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Luísa Cortes
São Paulo 📍

Quando eu deixei o CT em direção a casa meu estômago revirava de ansiedade. Eu batia os dedos no volante do carro freneticamente, tudo que eu queria era chegar logo em casa, ou melhor, na casa dele.

E quando eu saí do elevador e dei de cara com uma mulher entrando no apartamento dele foi como um balde de água fria.

Ela era lindíssima, cabelo curtinho e cacheado, ela não me viu mas eu a vi.

Eu estava tão puta que nem jantar eu tinha conseguido. Como ele me chama pra casa dele e leva outra assim? Agiu como se me quisesse na minha sala e agora provavelmente estava comendo outra, no colchão que trocou pra mim.

Bati a mão com força na mesa, eu estava o puro ódio, e agradecia a Deus por Vanessa não estar em casa e não me ver nesse estado.

Que ele era um cafajeste eu já sabia, e por mim tudo bem, mas poxa, ele me chamou pra lá né? Eu nem devia estar tão brava assim, afinal, nós não temos nada, e ele pode comer quem ele bem entender, mas argh, a vontade de empurrar ele no vão do elevador era gigante.

Minha campanhia tocou me tirando dos devaneios e eu me levantei pronta pra arrancar a porta e bater nele se fosse o Matías.

Abri a porta no solavanco, sentindo meu sangue ferver de ódio.

E era Matías sim, mas não estava sozinho, um pouco a frente dele tinha uma mulher mais velha que sorria amigavelmente enquanto ele coçava a nuca sem graça.

-Hola! - Ela falou em espanhol. - Buenas noches. Soy Elena, la mamá de Matí. - Ela me estendeu a mão e eu peguei com cenho franzido. Matías me olhava com cara de quem pedia desculpas.

-Hola! Buenas noches. - Respondi em espanhol. - És un placer.

-Mi hijo dijo que no eres solo un vecino, pero es una compañera de trabajo también. Ha estado hablando mucho de ti y quería ir a conocer a tu amigo brasileño. (Meu filho disse que não era só vizinha, mas também é companheira de trabalho. Ele está falando muito de você e eu quis vir conhecer a amiga brasileira). - Levei um segundo pra assimilar as coisas, pisquei algumas vezes e olhei Matías atrás da mulher que estava completamente vermelho.

-Sí. - Concordei. - Pasa, tomemos un café. (entre vamos tomar um café) - Dei passagem pra que ela entrasse, a mulher não ofereceu resistência nenhuma e logo estava no meio da minha sala avaliando a decoração.

Matías passou por mim com o cenho franzido.

-¿Hablaste español todo este tiempo? (você falava espanhol todo esse tempo?) - Ele sussurrou.

-Claro que eu falo espanhol. - Murmurei de volta.

-¿Y por qué no me lo dijiste?- Ele estava indignado. Me he esforzado mucho en hablarte portugués contigo! (E por que não me disse? Tenho me esforçado muito pra falar em português com você!) - Dei uma olhada pra mãe dele, me certificando que ela não prestava atenção.

-Você que veio pro meu país. Se vira e aprende a minha língua. - Respondi em português, ele me olhava indignado.

O deixei pra trás seguindo até a mulher, que começou a fazer perguntas desde a decoração da casa até o meu trabalho. E ela era encantadora, e eu não tive dificuldade nenhum pra abrir a minha vida. Matías se mantinha em silêncio observando.

-Hablas muy bien español. - Elena elogiou.

-Gracias. Viví en Madrid durante un año. - Contei, Matías ergueu uma das sobrancelhas, interessado.

Por supuesto | Matías RojasOnde histórias criam vida. Descubra agora