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Luísa Cortes
São Paulo - NQA
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A essa altura eu já era o chaveirinho do elenco do Corinthians, e pra ser bem sincera, eu adorava. 

Mas aparentemente, tinha gente que não gostava tanto assim. 

-Chegaaaaaa! - Gritei em meio as risadas. - Me põe no chão pelo amor de Deus! 

-Coloca ela no chão Carlos! - Ouvi a voz do Mano, Carlos Miguel obedeceu mais do que rápido. 

Mano Menezes era a pessoa mais da zoeira que eu já tinha conhecido na vida, nem se juntassem todos os jogadores não dava um Mano Menezes no quesito zoeira. Eu demorei um pouco pra me familiarizar com ele, afinal ele era a figura mais importante ali, então eu mantinha uma certa distância. Isso até ele pedir pra eu tirar uma foto dele, e pra isso ele mordeu o dedo numa pose "sensual". Depois disso tudo desandou. 

Quando o grandão me colocou no chão, vi Mano segurando a risada, era um pré jogo importantíssimo e ele tinha que manter a pose de durão. 

Carlos Miguel foi pro seu lugar no meio dos jogadores enquanto todos se posicionavam pra ouvir o discurso de praste pré jogo. Eu já tinha todo conteúdo pré jogo que eu precisava, e só estava ali no vestiário porque eu podia, já era hábito, eu sempre fazia parte desses momentos, Mano dizia que eu deixava o ambiente mais leve. 

-Você ainda vai matar meu meia. - Mano sussurrou se posicionando de pé ao meu lado. 

-Que? - Perguntei. 

-De ciúmes. - Ele falou tapando a boca pra que só eu entedesse. - Se ele sair no soco com alguém aqui por sua causa e eu ter que afastar ele, você vai jogar no lugar dele, e exijo a mesma qualidade. - Reprimi uma risada notando olhares curiosos em nossa direção, inclusive do Matías. 

Lancei um olhar feio pra ele e nada mais. Dei uns passinhos pra trás deixando o foco só com ele, Matías continuava com o olhar em mim, sem desviar em nenhum momento, e eu segurei o olhar dele com a mesma intensidade. 

-Mais uma luta pessoal. - Mano começou. - Nós NÃO temos outra opção a não ser ganhar esses três pontos estão entendendo? - Perguntou, só ai Matías tirou os olhos de mim, focando no professor. - Empatamos com o Santos em casa, e isso não pode acontecer hoje. - Ele falava com a voz grave. - A torcida 'tá puta, eu 'tô puto, vocês estãos putos. Treinamos 'pra caralho e todo mundo aqui sabe o que tem que fazer correto? - Houve um coro de sim. - Ótimo, então façam. Eu vou estar com vocês o tempo todo, confiem nas minhas decisões. Aos que vão entrar titulares, eu não aceito menos do que o sangue de vocês naquele campo, aos que vão ficar no banco, estejam atentos e preparados pra entrarem conforme eu já alinhei com todos aqui. Tudo vai ser adequado conforme o decorrer do jogo. Eu sei que vocês sabem disso, mas isso aqui - Ele apontou pra nossa volta. - Isso aqui é Corinthians, e quem não estiver disposto a SER Corinthians está no lugar errado. - Senti meus pelos arrepiarem, já dava pra ouvir a torcida do lado de fora. -Conto com vocês, entrem lá e joguem bola pra caralho! - Todo mundo gritou inclusive eu. 

-Da sua palavra chaveirinho! - Giuliano gritou no meio dos outros. 

-Façam um golzinho, eu imploro. - Falei e eles riram. 

Enquanto eles se organizavam para entrada em campo eu saí correndo depois de desejar boa sorte, precisava me posicionar na beira do campo como sempre. Hoje eu usava a camisa do Romero, que fingiu que nem ligou mas eu vi o bobão todo sorridente. 

Meus pais e minha irmã estavam no camarote da família, com a mãe a irmã do Matías, o que me deixava levemente ansiosa, minha mãe tinha um dom incrível de falar mal de mim, e porra, minha "sogra" 'tava lá né. Dei uma olhada em direção aos camarotes, me perguntando se eles podiam me ver, e por via das dúvidas, acenei, me sentindo uma idiota, era impossível me ver daquela distância. 

Por supuesto | Matías RojasOnde histórias criam vida. Descubra agora