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Luísa Cortes
São Paulo 
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Eu estava naquele hospital a quatro fucking dias. Perdi a estréia do Corinthians pelo paulistão, e tive que pausar meus projetos junto ao Corinthians até ser liberada a voltar a trabalhar, e eu não aguentava mais. 

Matías precisou viajar com o restante do time, hoje teria jogo contra o Ituano em Itu, e eu fui proibida se assistir, pra não passar raiva. O máximo que permitiram fazer foi acompanhar o Twitter, e adivinha? Eu estava passando raiva. 

-Como eles estão? - Minha irmã perguntou, ela não se importava nem um pouco com futebol, só perguntava pra tirar o meu juízo mesmo. Bufei e joguei meu celular pro lado. 

-Péssimos. - Falei. - Jogo mais feio que bater em mãe. - Uma gargalhada saiu da minha irmã. -Por falar em mãe. - Comecei e ela me olhou. - Nossa mãe apareceu? 

-Não. - Falou, o riso sumindo. - Ela soube o que houve, mas disse que não viria até aqui, pela aversão que ela tem a hospitais. - Eu ri irônica. 

Eu ainda não tinha comentado com ninguém sobre a visita catastrófica da minha mãe no dia em que eu quase perdi meus filhos, eu sabia que Vanessa iria pirar, e queria estar pelo menos em casa pra lidar com isso. 

Minha mãe não se dignou a mandar nem uma mensagem. Até minha sogra me ligava pelo menos três vezes no dia pra saber como eu estava e minha mãe nem ai. 

Suspirei cansada. 

-Não liga pra isso. - Vanessa falou. - Tenho boas notícias. 

-Corinthians fez gol? - Perguntei procurando pelo meu celular e ela revirou os olhos. 

-Melhor. - Falou. - Amanhã você poderá ir pra casa. 

-Amanhã? - Perguntei. - Por que não hoje? - Fiz bico. 

-Vamos aproveitar que o Matías está viajando e esperar ele voltar, enquanto isso você fica mais um pouco em observação. 

-Itu fica a tipo, uma hora e meia daqui. - Falei. - Não é bem uma viagem. E quando esse jogo horrível acabar, ele chegará aqui rápido. 

-Deus como você é teimosa. - Ela passou as mãos pelo rosto. - Ele vai chegar tarde, e não enche meu saco, vai sair amanhã e pronto. 


Eu estava devidamente vestida com as minhas próprias roupas, estava sentada na cama com as pernas pra fora enquanto Vanessa e Matías descutiam algo sobre quem ficaria comigo quando ambos não pudessem ficar. 

Eu estava fodida, ia ter babá o tempo inteiro. 

Minha médica adentrou o quarto cheio de papéis, provavelmente meus exames. 

Antes de ir embora, eu tinha pedido para fazer um ultrassom, apenas para escutar os coraçõezinhos dos meus filhos e ir pra casa em paz. 

-Como está se sentindo? - Ela perguntou olhando pra mim. 

-Estou bem. - Falei.

-Sem dor?

-Zero dor. - Concordei. - Nem parece que houve algo, estou completamente disposta. 

-Isso é ótimo. - Ela concordou anotando em sua prancheta. - Mas não vá exagerar, ok? Você passou por um problema muito sério, e que pode ser fatal se caso se repetir. - Engoli seco. 

-Vou pegar leve. - Concordei. 

-Nos certificaremos disso. - Minha irmã falou e eu revirei os olhos. 

-Muito bem, deite-se, vamos ver esses bebês. - Ela mandou e eu o fiz, erguendo a blusa até os seios. 

Matías logo veio para o meu lado, ansioso assim como eu. 

O gel gelado foi passado na minha barriga e eu me remexi, arrancando uma risadinha da minha irmã, e eu me segurei pra não erguer o dedo do meio pra ela. 

A Médica passou o aparelho por toda a extensão da minha barriga, atenta as imagens no monitor. 

-Estão bem? - Perguntei. 

-Estão sim. - Concordou olhando pra Vanessa que arqueou as sobrancelhas. 

Logo o som dos corações preencheu o lugar e eu nunca me senti tão aliviada. Matías sorria ao meu lado, atento as imagens como se entendesse alguma coisa. 

De repente minha irmã soltou uma gargalhada alta que fez com que todos nós a encarasse. 

-Você 'tá muito fodido. - Ela apontou o dedo pra Matías que ficou mais confuso que cego em tiroteio. 

-Querem saber o sexo? - A Dra. perguntou nos encarando, senti meu coração acelerar. 

-Já dá pra saber? - Perguntei animada olhando pra Matías. 

-Estão de bom humor hoje. - A médica comentou. - Me deixaram ver. 

-Son chicos? - Matías perguntou ansioso. A Dra. me olhou e eu assenti. 

-Chicas. - Ela disse em tom brincalhão. - Vocês serão pais de duas meninas. 

Meus olhos se encheram de lágrimas, e eu não sabia o que sentir, mas a movimentação do Matías ao meu lado não me permitiu chorar. 

Ele tinha se sentado na poltrona ao lado da cama, com a boca aberta e completamente pálido. 

-Meninas? - Ele perguntou o sotaque forte. - Duas meninas? - Fez o número dois com os dedos. 

Não consegui segurar a risada. 

-Duas meninas, idênticas. - A Dra. confirmou e ele de olhos arregalados passou as mãos pelo rosto nervoso. 

-Você vai pagar todos os seus pecados. - Vanessa colocou lenha na fogueira. - Três mulheres dentro de casa. - Ele ergueu os olhos na direção dela, cada vez mais desesperado. - Já pensou quando elas começarem a namorar? - Tocou na ferida dele. 

Eu ria tanto que meu rosto doía, enquanto Matías falava coisas em espanhol pra Vanessa tão rápido que neme eu entendia, e Vanessa provocava. 

-Nadie tocará a mis hijas! - Ele falou sério e Vanessa riu. 

-Já pensou? Duas lindas menininhas com a cara da Luísa. - O pomo de Adão dele subiu e desceu, ele me olhou de esguelha e eu o lancei um sorriso. 

-Dios mio. - Ele olhou pra cima. 

-Adianta chamar Deus não. - Vanessa falou. - O carma, ele encontra a todos. 

Conseguem imaginar Matías com duas bebezinhas? Por que eu sim, inclusive, queria ser a mãe

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Conseguem imaginar Matías com duas bebezinhas? Por que eu sim, inclusive, queria ser a mãe. 

Só volto aqui depois do majestoso de quarta e dependendo eu nem volto, ja me mato logo. 

Até quinta... ou não. 

Por supuesto | Matías RojasOnde histórias criam vida. Descubra agora