas e estava batendo à porta do casebre amarelo que parecia ter sido espremido entre dois outros sobrados mal rebocados.

Obviamente não havia ido com seu carro até aquele lugar, com certeza ficaria sem ele se fosse. Fora apenas até uma avenida próxima onde achou que ainda era seguro, deixara o veículo em um estacionamento e chamara um uber para o restante do caminho.

A senhora gordinha e grisalha abriu o portão com um sorriso, cumprimentou-a e a convidou para entrar. A casa, por ser literalmente apertada entre outras duas, era mal iluminada e, pela falta de luz natural, as paredes eram úmidas e os espaços estreitos. Caminhou por um corredor até a mulher lhe apontar uma pequena porta. (Y/N: o cativeiro)

- Por aqui querida. - Gesticulou para que a latina entrasse primeiro, ela o fez. - Essa é a cozinha.

A mulher gesticulou abrindo os braços e mostrando o interior do cômodo sem forro, de paredes pintadas num azul clarinho aguado, com alguns armarinhos antigos fixados no alto, um pequeno fogão de quatro bocas e uma pia baixa demais até mesmo para Carolyna que não chegava a 1,60 cm de altura.

-...e aquelas são as portas dos quartos, aquela porta ali no canto é o banheiro. - Disse a mulher gesticulando para uma porta sanfonada branca no cômodo pequeno. - O quarto vago é esse aqui. - Disse abrindo uma das quatro portas e deixando o espaço livre para a mulher passar.

Carolyna adentrou o cômodo olhando-o por inteiro. Uma pequena cama de solteiro fazia próxima à parede a sua esquerda, possuía um colchão simples e até bem conservado. As paredes era pintadas de rosa, no mesmo tom aguado do azul da cozinha.

O espaço entre a cama e as paredes era grande o suficiente apenas para que ela entrasse e se deitasse. Até trocar de roupa ali seria um pouco desconfortável. De frente à cama uma pequena janela que dava para uma parede sem reboco a, no máximo, 30 cm de distância.

"Bom, tem uma janela! Ao menos isso." pensou a latina tentando se animar e falhando miseravelmente. Se havia uma palavra para definir aquela casa, sem dúvida seria: claustrofóbica.

- Venha comigo, vou te mostrar o banheiro. - Disse a senhora. A essa altura a latina resistia à vontade de chorar, nunca se sentira tão só e desamparada em toda sua vida, sempre tivera Keana ao seu lado e agora... Parecia que tudo estava desmoronando ao seu redor. "Literalmente" pensou olhando as paredes descascadas da cozinha.

Voltou a si graças ao barulho da porta de plástico que emperrara sob os esforços da mulher.

- Pronto. - Disse ela dando um tapinha da porta, quando a essa se abriu com um estrondo. - Às vezes ela emperra, mas é só empurrar com jeitinho querida. - Ela sorriu de canto para a latina. - Pode entrar.

Carolyna não chamaria aquilo de "entrar", ela apenas se apoiou no batente olhando para o interior do cômodo estreito. Um chuveiro pequeno branco estava no fundo do retângulo estreito que a mulher chamava de banheiro, em um box separado do restante apenas por um mastro branco onde a latina imaginou que deveria haver uma cortina de plástico em algum momento do passado. Uma pequena pia branca e um vaso sanitário marrom completavam o ambiente simples.

Dragonfly - CapriOnde histórias criam vida. Descubra agora