• A gente se encontrou

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Maya

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Maya

— Maya? O que aconteceu? - Carina perguntou, olhando para mim.

— Não é nada - respondi, bloqueando o celular.

Meu coração batia acelerado, e eu sentia minha boca seca. Como ele ainda conseguia mexer comigo dessa maneira?

— Maya - Carina segurou minha mão - Sou eu, a Carina, sua noiva, lembra? Sei que você não está bem; você está tremendo - ela atraiu minha atenção.

— Meu pai me mandou uma mensagem - falei, ainda sem olhar para ela.

— Deixa eu ver - ela pegou meu celular, lendo - Bambina - ela segurou meu queixo, obrigando-me a olhar para ela - não fica assim.

— Chega a ser ridículo eu ficar abalada assim depois de tudo que ele fez - disse, sentindo as lágrimas escorrerem dos meus olhos - Mas eu passei a maior parte da minha vida vendo ele como um herói, vivia para agradar ele, e ainda é difícil se desvencilhar disso.

— Eu sei que é, meu amor - ela me abraçou.

— Esse dia que ele falou foi um dos piores da minha vida... - falei, respirando fundo - Acho que só perde para o dia que eu achei que você estava morta.

Flashback on'
(aviso gatilho; agressão, homofobia)

— Você vai ficar me devendo uma agora - falei, olhando para Louise na chamada de vídeo.

Louise era minha colega da academia de bombeiros; ela teve dificuldade na última prova, e eu a ajudei a passar. E claro que havia segundas intenções nisso.

— Eu posso pensar em mil formas de pagar essa dívida, Bishop - ela falou, mordendo os lábios.

— Pode me dar um spoiler? - pedi.

— Prefiro mostrar pessoalmente - ela falou.

— Se envolver nós duas com a boca colada e sem roupas, considere a dívida paga - falei.

— Maya Bishop - meu pai apareceu à porta do quarto, e eu congelei.

Desliguei a ligação rapidamente e olhei desesperada para ele.

— Pai, eu posso explicar - falei.

— Explicar? - ele disse com o rosto vermelho de raiva - Que você virou uma vagabunda promíscua?

— Não, pai - falei, sentindo os olhos cheios de lágrimas.

— Levanta! - ele falou, chegando perto da minha cama - Levanta agora e vai embora da minha casa.

— Pai! - implorei.

— Eu estou mandando - ele puxou meus cabelos com força, me levantando.

— Pai, isso está doendo.

— Dor? - ele riu, apertando meus braços com força - Dor é o que eu estou sentindo ao ver todos os meus esforços para criar uma filha digna indo para o lixo.

— Eu sou digna! - falei - Gostar de mulheres não me faz menos digna.

— Você é nojenta - ele falou, e eu senti o ardor no meu rosto com o tapa que havia recebido - Sai da minha casa agora.

Só tive tempo de pegar meu celular e sair do jeito que estava em direção à rua. Corri por alguns minutos sem olhar para trás até me deparar com a estrada de terra vazia e escura da casa do lago. Eu chorava sem parar e sentia meu corpo todo tremer. Peguei meu celular e disquei o número de Andy, que atendeu rapidamente.

— Oi, Maya - ela falou.

— Vem me buscar, por favor - pedi, chorando baixinho.

Flashback off'

Carina

Maya estava grudada em mim durante todo o caminho para o hotel, ainda sentia o seu corpo tremer levemente, e eu apertava ela contra mim. Eu sabia como era ter problemas com o pai, mas a minha relação com o meu nunca havia ultrapassado os limites que a Maya ultrapassou com o dela.

— Pode parar na conveniência do posto, por favor? - ela pediu baixinho para o motorista.

— O que você precisa, bambina? - perguntei.

— Chocolate - ela disse com um sorriso fraco.

O motorista parou no posto, e nós descemos de mãos dadas para a loja de conveniência, onde Maya pegou diversos chocolates diferentes. Voltamos ao carro, e eu a parei no caminho dando um beijo nela.

— Eu te amo - falei.

— Também te amo - ela sorriu.

Logo chegamos no hotel, e comecei a encher a banheira enquanto Maya tirava a roupa que estava.

— Vem tomar um banho quentinho comigo - segurei ela pela mão.

Nós entramos na banheira, e ela ficou deitada entre minhas pernas.

— Obrigada por estar sempre aqui - ela falou, beijando minha mão.

— Sei que nós não tivemos as famílias mais felizes do mundo, mas agora a gente se encontrou - falei. - E temos uma a outra e a família que estamos formando.

— Agradeço todos os dias por isso - ela disse. - Sinto que finalmente encontrei o meu porto seguro.

Eu sorri, sentindo meus olhos arderem pelas lágrimas, e dei um beijo nela.

Eu sorri, sentindo meus olhos arderem pelas lágrimas, e dei um beijo nela

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