• Fibrilação

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Addison, Amélia, Jô e Arizona estavam reunidas em meu quarto, todas nós envolvidas nos exames da Maya e do Emmet, tentando entender o que tinha acontecido.

- Gente - Addison falou, olhando para todas nós - Tem uma coisa que não bate.

- O que? - perguntei, tentando entender a preocupação em seu rosto.

- Pelo DNA dos dois, eles são irmãos do mesmo pai e da mesma mãe. Mas pela data de nascimento do Emmet, não teria como a mãe da Maya ter tido outra gravidez - ela explicou, sua expressão carregada de perplexidade.

- Mas se ele foi adotado, as datas não são exatamente certas, né? - Amélia falou, tentando encontrar uma explicação lógica para a situação.

- Na maioria dos casos, sim. Por exemplo, no meu caso, eu só fui registrada dois anos depois que nasci - Jô acrescentou, compartilhando sua experiência.

- Sim, mas aí são registros tardios, o que não é o caso deles - ponderou Addison.

- Na verdade, pode ser exatamente o caso deles se eles forem gêmeos - sugeriu Arizona, fazendo todas nós considerarmos a possibilidade.

- Pera aí, além da Maya ganhar um irmão do nada, é ainda um irmão gêmeo??? Ela vai literalmente surtar - comentei, tentando processar a informação.

- E Cá - Amélia falou, olhando-me séria - Você sabe que ela precisa saber disso antes do transplante, não é?

- Eu sei - respondi, sentindo o peso da situação. - Mas acho que vou conversar com Emmet antes... Pior é que nem tenho intimidade com ele.

- Sério? - Jô perguntou, surpresa. - Ele ficou próximo do Andrey nos últimos meses.

- Ficou? - indaguei, estranhando o fato de ele nunca ter mencionado isso para mim.

Logo, as outras foram chamadas pelo pager e eu fiquei sozinha. Naquele momento, decidi enviar uma mensagem para Travis.

- Tá tudo bem? Com você e com a Maya? - ele perguntou assim que atendeu

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- Tá tudo bem? Com você e com a Maya? - ele perguntou assim que atendeu.

- Não é nada com a gente - falei, minha voz carregada de preocupação. - Na verdade é... Mas não sei como falar sobre isso - respirei fundo, tentando reunir coragem.

- Carina, você tá me assustando - ele falou, sua voz soando preocupada do outro lado da linha.

- Você sabe se o Emmet é adotado pelos Dixons? - perguntei, indo direto ao ponto.

- Sim - ele disse, hesitante. - Como você sabe disso? Ele nunca fala pra ninguém, inclusive descobriu recentemente.

- Travis - falei, minha voz vacilante - ele foi o único compatível com a Maya para doar o rim.

- Isso é bom não é? - ele perguntou.

- Ele é compatível porque eles são irmãos.

Ficou silêncio por alguns minutos na linha até que ele voltou a falar.

- É brincadeira, não é?

- Não, é sério - respondi, minha voz firme apesar da gravidade da situação.

- Caralho - ele falou, sua voz carregada de choque. - Você sabe que eles vão surtar, né?

- Nem sei como falar isso para a Maya - confessei, sentindo-me perdida.

- Carina, eu não sei se posso te ajudar em relação à Maya, mas com o Emmet eu posso falar.

- Seria ótimo - eu disse, agradecida. - Quanto antes, melhor.

- Assim que acabar o plantão, nós vamos aí.

Assim que encerrei a ligação com Travis, a porta se abriu e Teddy apareceu, seu rosto iluminado por um sorriso.

- A Maya está acordada - ela falou.

- Que notícia boa! - exclamei, aliviada. - Mas ela está bem? Está consciente? Com alguma dor?

- Vamos com calma - Teddy disse, ajudando-me a ir para a cadeira de rodas. - Ela está estável, mas está com dor, irritada e confusa com algumas coisas.

- Confusa? - perguntei, preocupada. - Ela perdeu a memória?

- A primeira coisa que ela perguntou foi de você, acho que isso responde à sua pergunta, né? - Teddy explicou, dando-me um olhar significativo.

Assenti aliviada enquanto nos dirigíamos até a UTI. Teddy abriu a porta para mim, e eu entrei com os olhos fixos no teto, o maxilar tenso em uma expressão de irritação. No entanto, um sorriso involuntário surgiu em meus lábios ao ver Maya ali, exibindo seu jeitinho peculiar mesmo em meio à dor.

- Bella... - falei, guiando a cadeira de rodas até ela.

- Carina - ela respondeu com a voz rouca, tentando esticar a mão até mim.

Aproximei-me, segurando sua mão e beijando cada um de seus dedos.

- Você não imagina o quão aliviada estou em vê-la bem - disse, meu coração transbordando de emoção.

- Não exatamente bem, né? - ela tentou brincar, mas uma careta de dor atravessou seu rosto.

- Não se esforça, não se esforça - pedi, acariciando seu rosto com ternura.

- Não acredito que você está de cadeira de rodas e não fui eu que te deixei assim - ela brincou, tentando manter o bom humor mesmo naquela situação.

- Maya!! - ri, mas logo minha expressão se tornou séria. - Você não tem jeito mesmo.

- Eu quero sair daqui - ela falou, sua voz soando fraca e cansada.

- Você não vai ser uma paciente difícil dessa vez, não é? - perguntei, minha voz transbordando de preocupação. - Eu quase morri pensando que iria te perder.

- Vou tentar não ser - ela disse, forçando um sorriso fraco, mas em seguida fechou os olhos, como se estivesse exausta.

- Maya? - chamei, preocupada, mas ela não respondeu.

De repente, o monitor cardíaco ao lado da cama dela começou a emitir um som estridente, indicando uma fibrilação ventricular iminente.

- Teddy!! Teddy! - chamei desesperada, vendo a expressão de preocupação de Teddy.

- Pra trás, Carina, pra trás - Teddy ordenou, afastando-me enquanto a equipe de emergência entrava na sala.

- DESFIBRILADOR - Teddy gritou, e a enfermeira rapidamente preparou a máquina.

Eu apertava a mão contra a boca, sentindo as lágrimas escorrerem enquanto observava a cena aterrorizada.

- AFASTA! - Teddy gritou, e um forte pulso elétrico percorreu o corpo de Maya, fazendo-a saltar na cama. O monitor cardíaco, antes frenético, começou a exibir um ritmo cardíaco regular.

- Grazie mio Dio, grazie - agradeci baixinho, sentindo um misto de alívio e gratidão.

- Levem ela e façam um ECG agora! - Teddy ordenou à equipe.

- Tava tudo bem - falei para Teddy, tentando entender o que acabara de acontecer.

- Maya sofreu um grande trauma, Carina, você sabe que podem existir muitas complicações - Teddy falou, exausta pela intensidade do momento.

- Ela precisa ficar bem - falei, minha voz embargada pelas lágrimas. - Como eu vou contar a ela sobre Emmet ser o seu irmão desse jeito?

- O que?? - a voz baixa e fraca de Maya chegou até mim, seu olhar confuso buscando respostas.

Safe Place - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora