• The Only Exception

1.4K 116 20
                                    

(não me odeiem)

Carina

Estava deitada sobre o abdômen da Maya, captando cada respiração ofegante e observando com fascínio seu peito subir e descer num compasso acelerado.

— Uau - ela soltou, sua expressão refletindo a exaustão e a euforia.

— Isso foi além das expectativas, intensamente incrível - falei olhando ela

— Vou acabar me acostumando e só desejando transar em jatinhos luxuosos daqui para frente - ela brincou, e não pude conter o riso, curvando-me para beijá-la.

Ovunque tu voglia, amore mio - sussurrei.

— E eu entendi o "meu amor" - ela disse, retribuindo o beijo com paixão.

— Não está sentindo dor, né? - inquiri, interrompendo o beijo com selinhos. - Não era para irmos tão intensamente.

— Nenhuma dor se compara a não ter você - confessou ela, ficando em silêncio por alguns segundos. - Nossa, isso foi extremamente brega.

— Foi lindo, bambina, lindo - respondi entre risos.

Reclinei-me novamente em seu colo, desenhando espirais imaginários em sua barriga enquanto ela me proporcionava um cafuné delicioso. O sono quase me envolvia quando ouvi sua voz suave entoando uma melodia.

"And I've always lived like this
Keeping a comfortable distance
And up until now I had sworn to myself that, I'm content with loneliness because none of it was ever worth the risk. Well, you are the only exception"

Sorri discretamente, absorvendo as letras da música, meu coração aquecendo ao ver Maya entregando-se tão profundamente. Desejava, a cada dia, mostrar-lhe que o amor era uma experiência sublime, algo que ela merecia sentir incessantemente.

Despertei sob lambidas suaves na orelha, imerso no aroma reconfortante do shampoo da Maya entrelaçado à fragrância de perfume do capitão.

— Ei, criança - a voz de Maya soou baixinha. - Deixa ela dormir, ou teremos uma conversa séria.

— Ele adora acordar a mamãe assim - comentei, abraçando o cachorro. - Dormi por muito tempo? - indaguei.

— Umas duas horas - ela respondeu, seu tom carregado de ternura. - Vamos fazer uma parada para abastecer daqui a 4 horas.

— E você, dormiu? - perguntei.

— Nadinha - ela sorriu. - Fiquei observando você dormir por um tempo e depois vim checar a rota do avião e ficar um pouco com o capitão.

— Ansiosa demais, né? - brinquei. - Estou faminta, aliás.

— Quando pararmos para abastecer, vamos ter tempo para comer? - ela perguntou.

— Podemos comer aqui, bella - sorri diante de sua doçura, dirigindo-me ao frigobar. - Lasanha ou escondidinho?

— Como não é a lasanha da minha mulher, prefiro escondidinho - ela respondeu.

— Perfeito - falei. - Iria detestar se quisesse uma lasanha congelada.

Enquanto esquentava a comida, Maya compartilhava detalhes da velocidade e altitude do avião, enriquecendo a conversa com histórias de todos os lugares que já havíamos sobrevoado.

— Nossa - ela comentou. - Você deve estar cansada de ver tudo isso, e eu aqui tagarelando igual uma boba.

— Maya - suspirei, olhando-a com afeto. - Posso ter vivido todas as experiências do mundo, mas nenhuma se compara a vê-las através dos seus olhos.

— Uau - ela respondeu, o rosto corando instantaneamente. - Você sempre tem uma maneira de me deixar sem palavras.

Aproximei-me dela, segurando sua mão e depositando beijos suaves em seus dedos.

— Às vezes, os olhos falam mais do que as palavras - eu sorri

Maya

Era indescritível o quanto eu amava aquela italiana. Por anos, me resguardei do amor, construindo muralhas ao redor do meu coração, até que essa mulher chegou e as derrubou, quebrando todas as barreiras de uma forma que me assustava.

— O que está pensando? - ela perguntou, levando uma garfada de escondidinho à boca.

— O quão sortudo eu sou - falei, sorrindo para ela. - Pelo primeiro amor da minha vida ser você.

— Estamos românticos hoje, não é? - ela brincou. - Então posso dizer que sou sortuda por amar uma mulher corajosa que deu a vida dela por mim.

— Daria outras vezes - falei, sorrindo.

— Não só a vida, né? - ela brincou me provocando.

— Olha aí! - comentei. - Depois você diz que sou eu que quebro o clima romântico.

— É a convivência - ela riu.

— Com certeza é - brinquei também.

Me movi desconfortavelmente na poltrona, tentando aliviar o incômodo no quadril, o que não passou despercebido por Carina.

— Assim que terminar de comer, vamos deitar - ela falou. - Você precisa descansar, e prometi à Callie que ficaria de olho na sua recuperação e não deixaria você ultrapassar os limites.

— Para essa enfermeira, faço tudo - falei.

Com as luzes novamente apagadas e o frescor do ar condicionado, nos deitamos enquanto ela procurava um filme na TV.

— Quero que assista a um filme - ela disse.

— Seu? - perguntei.

— Aham - ela confirmou. - Não sou muito fã de mim nesse filme, não foi a melhor atuação, mas acho a história muito interessante.

— Já sei que vou me apaixonar por você mesmo - falei.

— Porque você é, como o Lucca dizia mesmo? - ela falou, pensativa. - Uma cadelinha.

— Infelizmente, sou totalmente sua - ri. - Que saudade do Lucca.

— Ele vai adorar andar de jatinho - Carina falou.

— Ele vai pirar - sorri, com saudades do garoto. - É obcecado por aviões.

— Então, temos que nos preparar para fazer muitas viagens com ele - ela falou.

Safe Place - Marina Onde histórias criam vida. Descubra agora