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Luísa Cortes
Paraguai 
📍
Noite de Natal 🎄


Encostada na porta eu acariciava minha barriga, observando a cena que desenrolava a minha frente. 

De alguma forma, Matías havia trago minha família pro Paraguai pra que pudessemos passar a noite de natal juntos, minha família e a dele. De início eu pensei que fosse brincadeira, mas quando vi meus pais entrarem em casa de mãos dadas com Vanessa e Caio logo atrás eu chorei copiosamente. 

Agora minha mãe ajudava minha sogra com alguma coisa na cozinha, enquando meu pai, Matías e Caio discutiam algo sobre futebol. 

-Tudo bem? - Vanessa perguntou parando na minha frente. 

-Eu...eu só não sei como contar. - Falei baixinho. - Você sabe, a mamãe vai surtar. 

-Vai. - Ela concordou. - Mas isso não importa. - Ela deu de ombros. - Você não precisa da aprovação dela irmã. 

Inspirei fundo dando dois passinhos pra frente. Vanessa assentiu me incentivando. 

Quanto mais rápido eu contasse melhor seria. 

Matías notou minha movimentação e se levantou vindo até mim, e eu agradeci mentalmente por isso. 

-Mãe, pai? - Chamei, minha mãe me olhou sorrindo. 

Por incrível que pareça, ela parecia genuinamente feliz por estar ali. Talvez por ver que Matías e sua família tinham ótimas condições financeiras a julgar pela bela casa e pelos carros na garagem. 

-Tenho algo a contar pra vocês. 

-Que foi minha filha? - Meu pai perguntou num tom preocupado. 

Não tinha porque dar voltas então fui direto ao ponto. 

-Eu tô grávida. - Falei fechando os olhos em seguida. 

Senti o aperto das mãos de Matías em volta da minha cintura e esperei, esperei gritos, surtos, reclamações, mas nada veio. Apenas o absoluto silêncio, silêncio essa que era ensurdecedor. 

Quando abri meus olhos meu pai estava diante mim, com um sorriso que mal cabia no seu rosto. 

-É sério minha filha? - Perguntou e eu assenti, sem ter como resistir ao sorriso dele. - Ah que alegria!  - Ele quase gritou, senti o aperto de Matías sendo substituido pelo de meu pai que me ergueu do chão me fazendo gargalhar alto. - Eu vou ser avô? 

-Vai. - Falei rindo. 

Minha mãe continuava parada, completamente estática do outro lado da cozinha. O restante esperava alguma reação dela, eu esperava alguma reação dela. E quando ela se moveu, foi para deixar a colher que segurava em cima do balcão e se retirou da cozinha silenciosamente. 

-Merda. - Reclamei sentindo meus olhos arderem. 

Eu realmente não conseguia entender, como ela podia ser tão difícil. 

-Não fica assim querida. - Meu pai voltou a me abraçar. - Você sabe que ela é...difícil. Deixa ela se acostumar com a ideia. 

-Eu vou...vou falar com ela. - Falei me desvencilhando do meu pai e saindo da cozinha me sentindo totalmente constrangida pela família do Matías estar presenciando aquela cena. 

Saí da cozinha indo em direção a porta que minha mãe tinha saído, a encontrei nos fundos da casa fumando um cigarro que me fez querer vomitar. Ignorei o cheiro horrível e me aproximei dela. 

-Você sabe que não precisava disso né? - Ela disse quando ouviu meus passos. 

-Disso o que? - Perguntei me colocando ao lado dela. 

Por supuesto | Matías RojasOnde histórias criam vida. Descubra agora