• Obrigada por não ter ido embora

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Esperava por Andy na porta do prédio de Maya, segurando a pequena folha de papel com o desenho de Lucca nas mãos

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Esperava por Andy na porta do prédio de Maya, segurando a pequena folha de papel com o desenho de Lucca nas mãos. Meu coração estava despedaçado, e a sensação de impotência me consumia.

— Ei - Andy disse, parando o carro na minha frente.

— Oi - falei, entrando no carro com um suspiro pesado - Obrigada por me chamar.

— Você é importante para a Maya, então é importante para mim também - ela disse, com um olhar solidário.

— Minha cabeça está explodindo, não consegui dormir nada no voo, mal comi - falei, esfregando a têmpora - Onde você acha que ela está?

— Bom... É apenas um palpite, mas Jack procurou por ela em todos os lugares possíveis. Temos contato com polícias, hospitais e não tivemos nenhuma notícia. Existe uma casa no lago, onde ela passou praticamente toda a infância - ela explicou.

— Espero que ela esteja lá - murmurei, olhando pela janela com um nó na garganta - Mas por que isso não parece bom?

— Essa casa foi o último lugar onde a Maya esteve com o pai, após ela desistir da carreira de atleta e ele a agrediu lá.

— Meu Deus - falei, chocada - E por que ela voltaria lá?

— Porque é lá que ele mora - ela respondeu, sua voz carregada de preocupação.

Fiquei alguns minutos em silêncio, olhando para a estrada até encontrar a coragem para perguntar o que estava em minha mente.

— Não faz sentido ela querer encontrá-lo - disse, confusa.

— A Maya não faz sentido às vezes - Andy disse com tristeza - Ela foi criada quase num regime militar, e ainda não conseguiu se libertar disso. Se ela está se sentindo fora de controle, ela vai procurar por ele, mesmo que isso a destrua.

— Eu só espero que ela esteja segura - murmurei, sentindo um aperto no peito diante da preocupação pela mulher que amava e pelo garoto que agora também considerava meu filho.

Dirigimos por cerca de uma hora até Andy estacionar em frente a uma pequena casa à beira de um lago.

— Não lembrava que este lugar era tão bonito - ela falou, observando a paisagem.

Um latido veio de dentro da casa, e logo Capitão correu até nós.

— Ah, meu amor - falei, pegando-o no colo - Nos encontramos você e sua mãe. Nos encontramos - abracei-o, aliviada por vê-lo bem.

— Acho que Lane não está aqui - Andy disse, olhando ao redor.

Entramos na casa devagar e chamei por Maya.

— Maya?? Maya???

Capitão correu na nossa frente até o quarto dos fundos, e eu soube que ela estava lá.

— Vou deixar você falar com ela sozinha - Andy disse, parando no corredor.

— Maya? - falei, entrando no quarto devagar.

Ela estava deitada na cama, encolhida no meio enquanto abraçava o travesseiro. Seus olhos estavam fixos na parede e não desviaram para mim um segundo sequer.

— Meu amor - disse, sentando na beira da cama - Eu estou aqui - acariciei seus braços - Ei, bella - falei, tentando chamar sua atenção.

Ela me olhou lentamente.

— Carina? - ela falou, sua voz estava tão fraca que quase não saiu.

— Eu estou aqui, bambina, eu estou aqui. Eu vim cuidar de você - falei, beijando seus braços.

— Levaram ele da gente - ela disse, chorando - Ele queria ser o nosso filho.

— Eu sei, eu sei - falei, sentindo meu próprio coração se apertar - Mas ele vai ser, nós vamos recuperá-lo.

Deitei meu corpo sobre o dela, abraçando-a com firmeza.

— Obrigada por não ter ido embora também - ela falou, com a voz embargada pelas lágrimas.

— Eu não vou nunca - sussurrei, beijando sua testa - Vamos embora para casa?

— Vamos - ela falou, tentando se sentar na cama.

Quando ela colocou os pés no chão, fez uma careta de dor.

— Você está machucada? - perguntei, preocupada.

— Meus pés estão doendo muito, e minhas pernas - ela disse, suavemente.

— Eu vou te ajudar - falei, decidida.

— Carina - ela me olhou, confusa - Como você chegou aqui tão rápido?

— Eu vim de avião particular - expliquei, acariciando seu rosto.

— Carina!!! - ela exclamou, surpresa - Isso deve ter custado uma fortuna.

— Não se preocupe - falei, segurando seu rosto com as mãos - Não faz diferença para mim.

— Certeza? - ela perguntou, ainda incrédula.

— Absoluta - respondi, olhando-a nos olhos.

— Foi a Andy que te trouxe aqui, não é? - ela questionou.

— Sim - confirmei - Vou chamá-la para irmos ao carro.

Fui até o corredor e chamei Andy, que veio para o quarto com um sorriso aliviado ao ver Maya.

— Não acredito que você lembra desse lugar - Maya sorriu fraco - E está aqui me resgatando de novo.

— Essas coisas precisam deixar de ser comuns - Andy disse.

— Prometo não dar trabalho mais - Maya falou, com um olhar agradecido.

— Porque eu não acredito nessa promessa? - falei, sorrindo de volta para ela.

— Você está totalmente certa, Carina - Andy concordou.

Nós ajudamos Maya a caminhar até o carro, onde ela deitou no banco de trás com Capitão em seu colo. Estendi-lhe uma garrafa de água.

— Bebe - pedi, preocupada - Você precisa se hidratar.

— Eu já bebi água demais - ela falou, acariciando a cabeça de Capitão - É a única coisa que tinha nessa casa, junto com alguns pacotes de tiras de carne, mas eu dei para o Capitão comer.

— Como você chegou aqui? - Andy perguntou, curiosa.

— Caminhando - ela respondeu, com um sorriso fraco.

— Maya!!! - briguei com ela, preocupada - São muitos quilômetros.

Ela apenas deu de ombros, como se sua determinação tivesse superado qualquer desconforto físico que ela pudesse estar sentindo. Saber que ela caminhou tanto apenas para buscar um pouco de controle sobre a situação me deixou ainda mais preocupada.

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