• Tempestade num copo d'água

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Carina

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Carina

Enquanto íamos para o restaurante que eu adorava, deslizei pelo Twitter e me deparei com o post de Travis.

Enquanto íamos para o restaurante que eu adorava, deslizei pelo Twitter e me deparei com o post de Travis

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— Você vai participar do programa? - perguntei, olhando diretamente para Maya.

— Sim, vou - ela respondeu com um sorriso leve.

— E você contou para todos antes de me falar? - questionei, sem entender.

— Eu não disse para todos, amor - ela tentou esclarecer. - Travis veio falar comigo, e eu falei que aceitaria. Não achei que fosse algo que precisava ser mantido em segredo.

— Parece que todo o Twitter sabe antes de mim - comentei, meu olhar permanecendo na tela do celular.

— Você está realmente chateada com isso? - ela perguntou, seu sorriso indicando que estava tentando amenizar a situação. - Travis me fez a pergunta, e eu respondi. Se você tivesse perguntado, eu também teria respondido. Não tinha ideia de que ele postaria no Twitter.

— Eu só achei que decidiríamos isso juntas, e que eu seria a primeira a saber - expliquei, deixando escapar minha decepção.

— Tudo bem, me desculpa então? - ela pediu, segurando minha mão.

— Tudo bem - concordei, mas a chateação ainda persistia.

O restante do trajeto para o restaurante se desenrolou em silêncio. Ao chegarmos, tirei algumas fotos com os fãs antes de nos dirigirmos para a nossa mesa, em uma área mais reservada.

— Vai continuar assim? - ela perguntou, seus olhos buscando os meus.

— Estou bem, Maya, só estou decidindo o que pedir - respondi, mas minha frustração ainda pairava.

— Me chamou de Maya, já sei que não está normal - brincou, tentando aliviar o clima. - Já pedi desculpas.

— Pediu apenas por pedir.

— O que quer que eu faça então? - perguntou.

— Nada. Eu criei expectativas sobre esse momento e acabei me frustrando - expliquei, sentindo-me desconfortável.

— Minha vida - ela olhou para mim com carinho. - Eu realmente não pensei que você ficaria chateada com isso. Não imaginei que fosse tão importante para você. Já pedi desculpas, não quero brigar.

— Não estamos brigando - assegurei, ficando irritada.

— Está bem, Carina - ela respirou fundo e soltou minha mão. - Se você quer ficar nesse clima, tudo bem. Não vou insistir mais.

O almoço transcorreu em um silêncio desconfortável, e quando o garçom trouxe a conta, Maya a pegou da mão dele, fazendo o pagamento sem que eu conseguisse ver o valor. Poderia estar fazendo uma tempestade em um copo d'água? Talvez. No entanto, minha chateação era real. Passei o dia todo considerando as diferentes formas de tornar esse convite mais confortável para ela, e ela simplesmente tomou a decisão sem sequer discutir comigo, como se minha opinião não importasse.

— Eu também não quero brigar - comentei baixinho assim que entramos no carro. - Só fiquei chateada porque achei que isso fosse uma decisão nossa.

— Entendi que você ficou chateada, pedi desculpas e você simplesmente me ignorou - ela respondeu com seriedade. - Como se eu tivesse feito algo de propósito.

— Eu precisava de um tempo - expliquei.

— Bem, teve o seu tempo, e agora tivemos um almoço péssimo - ela comentou, colocando os AirPods nos ouvidos e concentrando-se no celular.

Fechei os olhos, respirando fundo, e encostei a cabeça no banco. Como o dia que começou com carinho e provocações havia se transformado nisso? A incerteza pairava entre nós, e o desconforto persistia.

 Como o dia que começou com carinho e provocações havia se transformado nisso? A incerteza pairava entre nós, e o desconforto persistia

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Maya

A irritação dominava meu humor agora.  Eu me esforçava em todos os sentidos para ver aquela mulher feliz, centrava meu mundo ao redor dela, e uma pequena coisa, que eu fiz  sem a mínima intenção de de magoar ela, se tornou o motivo pra eu ser completamente ignorada durante nosso almoço. Eu entendia o ponto de vista dela e já havia pedido desculpas; o que mais eu poderia fazer? Voltar no tempo e desfazer o ocorrido não era uma opção.

Chegamos ao hotel, e ela foi na minha frente em direção ao elevador. Ao entrarmos, percebi que ela me olhava pelo espelho.

— Você quer falar com a Lia ou eu falo? - Carina perguntou.

— Acho péssima ideia entrarmos nesse assunto agora - respondi.

Bella... - ela segurou minha mão.

— Agora eu sou "bella" - ri irônica.

— Estava frustrada, bambina, já passou - ela disse. - Você também já teve seus momentos.

— Sim, e você teve o seu direito de não gostar também - falei, e ela ficou calada.

No quarto, ela se deitou na cama enquanto eu mexia no celular, sentada no sofá.

— A Maria mandou uma foto linda do capitão - ela disse sorrindo.

— Para mim também - falei sem tirar os olhos da tela.

— Maya! - ela se levantou, atraindo minha atenção. - Não podemos ficar assim. Se queremos nos casar e formar nossa própria família, precisamos aprender a conversar e resolver nossos problemas.

Safe Place - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora