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Luísa Cortes
São Paulo 📍

Eu tinha bebido duas cervejas e estava completamente bebâda, o que ira incomum, geralmente  precisaria de muito mais do que duas cervejas pra me derrubar; mas como fazia um tempo bom que eu não bebia acho que isso justificava. 

Eu tinha saído cedo, e fui fazer trilha com alguns dos meus amigos. Quando acontecia algo que eu não sabia como lidar, eu simplesmente não lidava. E como eu fazia isso? Saindo pro meio do mato, e tomando umas. 

Estacionei o carro na minha vaga com cuidado, eu sei, eu não devia estar dirigindo, mas não tinha como eu deixar meu carro do outro lado da cidade já que eu tinha que trabalhar no outro dia cedo. Saí do carro olhando o carro do Matías ao lado, e a vontade que eu tinha era de riscar ele todinho. Mais uma cerveja que eu tivesse tomado e eu faria. 

Senti minha cabeça girar e precisei usar todo meu autocontrole para caminhar até o elevador decentemente, e assim que entrei me escorei na parede e fechei os olhos. 

Meu Deus, quando foi que eu me tornei tão fraca pra bebida? 

-Você 'tá bebâda? - Vanessa perguntou assim que me viu. 

-Um pouquinho. - Falei sorrindo. 

-Porra Luísa eu morrendo de preocupação e você volta bebâda pra casa? - Brigou e eu não consegui segurar a risada. - Você sabe que horas são? - Perguntou.

-Sei lá. - Falei. - Umas onze? 

-São quase uma hora da manhã! - Ela bateu o pé no chão. 

-Foi mal. - Falei. 

-Matías 'tava louco atrás de você. 

-Que se foda ele. - Eu ri, Vanessa agarrou meus dois braços e me sacudiu. 

-Olha pra mim porra. - Mandou. - Onde você estava? 

-Eu estava com a Manu e com o Carlos. - Falei. - Qual é? Virou minha mãe? 

-Quando você age como uma adolescente incosequente eu preciso agir como uma não é? - Ela estava realmente nervosa. - Custava ter me avisado, ou atendido as ligações do Matías? 

-Por que fala tanto dele? - Perguntei começando a me irritar. - Porra Vanessa, eu te contei o que rolou ontem. E você continua defendendo ele!  

-Ele não fez nada caralho! - Soltei uma risada sarcástica. - Ele veio aqui Luísa, explicou o que houve, foi só um mal entendido. 

-E você acreditou nele? 

-Acreditei. - Falou. - E você devia parar de ser tão impulsiva, e ouvi-lo, ou vai perder um cara muito legal. 

-Ah qual é. - Falei tirando os tênis e deixando em qualquer lugar, minha cabeça girava. 

-A mulher é uma biscate sim. - Falou. - Mas ele dispensou, e ela que não aceita. 

-Eles se viram! - Rebati. - E 'tá tudo bem, nós não temos nada. Não tenho direito de cobrar.

-Ela cercou ele na saída do CT, ele desceu do carro e a dispensou. - A olhei de soslaio. - Lá tem câmeras não tem? Se for tão doetinha assim da cabeça é só pedir pra ver. 

-Claro que não vou fazer isso. - Murmurei sentindo a bile na minha garganta. 

Não é possível que eu iria vomitar com DUAS cervejas. 

-Então ouça ele. - Ela disse. 

-Tudo bem. - Falei indo em direção ao meu quarto, eu precisava de um banheiro. - Amanhã falo com ele. 

-Não vai dá. - Ela disse. - Matías está no data fifa, lembra? - Arfei. 

O data fifa eram doze dias. 

-Ele já foi? - Perguntei.

-Sim. - Respondeu. - Mas antes ele ficou maluco atrás de você. O coitado bateu aqui pelo menos quatro vezes antes de ir. E te ligou uma duzentas vezes. 

-O celular acabou a bateria. - Murmurei em um fio de voz. - Droga, ele só volta em umas duas semanas irmã. 

-É, ele falou. - Meus olhos arderam e meu estomâgo revirou. 

Foi os segundos exatos de correr até o vaso sanitário do lavabo e ajoelhar, e eu coloquei tudo pra fora. Minha garganta ardia, e meus olhos lacrimajavam. Vanessa segurava meu cabelo pra que eu não me sujasse. 

Abaixei a tampa do vaso completamente sem forças.

-O que você bebeu? - Vanessa perguntou preocupada. 

-Duas cervejas. - Murmurei. 

-Duas? - Perguntou. - E tá mal assim? Me poupe né, sabe que não precisa mentir pra mim.

-Eu juro. - Falei me sentando no vaso fechado. - Eu bebi duas cervejas, comecei a me sentir bebâda e vim embora. 

-Impossível ficar assim com duas cervejas. - Ela falou se agachando na minha frente e puxando a pele em baixo dos meus olhos. - A menos que...vem cá, semana passada você 'tava se sentindo mal né? 

-Sim. - Falei. - O que tem a ver? 

-E passou mal em Porto Alegre. - Afirmou. 

-É... eu não tinha comido direito. - Falei me virando e apertando a descarga do vaso. 

Me levantei e fui até a pia, enxaguando minha boca pra tirar o gosto horrível e jogando água no rosto. Eu me sentia fraca, mas pelo menos a sensação de estar bebâda tinha passado. Vanessa continuava me encarando com os braços cruzados na frente do corpo. 

-Que foi? - Perguntei. 

-Você 'tá grávida. - Não foi uma pergunta, eu ri. 

-Foi você que escolheu meu DIU, tá maluca? - Ela piscou. 

-É verdade. - Falou. - Você tem DIU. 

-Claro que tenho. - Dei as costas pra ela. 

-Então tem algo de errado. Amanhã você vai na Dra. Amanda, vou pedir pra ela colher seu sangue. 

-Não precisa de tudo isso. - Reclamei andando em direção ao meu quarto. 

-Você sabe que não adianta discutir não é? - Bufei. - Aproveita e faz seu exame periódico. 

-'Tá. - Falei exausta. Não adiatava discutir com a Vanessa. 

Tirei minhas roupas e caminhei até o box do banheiro ligando a água, Vanessa continuava parada na porta me olhando em dúvida. 

-Um pouco de privacidade? - Sugeri, ela levantou as mãos e se foi. 

Me recostei no azulejo gelado sentindo lágrimas rolando pelo meu rosto. 

Matías viajou e ficaria quase duas semanas longe, eu agi feito uma idiota, não dei nem a chance dele se explicar. 

Provavelmente ele nem vai querer mais falar comigo, afinal eu terminei com ele noite passada. 

A ânsia voltou, e eu quase não consegui sair do box do banheiro a tempo de chegar na privada. Não tinha mais nada no meu estomâgo além de líquido. 

Vanessa estava certa, tinha alguma coisa de errado comigo. 

Não digo é nada 👀

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Não digo é nada 👀

Por supuesto | Matías RojasOnde histórias criam vida. Descubra agora