Carina
— Uau, titia, esse carro é incrível! — Lucca disse, empolgado, enquanto se acomodava no assento de criança no banco de trás.— Eu tenho bom gosto, Lucca? — perguntei, sorrindo para o pequeno.
— Demais! — ele exclamou. — Quantas crianças tem na casa para onde estamos indo?
— Acho que três ou quatro, não tenho certeza — respondi.
— Nossa, muitas crianças! — ele comentou, surpreso.
— Eu também queria ter muitos irmãos quando era criança. Você não pedia irmãos aos seus pais? — questionei, divertindo-me com a curiosidade do garoto.
— Não pedia não. Eu gostava de ter toda a atenção só para mim — Lucca respondeu sinceramente.
— É um bom argumento — concordei, entendendo seu ponto de vista.
— Mas agora eu acho que mudei de ideia — ele disse, pensativo.
— Assim do nada? — perguntei, intrigada com a mudança repentina.
— Bom, o Capitão é quase um irmão para mim, então pensei que poderia ser legal ter um irmão de verdade — ele explicou, fazendo-me sorrir.
— Você está certo, piccolo — elogiei, orgulhosa de sua compreensão.
Naquela manhã, mandei uma mensagem cedo para Meredith, perguntando quando poderíamos conversar. Ela me convidou para ir até sua casa naquele dia. Ela era a pessoa mais próxima ao meu irmão nos seus últimos meses, e eu não poderia fugir dessa conversa para sempre. Estacionei na frente de sua casa, e ela estava na porta nos esperando, junto com as crianças.
— Entrem, entrem — ela nos recebeu com um sorriso caloroso.
— Obrigada por me receber, Meredith — agradeci sinceramente enquanto entrávamos.
— Você é sempre bem-vinda, Carina — ela respondeu, gentilmente. Em seguida, dirigiu-se aos filhos: — Levem o Lucca para brincar com vocês lá no quintal, está bem?
As crianças correram animadamente para o quintal, e nós seguimos para a sala, onde passamos horas conversando sobre Andrea e suas memórias. O ambiente estava impregnado com saudade e emoção, mas também com uma sensação de apoio e compreensão mútua, enquanto compartilhávamos as lembranças.
— Isso me deixa muito feliz, sabia? - falei, enxugando as lágrimas que teimavam em escapar. - Andrea sempre foi muito apegado à minha mãe, e quando ela se foi, ele meio que me perdeu também. Sentia muita culpa.
— Ele sempre falava de você com muito orgulho, com certeza era seu fã número 1 - Meredith disse, sorrindo com ternura.
— Que bom - eu disse, retribuindo o sorriso, grata por aquelas palavras reconfortantes.
— Carina, eu também preciso te entregar umas coisas - ela disse, levantando-se e pegando um envelope sobre o móvel. - São algumas coisas do Andrea que ficaram comigo e eu acho que devem ficar com você - explicou, passando-me o envelope cuidadosamente selado.
Com mãos trêmulas, abri o envelope e, primeiro, encontrei o telefone celular de Andrea com um bilhete escrito atrás, que presumi ser a senha. Em seguida, uma chave e um documento.
— É a chave do apartamento dele e a certidão de óbito - Meredith falou, sua voz carregada de emoção.
— Ele comprou um apartamento? - perguntei, surpresa com a revelação.
— Não... - ela disse, seus olhos tristes encontrando os meus. - Era alugado, mas eu não tive coragem de mexer sem você aqui, então mantive, pagando os aluguéis.
— Meredith, isso é incrível - murmurei, sentindo um misto de gratidão e tristeza pela situação.
— Andrew foi um homem muito bom para mim e para meus filhos. Era o mínimo que eu poderia fazer por ele - ela explicou, sua voz embargada.
Com um nó na garganta, li a certidão de óbito assinada pelo Dr. Hunt, confirmando o fim da jornada de Andrea neste mundo.
— Achei que a Teddy também tinha participado da cirurgia dele - falei, buscando entender os detalhes do acontecido.
— Ela estava no início - Meredith explicou. - Mas teve outra emergência, então Hunt seguiu até o fim.
— Andrea foi cremado? - perguntei, surpresa pela informação na certidão. - Que estranho, ele nunca me disse que era o desejo dele.
— Nunca me disse também - ela respondeu, abalada. - Mas tinha até um papel assinado e tudo.
No caminho de volta da casa de Meredith, observei pelo retrovisor que Lucca me olhava, seus olhos atentos às minhas expressões.
— Você está triste, tia? - ele perguntou, sua preocupação infantil tocando meu coração.
— Só um pouquinho, meu amor - falei, tentando sorrir para tranquilizá-lo.
— Podemos ir à Estação 19 então? - ele sugeriu, pensando em algo que pudesse me animar. - Quando você vê a tia Maya, você fica feliz.
— Você está certo — concordei, agradecendo por sua compreensão.
Estacionei na Estação 19 e, ao entrarmos, Ben foi o primeiro a nos receber, seu olhar surpreso pousando no carro.
— Mas você está podendo, Dra. DeLuca! — ele exclamou, admirado, enquanto nos acompanhava até a entrada.
— Só um brinquedinho novo - brinquei, rindo de sua reação.
— Gente, a Carina veio aqui fazer inveja pra gente - Ben disse enquanto entravamos na cozinha.
— De quem é o Porsche estacionado lá fora? — Maya perguntou, aparecendo na cozinha. - Oi meu bem, que surpresa boa - ela sorriu me dando um selinho assim que me viu
— Viemos fazer uma visita — expliquei, sorrindo ao vê-la. — E o Porsche é meu — acrescentei, vendo seu olhar de espanto.
— Você alugou um Porsche? - ela perguntou, surpresa com minha escolha de veículo.
— Eu comprei um porshe - respondi, me sentindo feliz por compartilhar a novidade com ela.
— Maya, casa com essa mulher hoje mesmo, com comunhão de bens! — Dean brincou, provocando risos na sala.
— Carina, você aceita ser minha sugar mommy? — Vic disse, rindo junto com todos.
— Deixem de ser chatos — Maya respondeu, me abraçando. — Cadê o Lucca?
— Ele está lá no caminhão com o Jack — informei, enquanto ela me dava um selinho, dissipando qualquer melancolia que restasse em meu coração.
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Safe Place - Marina
FanfictionQuando a atriz Carina DeLuca foge do mundo glamoroso de Hollywood após a morte do irmão, ela encontra abrigo nos braços da destemida bombeira Maya Bishop