Por supuesto | Matías Rojas

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Matías Rojas
São Paulo📍

Estava com os caras na casa do Cássio, eu nem queria ter vindo pra começo de conversa. Mas Luísa insistiu pra que eu viesse, ela queria me enturmar com os novatos do time. Não que eu fosse um veterano.

Eles eram ótimos, e era bom estar ali, mas de alguma maneira, algo dentro de mim, me dizia pra ir embora.

Eu sentia falta da Luísa, e não fazia nem duas horas que eu tinha me despedido.

-Que foi cara? - Romero perguntou me olhando. - Maior cara de bunda.

Revirei os olhos.

Ele nunca falava em espanhol comigo, só pra me implicar.

-Necesito ir. -Falei, sentindo um aperto estranho no peito.

-Do nada?

-'Tá apaixonado em mim? - Perguntei e ele fechou a cara. -Não sai do meu pé, seu mané.

-Pra ofender o português sai direitinho né?

-Luísa no me mandou nenguna mensagem. - Comentei checando o celular. Nada.

-Deixa a mina, você tá sufocando ela.

-Ella está grávida. - Rebati.

-A minha também está, e nem por isso eu fico no pé.

Pensei um pouco, desde que vim pro Corinthians a esposa do Romero estava grávida.

-Este bebé no nasce nunca? - Perguntei.

-Cuida da gravidez da tua mulher que eu cuido da minha. - Eu ri.

-O que os maricas estão fofocando? - Maycon perguntou.

-Esse maluco que fica louco se ficar duas horinhas longe da mulher.

-Muito gado. - Alguém comentou.

-A Luísa laçou o moreno.

-Ah mas é a Luísa né? - Wesley falou. - Até eu ficaria doido pra ir embora.

Silêncio.

Todos me olharam em sincronia.

Com o canto do olho vi um dos tênis de Romero no chão, ele tinha tirado assim que chegou.
Foi tão rápido que ele não conseguiu desviar, o tênis pegou bem no peito dele.

-Meu Gucci! - Romero berrou correndo feito uma gazela até onde o tênis tinha caído.

Wesley com as mãos no peito fingia agonizar enquanto todos os outros riam.

-Ai cara! - Wesley falou. - Foi um comentário com todo respeito a beleza da Luísa.

Arqueei a sobrancelha me colocando de pé e ele espalmou as mãos pra cima.

-Eu aposto cem que o Matías desce o cacete no pirralho.

-Lá ele. - Falei rindo, me ensinaram essa gíria na minha primeira semana de Brasil.

Depois de muito argumentar finalmente consegui sair dali, coloquei uma música qualquer pra tocar enquanto eu dirigia, mas nem isso me fazia ignorar o aperto no meu peito.

Desliguei a música começando a me irritar.

Eu tinha que chegar logo, tomar um banho e me enfiar em baixo das cobertas com a minha mulher.

Estacionei o carro dando uma conferida no carro de Luísa. Tudo dentro da normalidade.

No elevador me senti sufocado, e pulei pra fora como se minha vida dependesse disso.