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Luísa Cortes
São Paulo
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Louca.

Eu estava completamente maluca.

Era tanta coisa pra fazer que eu não sabia por onde começar.

A imprensa caia de cima pra saber dos novos contratados, eu tinha que cuidar de todo o marketing do anúncio deles além do restante.

-Olá. - Um rosto desconhecido colocou a cabeça pra dentro da minha sala.

Cerrei os olhos tentando identificar quem era.

-Luísa? - O sotaque entregou que não era brasileiro, assim como Matías, ele pronunciou meu nome como "Luíssssa".

-Sim?! - Concordei piscando algumas vezes.

-Soy Garro. Rodrigo Garro. - Ele se apresentou apontando para o próprio peito ainda fora da sala.

-Ah sim! - Falei, de repente tímida. -Entra, fica a vontade. - Por algum motivo aquela frase soou um pouco maliciosa pra mim.

Ele entrou na sala e se sentou a minha frente, uma aliança que mais parecia um portão, brilhando no anelar de casamento. Soltei um suspiro involuntário.

E de repente eu lembrei que estava grávida de duas crianças e que o pai dos meus filhos estava a poucos metros de nós em algum lugar desse CT. Arrumei a postura.

-Me pidieron que te procurasse para orientarme en mi presentación. - Pisquei algumas vezes.

-Uhmn, sim. - Concordei me sentindo tola. Ele me olhou esperando alguma resposta.

-Entonces? - Perguntou um pouco perdido. Pigarreei.

Eu definitivamente tinha uma quedinha por falantes do espanhol, com carinha de quem não vale nada.

Luísaaaaaaa.

Pela graça de Deus, outra pessoa se juntou a nós, Diego Palacios.

No fim, acabou que ficou decidido que por hora, Palacios daria entrevista na coletiva de imprensa.

Diego era um cara brincalhão, engraçado e com toda certeza a convivência com ele seria muito boa, mas o problema é que não falava uma palavra em português, e a entrevista foi cômica.

Eu estava sentada em frente a ele, junto aos jornalistas tentando traduzir as perguntas. Mas ele era um cara tão espontâneo, que toda a entrevista foi cercada por boas risadas. Quando acabou eu sentia minhas bochechas doloridas de tanto rir.

-Oficialmente, bien venido ao bando de loucos. - O cumprimentei ao fim da entrevista.

Da beira do campo eu observava os meninos treinarem. Eu me sentia de certa forma estranha, tinha tantos rostos novos e eu sentia tanta falta dos rostos antigos.

Abaixei o rosto sentindo meu coração apertar de saudade do Tio Chico e do Renato.

-É difícil né?! - A voz do treinador ao meu lado me fez dar um pulinho de susto. -Você se apega e de repente tudo muda.

-Já deve ter passado por isso muitas vezes né? - Perguntei e ele soltou um riso sem humor.

-E quantas. - Concordou. - Eu estaria mentindo se dissesse que você vai acostumar. - Ele falou olhando pro horizonte. -Nunca acostuma, é sempre dolorido.

-Sou muito apegada neles. - Falei olhando pra frente.

-Sempre que começo em algum lugar novo, juro a mim mesmo que não irei me apegar. E sempre me apego. - Dei uma risadinha. - São como meus filhos.

Por supuesto | Matías RojasOnde histórias criam vida. Descubra agora